Internacional

Matutus, Nyama e muita agitação

Nairóbi, a capital do Quênia, tem, entre várias coisas, uma particularidade; Nairóbi é ponto de partida  para outras viagens no país e como um bom ponto de partida para outros destinos africanos. O aeroporto, Jomo Kenyatta, regista todos os dias um vaivem de aviões que faz lembrar uma colmeia. Também tem curiosidades que, com as devidas ressalvas, fazem lembrar a nossa cidade capital…

A cidade capital da República do Quénia tem as atracões típicas das grandes cidades, nomeadamente vistosos edifícios, ruas polvilhadas de gentes de todos os quadrantes, o barulho dos carros, lojas de grandes superficies e, como marca registada das cidades africanas, a confusão dos “chapas” chamados Matatus… lá como cá, os “chapeiros” ou “Matatus” são responsaveis pelos acidentes de viacção e pelos engarrafamentos. Os matatus ligam (dominam) a cidade inteira. A passagem é barata e varia de acordo com o horário e clima (hora de ponta e chuva aumentam o preço)!

Nairobi tem também uma coisa esquisita; O Nairobi National Park é um pequeno safári no meio da cidade… lá é possivel ver, animais, como leões, girafas e rinocerontes! Aliás, à saída do “Jomo Kenyatta” é possível ver como os quenianos apostam no turismo: estatuas de elefantes, rinocerontes e leões saudam quem chega.

Outra nota interessante para quem chega é a receptividade das pessoas. Até parecem moçambicanos de tão simpáticos serem. Quase todo queniano comporta-se, perante quem chega, como um agente de turismo… e a cidade oferece coisas e lugares para visitar.

Não obstante a forte presença policial nas ruas e a vigilância apertada nos edificios públicos, lojas e outras instituições – dizem-nos que fruto dos atentados registados naquela cidade  – respira-se alguma tranquilidade. Pode-se caminhar pelo centro com mais segurança. Há muitas coisas para ver; a McMillian Memorial Library, o Teatro nacional e os vários prédios coloniais e governamentais. O KICC ou Kenyatta Centro Internacional de Conferências (Kenyatta International Conference Center)  – local que acolheu a cerimónia da CNN Multichoice – é o terceiro prédio mais alto de Nairobi com 28 andares e fica bem no centro da cidade.

MASAIS, HIMBAS…

Por direito próprio, o Quénia tem uma cultura predominantemente popular e multifacetada em virtude do número extraordinário de tribos diferentes (cerca de 70), como os Masai, os Cambas, os Quicuios, os Calenjins, os Himbasos Dassanech e os Arbore.

Embora os Masai sejam a tribo mais conhecida devido às suas particularidades, os Quicuios apresentam-se como a tribo “dominante”. Em Nairobi quase toda gente é da tribo Quicuio.

Prova da fama dos Masai é queàsterças e sábados no centro da cidade, acontece a famosa e tradicional feira Masai. Lá, você encontra todos os tipos de artesanato.  Negociar nessas feiras é essencial; quase sempre o preço inicial é o dobro do valor real. O truque é sugerir metade do preço. Os Masai, cobertos de “shuka”, o pano com que se vestem, cobram por tudo e por nada… até fazer uma foto com um deles custa alguns “shillings”, a moeda oficial do Quénia.

Nairobi e Maputo tem algumas coisas comuns… os engarrafamentos e o negócio de venda de comida nas ruas. Lá como cá, a hora do almoço, é comum ver aglomerados de pessoas comprando comida na via pública. São vários postos de venda. O mesmo é valido para os vendedores de “calamidades”; também lá é como aqui (Maputo)… as boutiques a céu aberto são muitas vendendo roupas de segunda mão.

A propósito de comidas nas ruas, os quenianos têm uma especie de churrasco chamado Nyama Choma. O tradicional nyama choma tem uma variedade de carnes que vai desde crocodilos até avestruz.

Nairobi possui uma vida noturna muito agitada. A maioria dos lugares tocam hip-hop. Avultam nomes como Sauti Sol e Nameless, entre outros.

MEDO E DESEMPREGO

Ocentro comercial Westgate de Nairóbi, capital do Quénia, reabriu há alguns meses, quase dois anos após um ataque dos islamitas somalis shebabs que matou 67 pessoas durante quatro dias de cerco.

Depois doWestgate, os shebabs cometeram mais ataques no Quénia. Em abril, realizaram mais um massacre sangrento na Universidade de Garisa (nordeste), que deixou 148 mortos, em sua maioria estudantes.

Por causa dessas trágicas experiências, o nível de segurança, quer nos supermercados, quer nos condomínios ou outros locais, atinge níveis paranóicos. Toda a gente é revistada e há detectores de metais em todas “esquinas”. No Aeroporto, o viajante é obrigado até a tirar o cinto das calças… grassa o medo!

A par do medo, o desemprego é uma das mazelas do Quénia. Nas ruas preambulam dezenas de pessoas buscando “biscates” para a sua sobrevivência… afinal não é possível ter emprego para os quase 50 milhões de quenianos.

Mas apesar disso tudo, o Quénia é um país interessante. Famoso mundialmente por causa dos seus atletas – Paul Tergat e Edwin Kipsang, só para citar alguns – e safaris, é um dos destinos turísticos mais visitados do continente africano. Nairobi pode parecer barulhenta, mas é uma das cidades mais ricas do continente africano… é um mundo completamente novo e diferente a ser explorado. Transporte, comida, natureza, cultura…muita coisa para digerir…

Belmiro Adamugy

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