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Taxa de limpeza está abaixo dos custos operacionais

Por admin

O problema do lixo, na cidade de Maputo, ainda continua no centro das atenções. O comportamento das pessoas parece assumir contornos graves, ao invés de registar melhorias. O Conselho Municipal diz que tudo faz para garantir a limpeza da cidade, apesar de ter um orçamento cuja taxa colectada se situa abaixo dos custos operacionais.

O valor da taxa de limpeza que tem vindo a ser cobrada, através das despesas de energia eléctrica, ao nível da cidade de Maputo, situam-se abaixo dos custos das necessidades de manutenção da operação de remoção de resíduos sólidos.

De acordo com o director do Serviço Municipal de Salubridade e Cemitérios, João Mucavele, a taxa de 45,00 meticais que tem sido cobrada a cada consumidor de energia, totaliza uma receita mensal de 12 milhões de meticais, valor que está aquém das necessidades de remoção de lixo nos 64 bairros residenciais da cidade capital.

Segundo as explicações obtidas, em termos matemáticos, para a manutenção dos serviços de remoção são dispendidos por mês acima de 20 milhões de meticais, sem incluir o custo salarial para os cerca de 250 trabalhadores que fazem parte do quadro do Conselho Municipal.

A maior fatia das despesas vai para o pagamento das empresas contratadas pela edilidade, que recolhem o lixo nos bairros e vão depositar na lixeira de Hulene.

De referir que, possuem contrato com o Conselho Municipal a empresa “Ecolife”, que recebe seis milhões de meticais, a “Enviroserve”, que recebe cerca de quatro milhões, a “Hidro Construções”, que consome do orçamento cerca de seis milhões, bem como um universo de 44 microempresas, que retiram do bolo orçamental cerca de quatro milhões de meticais.

Contribuem, em grande medida, para a taxa de limpeza, que é arrecadada através do consumo de energia, no universo de Maputo, os consumidores domésticos, sendo que os serviços comerciais e industriais não realizam ainda um significativo desempenho na contribuição para o orçamento municipal.

QUASE MIL TONELADAS POR DIA

A fonte dos Serviços de Salubridade e Cemitérios considera que este não é ainda o momento para se respirar de alívio ao nível do Conselho Municipal, uma vez que, na manutenção da frota das viaturas do Conselho Municipal, existem despesas com combustíveis e aquisição de peças, cujos valores situam-se acima de dois milhões de meticais. A compra de acessórios para as viaturas ronda por mês cerca de 200 mil meticais e as despesas com combustíveis consomem do orçamento dois milhões de meticais.

Dados estatísticos, indicam que estão a ser produzidas por dia em toda a cidade de Maputo cerca de 900 toneladas de resíduos sólidos que, para fazer a sua remoção, obriga a um desgaste constante dos equipamentos usados e a um exercício quase que “musculado” para assegurar a manutenção.

Para além das despesas inerentes à manutenção dos equipamentos, incluem-se outros custos, como é caso da reparação de contentores, que têm sido alvo de uma arrepiante vandalização por parte das pessoas.

LIXO RESISTE NA RUA

A Direcção Municipal de Salubridade e Cemitérios queixa-se da falta de colaboração por parte dos residentes de Maputo, no que tange ao cumprimento do horário para depositar lixo nos contentores e de não seleccionar devidamente os resíduos.

Para que conste da “fotografia”, chega-se a jogar entulhos de árvores para o interior dos contentores de lixo, para além de depositar objectos volumosos, como geleiras, congeladores, colchões usados, entre outras coisas. 

No processo de degradação de equipamentos, segundo se queixa o Conselho Municipal, cita-se a título de exemplo, o facto de as pessoas em Maputo terem adquirido o hábito de transformar os contentores em urinóis.

Muitas vezes, nas zonas residenciais, tem sido prática reiterada as famílias mandarem crianças de tenra idade para ir depositar o lixo e, aquelas, uma vez chegadas ao contentor, por dificuldades de despejar no interior daquele recipiente, deitam-no pura e simplesmente no chão.

Este hábito é também de alguns adultos, que também não se querem dar a “maçada” de colocar os seus resíduos no interior dos contentores.  

Como resultado desta conduta encontra-se sacos contendo lixo, bocados de televisores degradados, entre outros objectos.

