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O calvário de Kazula

Por admin

Kazula é o nome que leva um povoado que se localiza a cerca de 20 quilómetros da sede do distrito de Chiúta, no interior da província de Tete. Parece perto. Porém, são necessárias cerca de três horas para percorrer aquela distância, porque as duas pontes que ali existem foram destruídas pela fúria da água das chuvas. A par disso, existem cerca de 38 cursos de água que atravessam a via de acesso, o que faz com que no tempo chuvoso e o tráfego de pessoas e bens hiberne.

O acesso é tão difícil que ninguém se atreve a ir ao posto administrativo de Kazula, mesmo para vender sal, que, aliás, muita falta faz à população. Só assuntos de força maior podem mover qualquer um a escalar aquele povoado.

Durante o percurso para Kazula, o jornal domingo contabilizou 38 cursos de água com diferentes características. Vinte e dois não dispõem de pontecas, facto que dificulta a circulação da população e de viaturas.

O estado das vias de acesso desgasta qualquer automobilista que penetra Kazula. Os carros galgam pedras de todos os tamanhos, correndo o risco de cair pelo precipício ou avariar em plena mata sem socorro e comunicação, porque das operadoras de telefonia móvel existentes no país apenas uma funciona, mas com imensas restrições.

Apesar de muitos acidentes geográficos, Kazula tem água que baste, pois é cercada por vários cursos de água, e é por isso uma região bastante produtiva razão porque nunca faltou milho, mapira, verduras e tubérculos.

O grande constrangimento para a população é a quase inexistente indústria de farinação, o que obriga as mulheres a percorrerem longas distâncias até alcançarem uma moageira.

No que diz respeito à Saúde, trimestralmente, um viatura percorre o povoado para abastecer em medicamentos o centro de saúde.  A escola primária local, igualmente, tem beneficiado de ofertas em material escolar como relatou a directora distrital de Saúde em Chiúta.

ponte sobre o rio Phofi

Está em vista a construção de uma ponte sobre o rio Phofi. Com efeito, Paulo Auade, Governador de Tete, escalou Kazula para avaliar o estado das vias de acesso, sobretudo o estado das pontes; projectar a sua reabilitação e agendar a construção de uma ponte sobre o rio Phofi,  que é o maior.

O governante deslocou-se até aquele rio que liga Kazula à localidade de Matenge, com 6.565 habitantes, para avaliar a possibilidade de se construir uma ponte e, desta feita, permitir a comunicação entre os dois povoados cujo acesso se faz a partir do distrito vizinho de Moatize, o que torna a viagem mais longa e cansativa embora segura.

Para minimizar o problema da transitabilidade na região, representantes da direcção provincial das Obras Públicas deverão deslocar-se brevemente à Kazula e, em conjunto com a população, construir pontecas com base em material local.

“A população vai acatar, porque sabe que é para o seu bem. A zona é rica em madeira e pedras que podem ser colocados sobre aqueles cursos de água que não exigem engenharia de ponta”, disse Auade.

Durante a sua visita de trabalho a Chiúta, o governador interagiu com a população, funcionários do Estado e visitou o respectivo hospital rural no contexto de avaliação do nível de implementação das acções do Governo. Divulgar o Decreto 72/2014, de 5 de Dezembro que cria o Fundo de Paz e Reconciliação Nacional, também estava nos seus planos.

Na sua segunda visita ao hospital rural, Paulo Auade reconheceu as mudanças operadas no contexto de todo um conjunto de cuidados hospitalares, mas ressalvou que há aspectos por melhorar como pintura do edifício, construção de drenos para o encaminhamento das águas negras e edificação de espaços verdes, uma tarefa que deverá ser observada por enfermeiros e médicos.

Por seu turno, a população de Chiúta falou da exiguidade de recursos humanos no sector da saúde e da escassez de ambulâncias para evacuar os doentes mais graves.

 Num outro desenvolvimento, Paulo Auade agradeceu o facto de a população ter exercido sabiamente o seu direito de voto nas últimas eleições, que deram vitória ao actual Presidente da República e comandante em Chefe das Forças Armadas de Moçambique, Filipe Jacinto Nyusi, e ao seu partido, Frelimo. 

Entretanto, o timoneiro de Tete orientou a população de Chiúta para usar devidamente a rede mosquiteira e latrinas melhoras, como medidas de prevenção da malária e da cólera e outras doenças.

NASCE BIBLIOTECA

MARIANO MATSINHE

A Escola Primária de Kazula, onde Mariano Matsinhe, antigo Combatente da Luta de Libertação aprendeu o “ABC”, ora degradada, vai beneficiar de obras de reconstrução e remodelação e terá uma biblioteca que será chamará Mariano Matsinhe.

Aliás, outra orientação deixada por Paulo Auade em Chitima refere-se à necessidade de os pais e tutores mandarem as crianças para escola para combater o analfabetismo, ao mesmo tempo que e encorajou os próprios progenitores também a frequentarem as aulas de alfabetização e Educação de Adultos.

Refira-se que Chiuta tem 26.256 habitantes divididos dois postos administrativos e oito localidades. Possui cinco centros de saúde, 69 escolas, das quais 22 encontram-se em Kazula, 150 Pequenos Sistemas de Abastecimento de Água, 45 dos quais se encontram igualmente em Kazula, e dos cinco hospitais existentes dois beneficiam a população do posto administrativo de Kazula.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Brígida da Cruz Henrique

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