Nacional

Município investe no transporte de massas

Texto de Benjamim Wilson

O Conselho Municipal de Maputo está apostada na introdução do transporte de massas na capital do país, um modelo que se encontra em operação em diversos países do mundo.

 

Presentemente, está a decorrer um estudo relacionado com o projecto executivo com vista a materialização do processo de implementação do designado “BRT”, também denominado “Bus Rapid Transport”.

Paralelamente, está a ser elaborado um estudo de impacto ambiental, uma vez que este projecto compreenderá a ampliação de vias e a demolição de infra-estruturas conexas às estradas.

Este projecto faz parte do Plano Director de Transportes e Mobilidade desenhado para a nossa urbe, o qual compreenderá três fases de implementação, designadamente 2018, 2025 e 2035.

Com a implementação deste meio de transporte, tal como sucede em muitas cidades mundiais, as pessoas não necessitam de levar as respectivas viaturas para os serviços, bastando recorrer às carreiras do “BRT” para alcançar o destino pretendido.

Ainda com a implementação destes serviços, os actuais transportadores funcionarão como uma espécie de alimentadores, através do transporte de pessoas das respectivas zonas de residência para os terminais e paragens do sistema “BRT”.

Prevê-se a introdução de dois corredores, designadamente “Baixa-Praça da Juventude”, com uma ramificação para o “Museu” e, o outro, “Baixa-Zimpeto”, sendo este último através da Estrada Nacional Número Um (EN1).

SONHAR DIFERENTE

Até Setembro do próximo ano prevê-se que estejam concluídos os estudos que estão a decorrer relativamente à implementação do corredor número um, aquele que ligará a Baixa da cidade e a Praça da Juventude, esta última localizada no bairro de Magoanine.

Concluída a fase do projecto executivo, de acordo com Obadias Djedje, director do pelouro de Transportes e Trânsito da Cidade de Maputo, seguir-se-á o processo de execução do projecto, o qual deverá estar concluído até finais de 2017.

O projecto compreende a ampliação de vias, uma vez que a linha do “BRT”, funcionará no eixo das artérias, numa extensão de cerca de 12 metros de largura, com dois sentidos.

Feitas as contas, as actuais vias, sobretudo aquelas por onde passarão às linhas do “BRT”, deverão possuir, além das duas linhas específicas do novo transporte, quatro faixas de rodagem para viaturas particulares e não credenciadas, incluindo os passeios nas bermas.

No corredor “Baixa-Magoanine”, estão previstos terminais na Praça da Juventude, Praça dos Trabalhadores e no Museu, sendo que, o percurso será feito pela Avenida Julius Nyerere até à Praça dos Combatentes, Avenida das FPLM, Avenida Acordos de Lusaka, Avenida Guerra Popular, desaguando na Praça dos Trabalhadores.

A ramificação para o “Museu” será feita a partir da intercepção na zona do “Ponto-Final”, compreendendo a Avenida Eduardo Mondlane, “Mártires da Machava”, “24 de Julho”, “Rua dos Lusíadas” e o “Museu”.

Neste corredor, segundo soubemos, está prevista a instalação de 22 paragens, cujo modelo e características assemelham-se ao tipo de transporte que irá funcionar no sistema “BRT”.

Obadias Djedje referiu que, no que concerne ao corredor 1, os estudos até aqui desenvolvidos perspectivam que cerca de 18.500 passageiros poderão se beneficiar daqueles serviços por hora e um milhão e 660 mil por dia.

Neste projecto, estão por definir a frequência dos autocarros, os respectivos horários, bem como o número de unidades a serem introduzidas no período operacional.

O maior terminal daquele percurso ficará situado na zona da Praça da Juventude, na entrada de “Magoanine”, onde irá ser instalada a sala controle de tráfego do sistema “BRT”.   

LUX DE CATIVARO

Segundo apurámos, os autocarros a adquirir oferecem comodidade e conforto aos utilizadores, além de possuir uma frequência facultativa.

Em termos tarifários, prevê-se que esteja ao nível da satisfação de todos os segmentos da sociedade, não devendo representar custos incomportáveis para os utilizadores.

A principal particularidade que encerra a introdução deste sistema “BRT” prende-se com o facto de, durante a fase operacional, funcionar sob o prisma do respeito pelo horário e da frequência de circulação.

Trata-se de um sistema descrito como sendo vantajoso pelo facto de possibilitar uma melhor mobilidade na cidade, devendo os automobilistas optarem por não usarem viaturas particulares para se deslocarem para o centro da urbe.

As paragens, em termos descritivos, possuem um piso elevado, adequado à altura do autocarro, permitindo aos passageiros entrarem em linha recta sem necessitar de subir qualquer degrau.

Para aceder à zona de embarque, a pessoa só poderá fazê-lo após a compra do bilhete de passagem, havendo especificações restritas de movimentação para os potenciais utilizadores.

Define-se que, neste projecto, ao nível dos cruzamentos, as prioridades serão para a linha do “BRT”, devendo ser instalados, além de semáforos, controladores semafóricos inteligentes, os quais operarão com base em sensores.

Como meios circulantes, está prevista a introdução de autocarros articulados, do género dos famigerados “Ícarus”, unidades de fabrico húngaro que operaram em Moçambique, na década de 80, podendo cada uma transportar perto de 200 passageiros.

O passageiro, além da vantagem de mobilidade que aquele tipo de transporte oferece, pode beneficiar de ar-condicionado e de rádio ao longo da viagem.

Refira-se que, o sistema “BRT”, foi implementado pela primeira vez em Curitiba, no Brasil, tendo se replicado em cerca de 20 cidades dos estados americanos, com um total de 27 corredores operacionais.

Na Europa, conforme dados estatísticos, cerca de 42 cidades, com 51 corredores em operação, estão a beneficiar daquele serviço, enquanto na Ásia, 25 cidades beneficiam do sistema “BRT”. Mas a maior utilização do sistema é feita na América Latina. Aqui, o mesmo está implantado em 50 cidades, possuindo um total de 145 corredores de linhas daquele tipo de transporte.

No continente africano, o sistema “BRT” opera em três cidades, podendo a cidade de Maputo se tornar na quarta urbe que implementa aquele tipo de transporte de massas.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Artigos Relacionados

Botão Voltar ao Topo