MAUS COMPORTAMENTOS

Apesar dos hábitos comportamentais evidenciados por parte das pessoas em relação à gestão do lixo doméstico, os Serviços de Salubridade e Cemitérios defendem que estão a ser realizados esforços com vista a assegurar a limpeza da cidade.

No dizer de Mucavele, a situação de recolha de lixo já não se apresenta a mesma como a dos tempos idos e tem se verificado pouca reclamação por parte da sociedade de Maputo.

Conforme revelou o director de Salubridade e Cemitérios, aquele sector está a trabalhar no sentido de melhorar substancialmente o serviço de varredura nas ruas da nossa cidade, através do envolvimento humano cada vez mais acentuado.

Tal como exemplificou a fonte municipal, ao nível da zona de cimento, onde se concentra grande parte dos serviços da urbe, tem sido assegurada a remoção diária de todos os contentores existentes.

As empresas de prestação de serviços, os estabelecimentos comerciais e as casas de pasto têm estado a evidenciar falta de colaboração com os serviços municipais, pois ao invés de rubricarem contratos para a remoção, preferem colocar os resíduos que produzem nos contentores, contribuindo assim para a elevação das quantidades que sãodepositados naqueles recipientes. 

No dizer de João Mucavele, a maior autoridade na observância de bons hábitos em relação ao lixo que é produzido passa pela consciência e o culto de cidadania por parte das pessoas.

Mucavele destacou, em conversa com o domingo, que a vida urbana exige determinados comportamentos positivos e não se compadece com atitudes de imundície que têm sido evidenciadas por muitas pessoas.

Comer coisas nas paragens e jogar os invólucros no chão, consumir bebidas nos carros e atirar os recipientes pelas janelas são “fotografias” que fazem parte do nosso quotidiano, concorrendo-se deste modo para transformar as estradas em autênticos contentores de lixo.

O serviço de remoção melhorou, mas não nos acomodamos em relação ao actual estágio. A questão do lixo não passa somente pela remoção, mas também pela atitude dos munícipes. Não se pode manter a limpeza permanente quando há uma dúzia de pessoas a tentar limpar e milhares a jogar lixo de qualquer maneira. Há atitudes que levam a crer que não há esforço algum que esteja a ser feito para garantir a limpeza da cidade, disse Mucavele.

A recolha de lixo

tem sido regular”

-Afirma Jossua Fernando, reparador de electrodomésticos

Jossua Fernando, considerou que não possuía algo substancial em relação ao serviço de limpeza do Conselho Municipal de Maputo, uma vez que, na zona onde pratica a sua actividade como reparador de electrodomésticos, a recolha de lixo tem sido realizada de forma regular.

Fernando, que desenvolve a sua actividade num mercado emergente na zona de Grande Maputo, bairro de Magoanine, considera que naquela área dificilmente se encontra lixo amontoado.

“O contentor nunca ficou cheio”

– Laura Lázaro, vendedeira de fruta

Laura Lázaro, vendedora de fruta, num dos mercados de Magoanine-C, vulgo Matendene, considera que o lixo que tem sido depositado no contentor que se localiza naquela zona tem sido recolhido com regularidade.

Tal como frisou aquela entrevistada, o contentor onde a maior parte dos vendedores daquele mercado têm depositado o lixo não chega a ficar cheio, devido ao permanente trabalho de remoção que está a ser observado por parte da empresa encarregue para o efeito.

Estamos satisfeitos com a regularidade em que tem sido recolhido o lixo do contentor, destacou.

“As pessoas deitam

o lixo de qualquer maneira”

– Rui Gente, serralheiro

Rui Gente, serralheiro de profissão, queixou-se do mau comportamento por parte das pessoas quando vão depositar o lixo nos contentores, uma vez que muitas delas preferem depositar os resíduos fora daqueles recipientes.

Apesar do contentor onde depositam o lixo ser removido com regularidade, o nosso entrevistado disse que, sistematicamente, as pessoas atiram o lixo no chão e, quando são advertidas, respondem em tons violentos.

O problema está com a população, porque deitam o lixo de qualquer maneira. Quando se chama a sua atenção, perguntam logo se a pessoa pertence ao Conselho Municipal. As pessoas deitam o lixo no chão, não querem desenvolver, afirmou.

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