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Viver ao sabor da cana

Por admin

Texto de Benjamim Wilson fotos de Jerónimo Muianga

O negócio do sumo de cana-de-açúcar está a aumentar em Maputo. São quatro os sabores que se podem consumir na zona da “Marginal” para consumir sumo natural feito com. O domingo foi ver como se vive e diverte ao sabor natural da cana.

A zona da “Marginal” da cidade de Maputo tem sido o local preferencial para se desenvolver a actividade de preparação e venda do sumo natural da cana-de-açúcar, representando uma fonte de rendimento para muitas pessoas.

Ao longo do dia chegam a funcionar acima de uma dezena de máquinas, que esmagam a cana-de-açúcar para daí ser retirado o suco e servir os clientes que habitualmente se deslocam àquele lugar com o objectivo de sorver o sumo natural.

Informações obtidas junto dos que preparam aquele sumo da cana-de-açúcar apontam que há clientes que recorrem ao consumo daquele produto por razões terapêuticas, por recomendação médica e outros que o fazem por mera curiosidade.

Para sua preparação, a cana é colocada na máquina e é esmagada entre rodas dentadas, vulgo carrete, sendo o sumo conduzido por uma espécie de pá para um recipiente.

Antes de ser esmagada, conforme explicaram os nossos entrevistados, a casca da cana-de-açúcar deve ser raspada com uma faca para que o sumo “saia perfeito” e o seu sabor devidamente apurado.

Nota saliente em todo este processo de preparação está relacionada com os cuidados de higiene que são observados pelos vendedores, pois antes de se iniciar com o trabalho lavam as mãos num balde e mantêm o cuidado de utilizar sempre água limpa.

O sumo depois é servido num copo descartável, contendo umas pedrinhas de gelo, sendo de seguida tapado com uma tampa plástica como se fosse um “take-away” e é finalmente entregue ao cliente juntamente com uma palhinha.

Outro aspecto a salientar, no que se refere ao esquema organizativo daquela actividade, tem a ver com o facto de a maior parte dos vendedores trajarem camisetes de cor amarela estampadas com a frase “sumo de cana doce; sabor de mel”, o que acaba funcionando como um apelo adocicado ao consumo daquele produto.

QUATRO SABORES

O sumo da cana-de-açúcar tem sido vendido aos clientes em diversas quantidades, sendo as mais procuradas as que se servem em copos descartáveis, cujos valores estão fixados em 35 e 50 meticais cada.

Carlos Machava, natural da Macia, em Gaza, é um vendedor que se dedica ao negócio daquele produto há sensivelmente quatro anos, tendo começado a desenvolver aquela actividade numa das extremidades da Avenida 10 de Novembro, na Marginal de Maputo.

Tal como referiu, a grande procura daquele produto natural tem-se verificado nos dias de intenso calor e aos fins-de-semana, possuindo na sua vasta lista um considerável número de clientes fixos, vulgo fregueses.

Actualmente, Machava trabalha para o seu tio e a cana-de-açúcar usada para a produção de sumo tem sido comprada na região da Manhiça, zona da Maragra, região da província de Maputo que é grande produtora.

Em termos de sabores, o nosso entrevistado destacou quatro, sendo o de sumo de cana simples, para além de sumos compostos com limão, com gengibre e uma mistura com limão e gengibre.

O sumo com limão serve para atenuar o açúcar que a cana contém, enquanto o sumo com gengibre dá um sabor picante e ajuda a limpar o sangue, explicou o nosso entrevistado.

Jeremias Mate, natural de Xai-Xai, na província de Gaza, é outro vendedor e que se dedica àquela actividade há sensivelmente um ano, o qual disse ser empregado, auferindo do seu trabalho o equivalente ao actual salário mínimo nacional.

Conforme destacou aquele vendedor, o sumo da cana-de-açúcar ajuda a debelar problemas de saúde, entre os quais problemas ligados à deficiência visual.

Quando a temperatura é baixa, o volume de negócio regista uma redução. Quando há muito calor conseguimos vender bem. Tenho um cliente que leva um litro por semana, ao preço de 100 meticais. Este negócio dá para viver, pelo menos consigo sustentar o meu filho, frisou aquele vendedor, o qual diz que trabalha de terça a domingo, entre as 10.30 e 19.00 horas, com a observância de uma folga nas segundas.

Nos dias de intenso calor, chegamos a trabalhar até às 21.00 horas, repisou o entrevistado.

Carlitos Carlos, natural de Zavala, província de Inhambane, trabalha como empregado há sensivelmente um ano e considera aquela actividade comercial como sendo um “bom negócio”.

Isto é um verdadeiro sumo natural e tem sido preparado na presença do cliente. Temos observado regras de higiene, lavando as mãos antes de começar a preparar o produto e as máquinas são lavadas com detergentes antes e depois de cada jornada de trabalho, destacou Carlos.

Armando Ussaque, também natural de Zavala, considerou que o negócio da venda de sumo de cana-de-açúcar é “rentável”, pois pelo menos não lhe “falta pão” na sua casa.

Ussaque destacou as dificuldades enfrentadas nesta época do ano com vista à obtenção da cana-de-açúcar, principal matéria-prima, obrigando à realização de um esforço redobrado para conseguir o produto junto dos principais produtores.

Temos recebido aqui clientes que vêm tomar sumo por recomendação médica e nunca tivemos reclamações relacionadas com problemas de saúde, salientou aquele vendedor.

DOCE E NATURAL

O sabor agradável do sumo da cana-de-açúcar tem atraído muitas pessoas para a “Marginal” de Maputo, sendo que muitos preferem degustar aquele sumo natural no interior das suas viaturas.

Um dos clientes assíduos tem sido o conhecido nas praças de animação musical, “DJ Dilson”, que há sensivelmente dois anos não perde a oportunidade de se fazer à “Marginal” para saborear aquele sumo natural.

É um bom sumo e eu sou um cliente fiel. É higiénico, por isso que tomo, disse ao domingo “DJ Dilson”, tendo referenciado a ideia de criação de uma feira específica.

Acredito que tinha que se criar uma feira, pois é um negócio que merece a nossa atenção, ajuntou.

Ronny Moreira, que há três anos vem consumindo sumo de cana na “Marginal”, tendo começado por beber inicialmente na Avenida 10 de Novembro, preferencialmente tem comprado a mistura de limão com gengibre.

Não sei descrever qual é a sensação exacta que sinto quando bebo este sumo, mas tem um sabor especial comparativamente aos outros sumos naturais. Nunca tive problemas de saúde, destacou aquele consumidor.

Experiência brasileira

que veio para… ficar

O modo de produção de sumo natural com base na cana-de-açúcar constitui uma experiência oriunda do Brasil, país tropical localizado no continente americano, que aos poucos vai ganhando o seu mercado no nosso seio.

Conforme apurámos de pessoas ligadas há bastante tempo àquela actividade, o pioneiro desta actividade foi um cidadão de nacionalidade indiana que trabalhou como uma máquina de esmagar cana na Avenida 10 de Novembro.

O negócio tende a prosperar, através do aumento do número de máquinas ao longo da “Marginal” e de consumidores, havendo pessoas que já transformam aquela actividade numa fonte de rendimento, gerando ao mesmo tempo emprego para muita gente.

Fotos de Jerónimo Muianga

 

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