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Multiplicam-se casos de sarcoma de kaposi

.De acordo com dados do Ministerio de Saude as mulheres são mais afectadas pelo cancro que os homens, com uma taxa de 57 por cento contra 43

O Ministério da Saúde (MISAU) revela preocupação face ao crescimento de casos de Sarcoma de Kaposi no país. Em plena semana de luta internacional contra o cancro (que hoje termina) domingo traça o quadro da epidemia.

Ministério da Saúde revela preocupação com a frequência de Sarcoma de Kaposi, forma de cancro que afecta mais homens que mulheres.

Esta manifestação de cancro está na dianteira dos casos registados pelas autoridades sanitárias moçambicanas (1050 casos nos últimos três anos), havendo indícios que mostram que está associada a expansão da pandemia do HIV.

Logo a seguir destacam-se os cancros do colo do útero (que em três anos registou 907 casos), da próstata com  (532), do fígado (505) e o de mama 442.

O QUE É SARCOMA DE KAPOSI

Pacientes com este cancro têm muitas lesões e manchas de cor violácea na pele e, às vezes podem ter nódulos na pele como também nos órgãos. Ainda mais, esta doença afecta os pulmões, intestinos e fígado. Contudo, é mais frequente na pele.

As pessoas que têm insuficiência renal ou outros transplantes de órgãos também estão em risco de sarcoma de Kaposi.

A chefe do Programa Nacional do Controle de Cancro, Cesaltina Lorenzoni , disse que este cancro não é contagioso e, apesar de ser muito agressivo, é curável com quimioterapia.

CANCRO DO COLO

DO ÚTERO É CONTAGIOSO

“O cancro contagioso é o de colo de útero, porque se adquire através de transmissão sexual. Então, se as relações sexuais não são protegidas este vírus vai passando. Só que a progressão deste pode levar 10 a 20 anos. Isso quer dizer se a pessoa tiver o cancro não está relacionada aquela com quem teve relações recentemente. Normalmente não se manifesta nos homens”,referiu a chefe do Programa Nacional de Controlo de Cancro.

Cesaltina Lorenzoni referiu que o cancro de colo de útero está a desafiar as autoridades da saúde, tudo porque ainda não existe um sector e nem equipamento para o seu tratamento.

Pacientes com este cancro são na sua maioria tratadas fora do país, África do Sul e Europa. O facto preocupa tanto as autoridades, assim como a comunidade em geral, porque maior parte dos pacientes não têm condições para suportar as despesas do processo como viagem, estadia, assim como o tratamento.

Para o efeito, estão em curso no Hospital Central de Maputo, as obras de construção do centro de tratamento desta doença através de radioterapia.

As mesmas decorrem desde Outubro do ano passado, 2014, e poderão estar prontas no final do ano em curso.

A entrada em funcionamento deste sector vai aliviar o sofrimento de muitos pacientes e será mais um desafio para as autoridades da saúde, uma vez que será o único a funcionar no país.

De referir que actualmente o país conta com dois hospitais com serviços de tratamento de cancro (Oncologia), nomeadamente Hospital Central de Maputo e Hospital Central da Beira. Os mesmos fazem igualmente os diagnósticos da doença juntamente com o de Nampula.

EXPANSÃO DE SERVIÇOS DE RASTREIO

A chefe do Programa Nacional do Controle de Cancro, Cesaltina Lorenzoni, referiu que a sua direcção tem plano de expansão dos serviços de diagnóstico e rastreio de cancro para diferentes partes do país. A medida visa encurtar as distâncias que existem entre as comunidades e estes serviços.

A nossa entrevistada ressalvou que este ano entrará em funcionamento uma unidade autónoma no Hospital José Macamo que servirá apenas para o diagnóstico de cancro do colo de útero e da mama.

Ainda este ano vai abrir novo serviço de anatomia patológica completa no Hospital de Mavalene.

“Brevemente teremos instalações em Quelimane e Tete. As unidades autónomas podem não funcionar com médicos especialistas, mas também podem com técnicos superiores em anatomia patológica. Estes vão fazer o rastreio e, no caso de dúvida, vão encaminhar para os serviços de referência nacional que são Central de Maputo e centrais da Beira e Nampula”, esclareceu a nossa entrevistada.

País tem falta

de especialistas em Oncologia

Moçambique conta com poucos médicos especializados para diversas áreas específicas de cancro, tendo actualmente três médicos oncologistas e oito de anatomia patológica moçambicanos (cinco estão afectos no Hospital Central de Maputo, dois na Cidade da Beira e um em Nampula).

A situação desafia as autoridades sanitárias uma vez que nos últimos tempos a procura dos serviços de anatomia patológica está a crescer e os casos de cancro estão igualmente a aumentar.

“Neste momento conseguimos atender maior parte das solicitações, mas temos que ter em conta que é preciso ter maior cobertura. Com três oncologistas e oito patologistas, obviamente que é difícilresponder a demanda”, sustentou Cesaltina Lorenzoni.

PLANO ESTRATÉGICO

DA PREVENÇÃO DE CANCRO

Segundo aquela médica, uma das formas de controlar a expansão de cancro assenta no diagnóstico precoce.

Para o efeito, foi aprovado o Plano Estratégico na área de prevenção e controlo do cancro e em 2014 foi criado o Programa Nacional de Controlo de Cancro que tem o objectivo de reduzir a mortalidade, para além de melhorar a vida dos pacientes através da implementação sistemática equitativa das estratégias que são baseadas em evidências e que abarcam a parte de prevenção precoce, diagnóstico, tratamento e cuidados paliativos.

Segundo Cesaltina Lorenzoni já foi formado um grupo de técnicos e, em parceria com algumas organizações, está sendo redesenhado um plano estratégico deste programa.

Casos de cancro

aumentam em 21 por cento

Informações epidemiológicas disponíveis sobre neoplasias malignas em Moçambique ainda são escassas, no entanto dados do serviço de Anatomia Patológica do Hospital Central de Maputo e do registo populacional de cancro da Cidade da Beira indicam que de 1991 a 2012 houve um aumento em 21 por cento de casos diagnosticados.

O aumento deve-se há vários factores de risco, como existência de mais indústrias nas proximidades das residências populacionais, a exposição das pessoas ao fumo de tabaco, maior consumo de gorduras, entre outros.

O Hospital Provincial de Nampula iniciou no mês passado, Janeiro, registo de cancro naquela província. O processo irá permitir a aferição da situação real desta patologia naquele ponto do país.

Abibo Selemane

habsulei@gmail.com

Fotos de Carlos Uqueio

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