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“Nunca tive dúvidas de que não podia continuar Presidente da Frelimo

Por admin

Armando Guebuza, antigo estadista moçambicano, dissipa equívocos em torno da sucessão na Frelimo e salienta que em nenhum momento pensou em estar no poder para sempre. “Nunca tive dúvidas de que não podia continuar Presidente da Frelimo”, disse numa entrevista à agência LUSA, publicada semana passada.

Na referida entrevista, Guebuza terá assegurado que não voltaria à política activa e revelou que a decisão de abandonar a liderança da Frelimo já estava tomada antes do último Comité Central, realizado na província de Maputo.

A LUSA refere que o antigo estadista respondeu categoricamente "não" quando questionado se admitia um regresso à política activa, depois de, em janeiro, ter abandonado a Presidência da República e, dois meses mais tarde, a liderança da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), partido maioritário há 40 anos.

"Sou antigo Presidente e por conseguinte vou fazer o papel de antigo Presidente, estudando aquilo que posso fazer para dar o contributo no reforço do prestígio deste país", declarou.

Nas primeiras declarações públicas desde a última reunião do Comité Central, Armando Guebuza lamentou "equívocos" sobre a decisão de se afastar da presidência da Frelimo, e apontou artigos na comunicação social que especulavam sobre a sua permanência sem que tenha sido questionado.

A LUSA refere que antes da reunião (do Comité Central), o porta-voz do partido tinha adiantado que a sucessão da presidência da Frelimo não constava da ordem de trabalhos, mas, no final, Guebuza demitiu-se e deu lugar a Nyusi, terminando as especulações e também a alegada existência de dois centros de poder em Moçambique, atingindo a capacidade de liderança do novo chefe de Estado.

"Já tinha a decisão tomada [antes da reunião], afirmou Armando Guebuza, não esclarecendo em que momento o fez: "Já tinha e isso é que é importante", observou na referida entrevista , acrescentando que a sua escolha "foi a correta e vai garantir a coesão interna do partido".

"Nunca tive dúvidas de que não podia continuar como presidente da Frelimo", enfatizou o ex-líder partidário, considerando que o seu sucessor na força política e na Presidência da República está a ir "muito bem".

"Foi aprovado o plano Quinquenal [do Governo], o Plano [Económico e Social] anual, o Orçamento [do Estado],o Presidente já fez três presidências abertas [até à data da entrevista], procurou resolver, com o sucesso possível dados os nossos recursos parcos, o problema das cheias, das calamidades que tivemos, e deu uma resposta à xenofobia [na África do Sul], que não fazia parte destes cem dias [iniciais de mandato] mas que apareceu, só para citar algumas coisas", disse Armando Guebuza.

O ex-Presidente da República elogiou também o esforço de diálogo do seu sucessor, nomeadamente ao encontrar-se com Afonso Dhlakama, líder da Renamo , no seguimento da crise pós-eleitoral entre Governo e oposição, mas também com Daviz Simango, presidente do MDM (Movimento Democrático de Moçambique), e partidos extraparlamentares e ainda com a sociedade civil.

Guebuza disse ainda que concorda que a chegada ao poder de Nyusi, o primeiro Presidente que não participou diretamente na luta de libertação nacional, tem um alcance geracional e criou "muitas expetativas, não só na juventude do partido e outras tendências, e permite ver que, afinal de contas, se pode obter mudanças na democracia interna" da Frelimo.

"A força da mudança", 'slogan' nas campanhas eleitorais do partido maioritário "é isso", sustentou, manifestando na entrevista à LUSA que a sua convicção de que "a Frelimo vai fazer todos os possíveis para continuar a merecer a confiança da população".

Sobre o seu futuro, Armando Guebuza referiu que vai concentrar-se no "aumento do prestígio" de Moçambique, "para que o povo fique cada vez melhor e o país seja respeitado como um Estado de direito democrático", e admitiu que a sua ação se alargue à resolução de conflitos no estrangeiro.

 

 

 

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