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Presidente da associação de camponeses negoceia terras à revelia dos associadosPresidente da associação de camponeses negoceia terras à revelia dos associados

Os camponeses da Associação Samora Machel e os membros da sua direcção estão de costas voltadas. O motivo é a alegada tentativa dos membros da direcção da associação de vender campos de cultivo dos seus associados para uma entidade “desconhecida”.

A Associação dos Camponeses Samora Machel conta com 198 membros camponeses e opera em campos de cultivo do bairro de Guava, distrito de Marracuene, província de Maputo.

Os associados produzem batata, alface, repolho, tomate, cenoura, banana, entre outros produtos agrícolas. Parte da produção é comercializada nos mercados informal e formal da cidade e província de Maputo, incluindo os de Xiquelene e Zimpeto. A outra serve para o consumo familiar.

O desentendimento entre os associados começou quando o presidente daquela agremiação, (que se recusou a revelar o seu nome), comunicou aos seus membros que precisava de terras para atribuir a alguém que queria desenvolver outras actividades.

Facto curioso é que nunca revelou o nome da instituição ou da pessoa interessada pelas terras e nem quantos hectares precisa.

Os encontros vêm acontecendo desde o princípio desde ano e não se vislumbra ainda uma solução que agrade ambas as partes, nomeadamente o presidente e os associados.

Os associados solicitaram um encontro com a entidade que precisa das terras de forma a definirem medidas para que ninguém saia prejudicado, o que ainda não aconteceu.

Os agricultores entendem que ceder as terras será um retrocesso porque, depois, serão obrigados a procurar outras terras, lavrá-las e começar a sementeira, o que leva o seu tempo.

Como forma de resolver o problema e eliminar as suspeitas e os receios levantados pelos associados, foi marcada uma reunião, para quarta-feira da semana passada, na qual iria participar a entidade interessada nas terras mas, nessa data, a reunião não decorreu como estava previsto alegadamente porque os “interessados” não conseguiram localizar o local do encontro.

O facto deixou os camponeses desconfiados porque antes o presidente tinha anunciado que o convidado estava perto daquele local e que a qualquer momento poderia arrancar a reunião. Só que não sabia que no local estava igualmente a equipa de Reportagem de domingo e, quando se apercebeu chamou imediatamente os membros da direcção para um encontro particular onde saiu a informação de que o interessado nas terras não estaria presente porque estava perdido na vila-sede de Marracuene.

Em conversa com a nossa equipa de Reportagem, o Presidente da Associação disse que ninguém ficaria prejudicado porque os camponeses iriam receber outras terras para continuarem a desenvolver as suas actividades.

“O empresário que está interessado nestas terras disse que, quando tomar as terras, em compensação irá dar-nos camião, tractores e abrir furos de águas. Com tudo isto achamos que vamos melhorar a nossa produção porque mesmo nos meses em que estamos sem chuvas teremos água para irrigar os campos”,disse.

CAMPONESES

NÃO CONCORDAM

Os membros da Associação Samora Machel disseram ao domingo que não estão dispostos a ceder nenhum pedaço de terra a ninguém porque é dali onde retiram o seu sustento.

Jacinto Albino Maluvele, um dos produtores de hortícolas daquela associação, lembrou-nos que aquela não era a primeira vez que havia tentativa de entregar suas terras a desconhecidos.

“Estou nesta machamba desde 2003; não posso dá-la a outra pessoa. Mesmo com dinheiro não vou dar porque é disto que consigo material escolar para as crianças”,disse.

Por sua vez, Angélica Lázaro Nhabanca disse não estar satisfeita, pois “as coisas ainda não são claras”.

“Parece que estão a esconder alguma coisa. Primeiro disseram- nos que a pessoa estava a caminho daqui e, de repente, recebemos a outra informação segundo a qual perdeu-se em Marracuene. Talvez porque souberam que estava aqui a imprensa, isso mostra que querem nos enganar. Mas nós já abrimos o olho, não vão mais a tempo de nos trapacear”, disse.

Abibo Selemane

habsulei@gmail.com

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