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A Renamo e a Sociedade Civil

Por admin

Primeiro de tudo, não foi devido a sociedade civil que a Renamo foi perdendo terreno desde o primeiro escrutínio democrático em Moçambique. Nem é devido a sociedade civil que o eleitorado 

 

da Renamo se vem diluindo eleição pós eleição. Na verdade o que torna a Renamo impopular, como partido político, é a sua indefinicao como partido vocacionado à democracia, ou um partido fundando para a desestabilização política e militar de Moçambique.

É pela paz ou pela guerra. Esta é a matriz da qual a Renamo é incapaz de se desfazer por incapacidade dos seus líderes corruptos, e que vem permitindo que sectores moderados e evoluidos tenham um distanciamento cada vez mais acentuado do partido de Dhlakama.

A Renamo recebeu milhões de fundos do orçamento do Estado moçambicano para se tranformar em partido político, conforme confirmou recentemente um dirigente da organização. Para onde foi esse dinheiro? A resposta a dar talvez esteja no estômago sempre mais dilatado de Dhlakama.

A insistência da Renamo na revogação da lei eleitoral já aprovada no parlamento e promulgada pelo Presidente da República, na qual defende a paridade dos partidos com representação parlamentar, em detrimento da sociedade civil no órgão de gestão das eleições, Comissão Nacional de Eleições, ecoa com infundado receio num processo democrático até aqui limpo e transparente. Ao exigir a revogação de uma lei como condição sine quo non para a participação no plebiscito eleitoral, a Renamo rompe com uma comunidade que julga orbitrar junto do poder político e do estado. No fundo esta atitude de manifesta desconfiança na sociedade civil é o reconhecimento de fragilidade e falta de adesão do eleitorado urbano na Renamo.

Como análise final, conclui-se que o mensageiro torna incipiente  o discurso incompatibilizando-o ao consenso generalizado de paz cristalizado na sociedade, e que moçambicanos pretendem preservar a todo custo.

 

Não se pode exigir a despartidarização da sociedade civil da sua utopia equidistante ou transformá-la em instrumento de desconfianca política. Não se pode negar que o partido Frelimo é um partido no poder e esse estatuto permitiu-lhe solidificar alianças naturais com quase todos sectores progressitas da sociedade. Mas conforme enfatizou o presidente Armando Guebuza  ‘o cidadão, porque militante do partido Frelimo, não deixa de ser um membro da sociedade civil, o mesmo sucedendo a membros do MDM ou Renamo.’

 

E por falar em sociedade e direitos políticos do cidadão, o que a Renamo solidificou para além dos seus anticorpos naturais? No fundo a Renamo teme os fantasmas por ele transmutados para a política, que se recusam ver a política como uma democracia de cidadania e não como entrave. Não será a Renamo a condicionar o papel da sociedade civil mas a sociedade civil, como um todo, a determinar as mudancas tangíveis necessárias no contexto sociopolítico e económico.

Sendo verdade que o capital político adquirido da sociedade civil não pode ser subestimado, também não deve ser temida; ultimamente tem surgido actores frustrados e vida ociosa na média da urbe, a bater palmas a essa premissa da Renamo, por até aqui funcionarem como porta-vozes de espaços ocos existentes, quer na Renamo, quer na MDM.

 

Na sociedade nada é estático e o partido Frelimo após vários pleitos eleitorais cristalizou a sua ascensão como partido do povo moçambicano; compete a Renamo buscar o seu espaço, dizer quem é e a quem representa, contudo não pode tentar desvirtuar o processo democrático. A Renamo, no seu funcionamento interno, pode asfixiar os seus militantes como modelos arcaicos de liderança, mas nem sequer tentar impor a despartidarização nem a desideologizacao da sociedade por essa ser a natureza dos seus actores. A ausência da democracia interna no interior da Renamo, permitiu a organização, ao longo de anos, locomover-se e com ele os instintos quase primitivos a soldo de quem pagasse mais.

 A ideia implícita que homens e mulheres apenas por serem casados com alguém que seja membro de um partido político ou ter familiares num partido sejam do mesmo partido, é a recusa de que somos todos seres sociais. Esse é vínculo político indissolúvel que a Renamo,  de forma esquizofrénica,  pretende  intransponível ao não acreditar na democracia do cidadão e, por conveniência, considerar que na actual conjuntura há demasiadas vozes descontentes  na media que interessa compensar nos seus intentos de desestabilizar Mocambique.

 

Na verdade a Renamo ao querer obter a força, o que não pode de forma democrática,  força a tónica de vitimização no sistema, partindo do pressuposto de que  a sociedade civil actual é produto dos vícios do estado, a quem acusa de partidarizado; vícios que, ao que parece, a Renamo abraçou  como um mero exercício entre mexericos de sobrevivência económica.

Anímica e politicamente  derrotada, resta à Renamo paradoxalmente tentar apelar ao retorno do AGP plasmado na Constituição da República de Moçambique.

Trata-se de um acto de desespero, pois nem os próprios acreditam em milagres; efectivamente não existem milagres de desestabilização política e militar capazes de redundar em mais-valia. Moçambique está no caminho certo. O partido Frelimo venceu em toda linha e o executivo é dono e patrão do destino de Moçambique.

Afinal o actual braço de ferro existente na Renamo é o que resta do ressabiado  Dhlakama; ou melhor,.. 20 anos depois do AGP parece existir uma necessidade de redimensionar o papel da Renamo à luz dos proventos económicos obtidos da gestão de negócios de estado do executivo de

Armando Guebuza.

 

 

Moçambique Rumo ao Progresso

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