Tomás Timbane é desde ontem o bastonário da Ordem dos Advogados de Moçambique, ao apurar-se como vencedor com 239 votos contra 179 de Lourenço Malia em eleições realizadas em
Maputo.
O escrutínio teve um universo de 421 eleitores dos quais foram apurados três votos em branco.
Timbana substitui, assim, Gilberto Correia que vinha dirigindo a Ordem dos Advogados desde 2008, mas que não concorrer para sua própria sucessão.
Em declarações ao domingo, o novo bastonário disse que com a eleição deixa de haver listas, tornando-se mesma família de advogados.
Como primeiro desafio elege a união da classe, pois são um elenco de compromisso simples e honesto. Seremos os primeiros a lutar contra a Procuradoria ilícita, porque existe uma má percepção segundo a qual ela é praticada por advogados estrangeiros, quando existe também no nosso meio, frisou Timbane. A inscrição de advogados estrangeiros é decidida em Assembleia Geral da ordem.
Ajuntou que pretendem revitalizar a organização baseando-se no conhecimento que possuem dos reais problemas e abraçar o novo desafio dos recursos minerais, gás e petróleo.
A assistência jurídica aos carenciados merecerá uma atenção especial, pois os advogados prestam trabalho em prol da sociedade.
Para o Bastonário da Ordem de Portugal, Marinho Pinto tratou-se de um processo transparente que revelou a pujança da advocacia moçambicana e sobretudo que não existe outra alternativa a democracia.
Segundo a fonte o debate não trouxe nada de novo a votação, porque os advogados são uma classe esclarecida que representa uma elite social.
O programa da lista eleita na forma como se apresenta foi determinante para o desfecho, vincou Pinto.
Ele defende abertura no espaço lusófono, tal como está aberto entre Portugal com 28 mil advogados e Brasil com mais de 700 mil. Quando os advogados brasileiros entraram para o mercado português, estes manifestaram receio perante a nova concorrência, mas isso é bom para o mercado, porque só os melhores são solicitados.
Segundo a fonte qualquer deliberação é da competência da Ordem dos Advogados de Moçambique, mas no mundo em globalização é difícil manter um espaço fechado.
Lourenço Malia, candidato derrotado continuava convicto que a maioria dos advogados continuava a apoiar a lista por ele encabeçada. Acredito que a questão do voto por procuração foi determinante porque nos tivemos 40 votos e a lista vencedora o dobro de voto por procuração, argumenta Malia.
A fonte mostra-se aberto a prestar todo tipo de apoio para o qual for solicitado, pois acabaram-se as listas e são todos advogados que devem trabalhar em, prol da classe.
Ordem forte e coesa
Aposta numa ordem que seja forte, credível e coesa, dotado de advogados com capacidades para os desafios actuais na área de recursos naturais, gás, petróleos e carvão.
Timbana mostra-se preocupado com o relacionamento institucional, falta de fluidez na disponibilização da informação entre os órgãos da administração da justiça.
Os regulamentos dizem que não há hierarquias entre advogados e magistrados, órgãos da administração da justiça, mas no tribunal os advogados devem se levantar quando o juiz entra acompanhado do advogado público. Timbane reconhece que não será fácil atingir tal desiderato, porém tem em manga vários projectos para responder esse desafio e dinamizar a participação dos advogados na vida da ordem e da justiça no geral.
“Queremos ser um interlocutor valido na solução dos problemas do país, porque só assim se pode considerar cumpridos as suas atribuições”, explicou o nosso entrevistado.
Recorde-se que Tomás Timbane vinha exercendo o cargo de Presidente do Conselho Jurisdicional da Ordem dos Advogados durante o mandato de Gilberto Correia.
Disse ainda que pretende trazer a sua experiencia de 14 anos de exercício para mudar à face na classe.
“Quando assumimos a Ordem ela enfrentava problemas básicos a nível institucional, físico, falta de imóvel e dinheiro, hoje funciona em pleno, com instalações próprias e com um significativo número de advogados, sendo que a ultima componente não permitiu que houvesse uma acompanhamento e dinamização dos membros”,recorda Timbane, admitindo que os desafios permanecem.
“Com arte este elenco vai conseguir criar condições próprias, assim que os colegas o escolheram para dirigir a Ordem dos Advogados”,assegurou, salientando que aos colegas promete empenho e trabalho, apelando que acreditem na ordem e nos advogados.