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Queremos maior inclusão do cidadão na governação

Por admin

 O Município da Matola acolhe nos dias 4, 5 e 6 de Maio corrente uma conferência internacional sobre democracia participativa, na qual vai merecer especial atenção a questão do envolvimento da população nos processos de decisão.

 Mais de mil convidados são esperados no evento. A propósito, domingo entrevis­tou o Presidente do Município da Matola, Calisto Cossa, que sublinhou ser uma oportunidade para os gestores municipais trocarem experiên­cias e aprofundarem conheci­mentos para melhor desenvolve­rem suas cidades.

Sr. Presidente, em que contexto a Cidade da Matola foi escolhida para acolher a 16ª Conferência do Observa­tório Internacional da Demo­cracia Participativa?

A Matola como cidade tem acordos de cooperação e ge­melagem com várias cidades e entidades do mundo, das quais busca experiências positivas e também transmite o melhor do que tem. Uma das organizações internacionais de que a Matola faz parte é o Observatório In­ternacional da Democracia Par­ticipativa (OIDP), que é um orga­nismo criado em 2001 que con­grega mais de 600 cidades de todo mundo e instituições aca­démicas, tendo como principal objectivo promover a participa­ção dos cidadãos na governação local. A organização reuniu-se ano passado, em Madrid, tendo como um dos pontos de agenda a eleição de uma nova Cidade Presidente e a Matola submeteu sua candidatura juntamente com outras cidades do mundo como México e Peru. Felizmente fo­mos eleitos para presidir o OIDP durante um ano, o que significa que na conferência que vamos acolher nos dias 4, 5 e 6 de Maio vamos transmitir a presidência para uma outra cidade. É pre­ciso notar que esta é a primei­ra vez que uma cidade africana preside o OIDP, o que nos honra bastante.

Que experiências a Matola pode transmitir neste ano de mandato?

Temos experiências bastan­te positivas de aproximação da governação aos governados, portanto, aos eleitores que nos escolheram para dirigir as nos­sas cidades. Foi um ano em que aprofundamos a democracia participativa a vários níveis, através da introdução de novas ferramentas de trabalho e conso­lidação doutras que já eram prá­tica no país. Quando iniciamos o nosso mandato decidimos que devemos trabalhar lado a lado com a nossa população, porque, como sabe, nós políticos temos sido criticados pelo facto de uma vez eleitos nos afastarmos do nosso eleitorado e voltarmos ao seu encontro apenas na véspera de novas eleições. Não quere­mos que a população da Matola tenha esse pensamento e esta­mos empenhados em aproximar o poder local aos munícipes, que são os verdadeiros donos do po­der que exercemos na qualidade de servidores públicos.

Referiu-se a novas fer­ramentas de trabalho. Pode partilha-las connosco?

São várias em implementa­ção na Matola como a Presidên­cia Sem Paredes, Presidência na Terminal, Reuniões dos vereado­res com a População. Mas quero me deter numa ferramenta que introduzimos o ano passado e com resultados muito animado­res, refiro-me ao Orçamento Par­ticipativo, que é uma ferramenta que permite à população decidir ao nível do seu bairro o destino a dar a determinado orçamento. É um mecanismo já em implemen­tação na nossa cidade e que tem a vantagem de aumentar a cons­ciência e a responsabilidade das pessoas sobre a necessidade de contribuir através de pagamento de taxas e impostos.

Como funciona a Presidên­cia Sem Paredes?

Através da Presidência Sem Paredes, o Município coloca to­dos vereadores e o próprio pre­sidente à disposição dos muníci­pes para colocarem suas preocu­pações, com a vantagem de algu­mas encontrarem uma solução imediata no local do evento, pois todo Conselho Municipal está lá no terreno. Nesta conferência te­remos oportunidades de mostrar aos nossos convidados algumas sessões práticas de Orçamento Participativo e da Presidência Sem Paredes.

Para além desse tipo de ferramentas, qual será o conteúdo da Conferência do OIDP?

O principal tema da Confe­rência será Boa Governação e Participação Inclusiva do Cida­dão. Este tema já revela em si a importância deste evento, uma vez que entendemos que a nossa governação só tem sentido quan­do os cidadãos, que nos elegem, estão envolvidos de forma di­recta na tomada de decisões e realização de políticas públicas. A Conferencia terá cinco eixos temáticos.

Quais…?

O primeiro será Democrati­zando a Democracia Participati­va. Aqui a ideia é discutir como havendo órgãos representativos da população, constituídos a partir das eleições, como Parla­mentos, Assembleias Municipal ou Provincial, podemos superar o défice de participação que é uma manifestação real na actu­alidade. O entendimento comum é de que devemos alargar as formas de participação da nossa população na gestão das nossas cidades. O segundo tema será a Governação local e municipal na era digital, cujo objectivo é abor­dar como o poder político está a adaptar-se à expansão dos meios de internet e como está a explo­rar as ferramentas disponíveis como o Facebok e o Watsaap, no caso da maioria das cidades moçambicanas. Também vamos ter um painel para avaliar as for­mas de participação. O quinto e último tema será sobre o Papel das Organizações da Sociedade Civil, Media, partidos políticos e outros grupos na educação dos cidadãos para a sua participação e também controlo dos poderes públicos.

Qual será o envolvimento das cidades moçambicanas nesta conferência?

Entendemos que antes de ser da Matola, esta conferência é de todo país. Por isso, na sua organização estão envolvidos vários actores, desde o Governo Central aos municípios. Todos parceiros dos programas de des­centralização estão convidados e contamos com um forte apoio da ANAMM, que é a Associação Nacional dos Municípios de Mo­çambique. Também é preciso notar que no dia 03 de Maio, a anteceder a própria Conferência do OIDP, teremos um Seminário Nacional sobre Democracia Par­ticipativa, com a participação de todos 53 Municípios de Moçam­bique, que vão partilhar suas experiências de envolvimento da população na governação.

Abibo Selemane
abibo.sulemane@snoticicas.co.mz

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