Opinião

O ÓDIO DA MINHA VIZINHA NÃO SERÁ AMOR DISFARÇADO?

“Vem, saciemo-nos de amores até pela manhã: alegremo-nos com amores” Provérbios 7:18

Hoje trago uma lamentável e pertinente queixa pública contra a minha vizinha Leonor Beto Xihaha. Muitos conhecem-na através dos órgãos de comunicação social. Ao passo que eu, infelizmente, tenho a triste imposição de conviver com ela fisicamente no mesmo condomínio, mas longe do seu (dela) coração. Jovem solteira de uma beleza capitosa, embriagante eestonteante, porém, eu tenho para com ela um nozinho na garganta. Julgo até que o caso dela para comigo é patológico, requerendo intervenção de psicólogos clínicos. Explico-me melhor. É que não obstante os adiáforos que atrás mencionei relativamente à sua (dela) fisionomia e apresentação física, todos são ofuscados quanto a mim pelo facto de ela ser igualmente árdega, abespinhada, irascível e indisfarçavelmente rancorosa. Assim ela age para comigo. Não sei porquê. Isso até leva-me a pensar que ela sofre da síndrome de sabe-tudo. Sublinho, para comigo. Não percebo como é que alguém com acessórios físicos como os que identificam a minha vizinha Leonor, paradoxalmente também junta ao mesmo tempo, além de irreverência, um temperamento frívolo tendendo à estupidez e inconsciência. Porquê não serenar e disponibilizar um tempinho de atenção, discrição, serenidade, lazer, repouso e convívio comigo! Ela fala e ri com todos os outros condóminos menos comigo. Que mal eu teria feito à distinta jovem ao ponto de demonstrar ódio e dor de alma para comigo? Alguém saberá responder-me? O mais perturbante é que nenhum dos que com ela convivem e que conversam também comigo sabe dizer-me da sua proveniência social. Mas, através dos meios de comunicação social, com destaque para programas televisivos de choque, onde ela chegou a capitalizar um denominado “Espinhas de Cactos”, ela destaca-se devido às suas intervenções agressivas e perfurantes, talvez influenciada não só pelo nome do programa, mas também do seu apelido, “Xihaha”, que na língua falada na terra que me viu nascer significa CACTO, e que esta planta, na ciência chinesa Feng Shui”, é considerada a guardiã, aquela que protege a casa. Leonor Xihaha, nesse programa televisivo, ataca a tudo e a todos e apresenta-se como a única bem informada e equilibrada em todas as questões. Ela julga as demais pessoas como ineptas e imbecis. No meu caso concreto, ela “grifou-me” literalmente de tal sorte que até se esquiva às minhas simples e triviais saudações do tipo “bom dia vizinha, como está?”, na tentativa de aproximar-me dela. De acordo com outros vizinhos, ela classifica-me de insuportavelmente petulante, insolente e vaidoso. Infeliz de mim e forçosamente, uma coisa tenho de admitir: ela possui um vasto leque de cultura geral, ao ponto de “desencaixilhar” a vida privada de todos os líderes de partidos, tanto dos antigos como dos emergentes. Ela consegue convencer facilmente a opinião pública ao ponto de algumas pessoas apelidarem-na de doutora, apesar de ninguém até hoje saber qual é o seu verdadeiro grau académico ou onde e em que instituição de ensino se formou, e consegue também disfarçar a sua inclinação política. Naquele seu (dela) programa televisivo, “As Espinhas de um Cacto”, tanto ataca o partido no poder, mas também não apoia nenhum outro partido. Persistentemente, ela finge mostrar-se firme e superiora a tudo e a todos, mas, no fundo, ela como todos os que sofrem de síndrome de sabe-tudo apenas escondem uma insegurança sobre si mesmas. Mas o que mesmo levou-me a trazer esta preocupação é a sua (dela) obstinação, rebeldia, ódio e desprezo para comigo.Definitivamente ela não quer saber de mim. Não será que ela está utilizando aquele ditado popularque diz que: “Quem desdenha quer comprar”, empregado para dizer que muito desprezo pode ser sinal de desejo escondidopara não dar nas vistas? Eu aprendi queo ódio muitas vezes pode ser um amor camuflado assim como o amor assumido  também pode conter uma grande carga de ódio.Já se falou muito da linha ténue que separa o ódio do amor. Porque o amor, às vezes, é confuso, assim como o ódio também, às vezes, o é. Eu penso que ninguém é bom em tudo neste mundo. Ninguém tem todos os talentos. Não existem pessoas perfeitas que podem dizer aos quatro cantos: “Eu não preciso de ninguém”. Nós precisamos uns dos outros. Todos nós precisamos dos demais para sermos felizes. Espero que a Leonor Beto Xihaha, minha prendada vizinha, depois de ler este meu desafogo mude de ideia a meu respeito, antes que seja tarde e eu vá para o Inferno com ódio (xivite) também dela.

Por Kandiyane Wa Matuva Kandiya
nyangatane@gmail.com

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