Início » A EDUCAÇAO DOS FILHOS E AS REDES SOCIAIS

A EDUCAÇAO DOS FILHOS E AS REDES SOCIAIS

Por admin

E o menino crescia, e se fortalecia em espírito, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ELE” Lucas 2:40

Ainda bem que já deixei de ser Pai, pois o aparecimento dos meus netos, livrou-me desse doloroso fardo de confrontar-me com as novas afrontas que as crianças audaciosamente fazem aos seus pais, pois as Redes Sociais parece-me trazer melhores modelos de educar as crianças de hoje. É que, já lá foram (e se calhar ainda bem), os tempos em que, um Pai de família era mais do que uma espécie de Enciclopédia Ambulante, um Durão um Mauzão, um Sabe tudo, enfim, o único que sempre tinha razão. A palavra de um Pai era uma ordem indiscutível. Isso porque o “Txaya” (entenda-se tareia, sova ou surra), eram palavras da ordem universal dos Pais. O “Uta biwa, nita ku bukuta swinene” (Vou te bater bem!), eram o “Pão-nosso de Cada Dia” de cada pai. Na escola, tínhamos o Professor como o segundo Pai. Através da Palmatória (ou o menino de cinco olhinhos), e a varra, falavam sempre alto, obrigando assim o aluno a aprender direitinho as lições. Antes de entrar numa sala de aulas, o/a aluno(a) era inspeccionado dos pés à cabeça: unhas das mãos cortadas, cabelo penteado e dentes escovados com Mulala, o Uniforme bem limpo etc.. Pois é! (como diria a nossa saudosa irmã Lina Magaia), a “Txaya”, foi a forma como os do meu tempo foram. Bastava a mamã dizer: “o Pai chegou!”, era suficiente para ficarmos plantados na sala, sentados, duros no sofá e ninguém se mexia. Antes de o pai terminar de comer na mesa todos tínhamos de esperar por ele. Mas, logo após a proclamação da nossa Independência Nacional, tudo mudou, como diria Camões “Mudam-se os tempos, mudam-se os ventos e mudam-se as vontades”. Começou a segunda etapa da educação dos filhos. Fazendo jus ao nosso internacionalismo simbolizado pela estrela na nossa Bandeira, recebemos de todos os quadrantes do mundo, os chamados “Cooperantes”, alguns deles Especialistas em comportamento infantil. Trouxeram-nos nova modalidade de abolir peremptoriamente o “Txaya”, alegando que a conversa e a explicação do erro cometido é muito mais válido do que uma “txaya” ou uma palmatoada nas mãozinhas dos petizes. Um desses famosos modelos deeducação sem “txaya” é o chamado “SuperNanny”, o qual institui Dez regras para melhor educar a criança, sendo de salientar a regra número um, chamada “cantinho da disciplina”, onde a criança devia ser colocada num espaço reservado para que pense no que fez de errado. Paulo Reglus Neves Freireou simplesmente Paulo Freire, reconhecido como patrono da educação brasileira, eque foi outorgado o título de doutor Honoris Causa por vinte e sete universidades, e publicou muitas obras sobre os métodos de educar, entre elas aPedagogia da esperança, defende que educar alguém é um processo dialógico, um intercâmbio constante. Nessa relação educadora e educando trocam de papéis o tempo inteiro: o educador ensina e aprende com seu estudante o educando aprende e ensina seu educador as formas de produção e apropriação dos saberes. Será que Paulo Freire vai resistir com as novas redes sociais? É que parece-me que a “melhor educação” vem das Redes Sociais. Será!?

Kandiyane Wa Matuva Kandiya
nyangatane@gmail.com

 

Você pode também gostar de:

Leave a Comment

Propriedade da Sociedade do Notícias, SA

Direcção, Redacção e Oficinas Rua Joe Slovo, 55 • C. Postal 327

Capa da semana