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Vítimas do “voo TM470” repousam na terra natal

Por admin

Cerca de cinco meses depois do fatídico acidente aéreo, a 29 de Novembro do ano passado, envolvendo a aeronave “Embraer” das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), “voo TM470”, que seguia com destino a Luanda, as vítimas de nacionalidade moçambicana foram sepultadas, ao longo da semana passada, em rituais carregados de consternação e emoção.

 

O Ministério dos Transportes e Comunicações decidiu que no acto da chegada dos restos mortais ao solo pátrio deviam ser observadas medidas restritivas no ponto de chegada da aeronave que transportou as vítimas, mais concretamente na Base Aérea de Maputo.

Por volta das 12.00 horas, o avião aproximou-se lentamente da zona condicionada para acomodar os familiares e altos membros do Governo moçambicano, puxado por um dos tractores que habitualmente auxiliam a movimentação das aeronaves para o hangar no Aeroporto Internacional de Maputo.

Para as famílias das vítimas que estiveram presentes no acto da recepção, aquele momento representava o final de um doloroso longo período de espera.

MOMENTOS MARCANTES

No avião do tipo “Antonov” da Namíbia, vieram, na segunda-feira passada, apenas 14 dos 16 restos mortais das vítimas de nacionalidade moçambicana. Os perecidos estrangeiros, foram levados directo de Windhoek para os respectivos países.

Foram, inicialmente, cumpridas as honras militares, seguidos de actos civis no processo de descarregamento das urnas, enquanto os familiares e as autoridades estavam posicionadas na tenda para oficialmente receberem os entes falecidos.

Maputo, naquele momento, estava a viver momentos marcantes da sua vida, uma vez que, aquele acto representava também um cerimonial nunca antes acontecido na história da nossa aviação.

Recordando as palavras do Comandante João de Abreu, momentos após o anúncio oficial do acidente fatídico, tratou-se de um facto que marca “profundamente” o historial da aviação civil em Moçambique.

Três das urnas foram, com alguma urgência, transportadas mediante escolta policial para a Mesquita Massjid Chadulia, localizada na Avenida de Angola, onde iriam decorrer as últimas cerimónias religiosas, seguidas do enterro, uma vez que as vítimas eram muçulmanas.

A Avenida de Angola, cerca das 16.00 horas, registou um engarrafamento inusitado, tendo, inclusive, ficado com o trânsito interrompido em todos os sentidos, a partir da Praça 21 de Outubro.

As restantes urnas, acompanhadas pelos respectivos familiares, tiveram que ser conduzidas mais tarde para a morgue do Hospital Central de Maputo (HCM), uma vez que os funerais iriam decorrer nos dias subsequentes.

TRÊS FUNERAIS

O cortejo que trazia as urnas contendo as três vítimas de religião muçulmana chegou ao Cemitério de Lhanguene pouco depois das 16.30 horas daquele dia, situação que voltou a criar restrições ao tráfego naquela zona.

Membros do Governo, altas individualidades, pilotos e familiares transportaram as urnas para perto dos covais reservados para realizar as inumações, ritualmente acompanhadas de rezas inerentes à religião muçulmana.

DIA DE EMOÇÕES FORTES

Desde a sua abertura, precisamente um ano antes de acontecer o acidente, o Cemitério de Michafutene, nunca havia registado uma grande moldura humana, como fez questão de nos elucidar um dos operários que participa nas obras de acabamento do chamado “novo cemitério”.

Dentro das capelas, em plena manhã de terça-feira de relativo calor, em ambiente de consternação, soltaram-se lágrimas, enquanto os padres espalhavam palavras de encorajamento e citações bíblicas.

O momento de emoção forte, em relação aos cinco funerais que estavam programados para aquela manhã, terá sido o acto de velório de uma mãe e três dos seus filhos, duas meninas e rapaz, que pereceram no fatídico acidente.

O outro funeral, que ocorreu quase simultaneamente, foi o de uma jovem assistente de bordo que seguia em serviço no “voo TM 470” das Linhas Aéreas de Moçambique com destino a Luanda.

As famílias apresentaram mensagens de agradecimento e reconhecimento dos seus entes queridos, prometendo perpetuar as suas almas e ensinamentos.

Ao longo da mesma terça-feira, já no período da tarde, ocorreram mais funerais, em momentos separados, quer no “Lhanguene”, quer no Cemitério de Michafutene.

CRONOLOGIA DOS FACTOS:

·        29/11/2013 – O “voo TM 470” despenha-se, na Namíbia, a uma velocidade de 100 metros por segundo.

·        29/11/2013 – O Governo da Namíbia lidera a comissão de investigação, cuja equipa desloca-se de imediato ao local do acidente.

·        30/11/2013 – Recolha de parte dos destroços do avião e outros trabalhos periciais.

·        02/12/2013 – Equipas de emergência da LAM reúnem-se com a polícia da Namíbia.

·        02/12/2013 – Presidente Armando Guebuza cancela missões internacionais.

·        3/12/2013 – A Primeira-Dama e membros do Conselho de Ministros efectuam visitas aos familiares das vítimas.

·        03/12/2013 – LAM ausculta familiares das vítimas.

·        05/12/2013 – Auscultadas primeiras gravações das caixas negras.

·        06/12/2013 – Arranca de exames de DNA.

·        06/12/2013 – CTA cancela realização da Gala Anual.

·        09/12/2013 – Inaugurado mural em homenagem às vítimas.

·        12/12/2013 – Conselho de Ministros decreta três dias de luto nacional.

·        12/12/2013 – Termina a primeira fase de buscas e recolha dos restos mortais para a identificação dos corpos.

·        12/12/2013 – Primeiros resultados de investigação técnica começam a ser tornados públicos.

·        13/12/2013 – Enviados parâmetros de voz (vulgo caixa negra) para os Estados Unidos.

·        14/12/2013 – Prosseguem trabalhos de medicina legal.

·        15/12/2013 – Ministro dos Transportes e Comunicações, Gabriel Muthisse desloca-se à Namíbia.

·        15/12/2013 – Primeiros resultados investigativos indicam que o “Embraer” não possuía problemas mecânicos.

·        18/12/2013 – Realiza-se em Maputo um culto ecuménico por parte de várias confissões religiosas.

·        21/12-2013 – Relatório preliminar mostra ter havido intenção humana na queda da aeronave.

·        23/12/2013 – LAM manifesta profunda preocupação e choque em relação ao conteúdo do relatório preliminar, que indiciava a tese de suicídio.

·        09/01/2014 – Anuncia-se a vinda a Maputo de peritos de investigação para analisar perfil do piloto.

·        22/01/2014 – Dezassete dos 33 corpos ainda estavam por identificar.

·        21/04/2014 – Chegam a Maputo os restos mortais de 14 das 16 vítimas de nacionalidade moçambicana.

Benjamim Wilson

Fotos Jerónimo Muianga

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