A população e utentes daquela via contaram ao domingo que a situação não lhes dá sossego, uma vez que nunca sabem se vão conseguir chegar ao destino sem que aconteça alguma fatalidade.
Os que mais sofrem e também correm perigo “a dobrar” são os revendedores que compram suas mercadorias na cidade de Maputo e as famílias que fazem o seu rancho do outro lado, pois estes têm de pagar o “chapa” que lhes leva até às margens do rio e depois aos carregadores. Caso não tenham dinheiro são obrigados a fazer “viagens” de ida e volta com a mercadoria na cabeça.
Edgar Langa, falando à nossa Reportagem, começou por dizer que é triste descrever o que se vive na ponte. Há dias o acesso estava fechado porque o nível das águas era maior, nós que não temos alternativa tivemos que nos aventurarmos. Quase fui arrastado quando tentava passar com a minha motorizada, a minha sorte foi porque estavam jovens perto e prontificaram-se a ajudaram.
Outro utente que também descreve o cenário vivido no local com angústia é Armando Sitoe, que, devido ao emprego, é obrigado a arriscar sua vida duas vezes por dia, de manhã e à noite.
Para ele, a situação é mais preocupante no período nocturno, altura em que famílias já voltaram das suas machambas e os “chapas”, devido ao perigo do local, deixam de circular.“Está a morrer muita gente neste local, estão a dizer para passar da ponte da linha férrea, quem vai ter coragem, numa noite e sozinho, seguir aquela linha férrea? As autoridades já tiveram tempo suficiente para solucionar o problema. Se nós os adultos estamos assim….imagina as nossas crianças que estudam do outro lado”, lamentou.
Por sua vez, Ana Moisés lamentou o facto de a ponte continuar naquele estado depois de tanto tempo, pior agora que os alunos estão na fase dos exames finais e com a tendência da subida dos níveis das águas.
“Sair da nossa aldeia de “chapa” e descer aqui para atravessar o rio é muito difícil para nós, sobretudo as crianças que vão à escola. Só para ver o quão é complicado, compramos os produtos na vila, voltamos para aqui e alguns arriscam-se atravessando com a mercadoria e outros pagam 20 a 25 meticais para leva-la para outro lado. Isto é assim todos os dias”,disse.
Por seu turno, os transportadores semicolectivos estão prejudicados, uma vez que com este cenário as receitas diminuíram, o que faz acumular ainda mais os danos. “Acumulamos prejuízos todos os dias, por exemplo, há dias o meu carro partiu uma mola no meio daquelas águas quando vinha da vila de Boane para Massaca. Estava lotado, conseguem imaginar o cenário com os passageiros no carro?! Graças a Deus ninguém se feriu, mas aquilo serviu de aviso, razão pela qual prefiro fazer poucas viagens neste lado ao invés de entrar naquele curso de água”, disse António Jerónimo.