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A oposição em Moçambique

Por admin

Sou moçambicano e vivo na Espanha. Tenho acompanhado com interesse o

debate político do meu País. 

Tenho sobretudo acompanhado o trabalho
dos partidos políticos. Sou das pessoas que pensa que o partido FRELIMO deveria ter uma oposição forte, como forma de a obrigar a cumprir com mais afinco o seu projecto de desenvolvimento. Coloco os termos no sentido de que este partido não deve, neste momento, abandonar o poder. No entanto, carece de ver fiscalizado o seu projecto político e monitorada a sua acção. Ou seja, deve ser pressionado, deve ser obrigado a cumprir com os ditames de uma democracia. E isso, faz-se, para além de uma sociedade civil forte, com uma oposição capaz e comprometida com o desenvolvimento do País.
Fiquei preocupado quando comecei a perceber o descalabro e os
desacertos da Renamo, ao mesmo tempo que nascia em mim uma réstiade
esperança quando de tal desorientação nasceu um outro partido: o MDM.
Este movimento,  capturou desde cedo a minha audiência e passei a
olhar para ele como a oposição que faria realmente, passe a repetição, oposição a FRELIMO. Sonho cedo esmagado, isto porque, o MDM, parece-me, à par da Renamo, desprovido de um projecto de governação.

Tal como a Renamo, interessa apenas a este partido a conquista do voto e somente isso. Tenho factos que sustentam a minha opinião: quando o Presidente deste movimento político, Daviz Simango, concorreu para as autarquias, cimentou-se em mim – e nos demais – a ideia de que este tinha finalmente compreendido em que sentido deveria prestar o seu contributo para conquistar o coração dos moçambicanos sem manobras de entretenimento, mas sim como obra realizada na prossecução das necessidades colectivas do povo daquele canto do país.

A convicção nascia do facto de que ele teria um espaço concreto e  real
para apontar o seu projecto de desenvolvimento o qual tinha como campo para se edificar nada mais e nada menos do que chão da sua terra; onde residia o seu sonho.
O começar num município não muito exigente quanto Beira seria o ensaio
perfeito para aquele dirigente acertar e brilhar, sem se entreter com
a política, isto porque a sua maior campanha, seria, o seu trabalho, e
não qualquer trabalho: o bom e prestativo trabalho em prol da sua comunidade.

No primeiro ano do seu mandato, ainda que não tivesse apresentado
qualquer ideia inovadora, Daviz granjeou simpatia porque parecia acertar
na questão de recolha de resíduos sólidos. Mas foi sol de pouca dura e, como se não bastasse, deixou-se envolver pela enorme sombra da ambição e optou por alastrar, sem criar alicerces e sustentáculos firmes, o seu domínio. Uso, refira-se, domínio pela inexistência de um projecto político através do qual Daviz possa ser julgado nesse contexto. Portanto, quando deveria
concentrar-se na sua cidade dedicou-se militantemente a esbanjar instantes, recursos e
inteligência para assaltar os outros municípios. O que não é mau de
todo, mas dispersou as suas forças e o resultado é o esgoto em ponto
maior no qual a Beira se tornou.
E para perceber a questão da ausência de um plano maior, que beneficia
o munícipe, o cidadão e mesmo aqueles que não os escolheram, é que,
surgiram outros actores que podiam ajudar a acertar o ponteiro mas que
a cada dia perdem completamente o norte: refiro-me por exemplo, ao
caso  Quelimane, que podia mostrar de forma inteligente que existe um
ideal de governação, um plano, uma visão, um valor, mas que se
interessa somente em destruir um dos projecto da FRELIMO que me
orgulha, mesmo não sendo adepto deste partido: a Unidade Nacional,
apregoando, um discurso localista, tribalista, umbiguista, um discurso
nocivo também para quem o apregoa, pois ao que me parece, o edil de
Quelimane tem sonhos que obrigam o seu Presidente a nunca dormir com
os dois olhos fechados. Quem me desmentir, não terei outro curativo que não seja pedir tempo ao tempo até que a verdade, que não anda tão
escondida como se pode pensar, se revele.
Recentemente, quando a FRELIMO discutia com a Renamo questões do
fundo, o MDM e a sua liderança, apartaram-se deste debate, fingindo
que o mesmo não estava a acontecer, que não lhes dizia respeito em
nada e quando finalmente perceberam que eram partes interessadas no
processo, pediram inclusão, mesmo quando foram eles os principais
promotores da sua exclusão.
Ora, isto, mostra que o MDM e a sua liderança, não estão preparadas,
para constituírem uma oposição viável ao partido FRELIMO, para não falar da Renamo que, com os últimos acontecimentos, provou que nunca esteve
interessada numa paz real e efectiva para Moçambique. A Renamo provou
que não passa de um verdadeiro instrumento de sabotagem e que nunca
conseguirá livrar-se desta capa que lhe assenta muito bem.
Sucede, porém, que estes descalabros acabam potenciando a FRELIMO, como a única força capaz. Porém, não beneficia a FRELIMO e nem ao País, uma
oposição passiva, uma oposição que se contenta com os escritos
mentirosos rubricados por alguma imprensa que eles mesmo patrocinam,
enaltecendo-a, elevando-a numa vil idolatria, porque todos nós,
sabemos e bem que a oposição moçambicana é em parte criação da
imprensa.
A FRELIMO, configure-se assim, como a única formação partidária com um
projecto concreto para Moçambique e atenção que não discuto aqui o
mérito ou demérito deste projecto, mas o facto dele existir e ainda o
facto deste mesmo projecto estar a ser testado na prática. Deve, por
isso, fortificar-se uma sociedade civil capaz, uma sociedade civil sem
a pretensão de capturar o poder, mas de o pressionar para que melhore
e sempre. Enquanto isso, não me resta nada senão endossar o meu apoio
para que a FRELIMO se mantenha no poder, como factor decisivo para que
continuemos firmes como Nação. Doutra forma, tudo estará perdido, como
estão hoje Beira e Quelimane.

João Cadete

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