Redacção
Réus e declarantes falam a mesma língua ao apontar o dedo a Setina Titosse, ex-Presidente do Conselho de Administração (PCA), como sendo a “maestrina” do esquema da fraude de 170 milhões de meticais no Fundo de Desenvolvimento Agrário (FDA). O julgamento do caso pelo Tribunal Judicial da Cidade de Maputo está interrompido para dar lugar a novas diligências, devendo retomar a 10 de Outubro.
Segundo indicaram, a beneficiária de grande parte das transacções levadas a cabo no âmbito da fraude, entre 2013 e 2015, foi a própria Setina Titosse.
Durante o seu interrogatório, Titosse disse que os co-réus e declarantes que receberam dinheiro o fizeram porque submeteram pedidos de financiamento ao FDA. Na sequência, o tribunal aceitou os requerimentos do Ministério Público e da defesa para as acareações, nos dias 10 e 11 de Outubro, para apurar a verdade.
É assim que em Outubro Setina Titosse será acareada com Binaia, Gerson e Dércio Manganhe, irmãos mais novos de Milda Manganhe Cossa, antiga assistente da ex-PCA. Ouvidos na condição de declarantes, os três reconheceram, semana passada, terem recebido financiamento sem ter submetido projectos para o efeito.
Tal aconteceu porque, segundo eles, a ex-PCA os orientou a abrir contas no BCI e, posteriormente, facultarem os números a ela. Depois de abertas as contas, os cartões e os respectivos códigos foram entregues à sua irmã, Milda Cossa. Assim, ao que explicaram, sempre que fosse transferido algum valor para as suas contas o montante era repassado a Setina Titosse.
Aliás, quando ouvido pelo tribunal, o réu Vicente Matine, que também será acareado com Titosse, confessou ter recrutado e instruído muitos amigos a aderirem à fraude. Disse ter canalizado “somas avultadas de dinheiro” para a conta da ex-PCA, por instruções da própria.