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ALGUNS EPISÓDIOS DA CAMPANHA ELEITORAL

Por admin

“Do mesmo modo a língua, pequeno órgão do corpo, no entanto se vangloria de grandes realizações. Vede como um bosque imenso pode ser incendiado apenas por uma fagulha”. Tiago 3:5

A festa estava ao rubro. Os cicerones maioritariamente fidedignos “chupa-caldos”, alardeavam, endeusadamente os feitos dos seus “mandantes”, mesmo sem garantia comprovada do que prometiam fazer se porventura viessem a ser preferidos pelos eleitores. Tudo valia para a conquista “do teu Voto Conta!”. Estamos na sede do Distrito de Panda, (não confundir com Pande que é um dos Postosadministrativos do Distrito de Govuroe em embora todos vizinhos na mesma Província de Inhambane). O pequeno grupo, (melhor dito o Quinteto), composto por quatro mulheres liderados por um homem, que mais pareciam todas ser consortes do mesmo macho, deslocavam-se sem pressas. Munidos de um megafone e usando como meio de comunicação a Língua local (Xitswa), buscavam convencer à viva força quem se disponibilizasse a escutar a sua (deles) mensagem. Ledo e desinibido, notava-se que o homem, devia ser entre autoridade tradicional, curandeiro ou líder religioso, pois revelava ser exímio não só no manejo desse pequeno músculo situado na boca e que leva o nome de Língua, mas e sobretudo no ajuntamento de palavras até formar um discurso. Via-se que estava habituado a lidar com as massas, pois espumava-se e, dotado de uma voz tonitruante que poderia dispensar o megafone, lançava a sua mensagem sem meter nenhuma palavra na língua de Camões. Devido a escassez de audiência, o grupo quando lograva encontrar algumas “vítimas”, descarregava toda a sua peçonhenta falácia incontrovertivelmente e sem medir ou pensar primeiro no que iria dizer, como uma vez disse Augusto Jorge Cury, psiquiatra, psicoterapeuta, escritor e cientista brasileiro."Quem vence sem risco triunfa sem glória!". Esta, como dizíamos, andou durante toda a Campanha, nos “Whatsapp” e noutras Redes de Comunicação Sócia: “Meu irmão, minha irmã, vote no DLAKAMA, porque ele (Dlakama), promete construir duas grandes Avenidas, (ma Vinida mambirhi) que ligarão Cabo Delgado a Maputo, passando uma pela via marítima, (henhla ka lwandhle), e outra sairá de Maputo furando o Pais pelo mato até Niassa. Ele (Dlakama), promete também construir uma linha férrea que sairá de Maputo até Niassa usando Energia, (nzilo wa magezi).  Tu que achas que a FRELIMO é te útil, continue apostando nela (FRELIMO), mas se achas que já não te serve, então, Vote na RENAMO. Repito, Vote na FRELIMOOO! Aliás, vote na RENAMO!”. E nós nos perguntamos, será distracção ou propositada aquela gralha!? Ainda num dos Bairros da Cidade da Terra da Boa Gente. Mãe e um filhinho de quatro anos estavam sentados à sombra duma frondosa mafureira e ao lado da sua pobre choupana, ela preparando algo para “matar a fome”, quando do nada surge um grupelho de “PERDIGUEIROS” e sem mais nem porquê o grupo, toca a molestar a pobre senhora tentando convencê-la a aceitar um panfleto com uma daquelas antigas fotografias do “Perdigueiro-môr”  e cantarolando um: “Vota Dlakama, Vota!”. De repente o menino interrompe o grupo e diz: “Não é assim, como eu e mama costumamos cantar. Nos cantamos assim: “Eu confio em ti, Nyusi”. Foi quando o grupo reparou que a camponesa trajava uma capulana, um lenço e uma camiseta do Batuque e maçaroca. Como chacais, os componentes do grupo meteram as suas caudas entre as patas traseiras e desapareceram envergonhados no horizonte. Coisas da Campanha!

Kandiyane Wa Matuva Kandiya
nyangatane@gmail.com

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