Desporto

No país há desconsideração aos reais fazedores do desporto

O que está a faltar para a legalização da profissão de treinador?

Não cabe a associação dos treinadores essa legislação. Existe a Assembleia da República, onde estão os deputados para discutirem este tipo de questões.

 Nós devíamos ter assento nas assembleias-gerais da federação e da Liga Moçambicana de Futebol, mas nunca somos convocados para tal. Há um afastamento muito grande, há uma falta de consideração muito grande por parte dessas entidades que gerem o futebol, quer para com associação de treinador quer para com a associação de jogadores. A nossa associação não é uma força muito grande, daí que não possa organizar uma greve, porque os jogos vão se realizar na mesma, o que é diferente da associação de jogadores que pode paralisar o Moçambola em defesa dos direitos dos seus associados.

Interessa-vos greve?

Não é nossa preocupação. Temos preocupações bem sérias. Queremos que a profissão de treinador seja reconhecida, com carreira organizada que permitisse a pessoas evoluir consoante a sua experiência, sua formação académica e profissional. Queremos que a federação exija, através das associações provinciais de futebol, que cada treinador tenha contrato de trabalho, mesmo aquele que treina crianças.

Quer dizer, que vocês trabalham sem contratos?

Noventa e nove ou mais porcento de treinadores moçambicanos não tem contrato, razão pela qual os clubes usam e abusam deles, pondo-lhes fora a qualquer momento. O que é que a Liga Moçambicana de Futebol e a federação fazem em defesa dos treinadores? Absolutamente nada. Os clubes mandam embora aos treinadores e não os indemnizam. Alguma vez a Liga suspendeu um clube por não indemnizar um treinador expulso? Nada. Proíbe esse clube de participar no campeonato seguinte? Não. O treinador é vítima de todas as coisas más do nosso futebol. Há um desprezo enorme para com a carreira profissional do treinador, com qual sustenta a sua família. Seria correcto que fosse obrigatório que um clube para contratar um novo treinador primeiro pagasse a dívida que tem com o treinador que está a mandar para a rua. Isso não acontece entre nós.

O que não falta são castigos e multas…

A Liga despreza muito ao treinador! Na Europa não vais encontrar um treinador que tenha sido castigado mais de três jogos, é um jogo ou dois. Scolari, enquanto seleccionador, agrediu jogador duma selecção. O José Mourinho agrediu um treinador adjunto do Barcelona, apanharam um jogo ou dois sentados na bancada, a contactar os seus bancos através de celular. Aqui em Moçambique põe-se o treinador fora do campo como se fosse bandido.

Como é o seu caso!

Há quem abusa de poder. Não queria personalizar o meu caso, que é extremamente ridículo. É claramente um abuso de poder, uma prepotência de quem quer, pode, manda como quer e ninguém lhe toca. Eu preferia que se avolumasse a multa, deixando o treinador presente junto a sua equipa. Não se pode prejudicar a equipar por causa de um acto pessoal do treinador. Há que se valorizar o treinador. Os regulamentos de disciplina deviam ser revistos em função das opiniões das associações de treinadores e de jogadores. Nós temos uma palavra a dizer no futebol. Somos nós os reais fazedores do desporto. Ao princípio, o Governo ajudou-nos na constituição da nossa associação, mas depois…nem local para o funcionamento da associação temos. Reunimos nos cafés e nas nossas casas. Não temos dinheiro. A quotização é diminuta para não dizer que muitos dos treinadores não recebem.

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