ISABEL JEREMIAS
Pelo menos 746 alunos, na sua maioria do ensino primário, abandonaram os estudos no presente ano lectivo, no distrito de Vanduzi, província de Manica, para se dedicarem à exploração mineira artesanal de ouro, sendo que no ano passado, houve um registo de 527 desistências.
A maioria dos alunos é da área conhecida por Seis Carros, no posto administrativo de Púnguè Sul, e, do total de desistências ocorridas este ano, 319 correspondem a raparigas, facto que está a preocupar as autoridades governamentais e educacionais da província, pela vulnerabilidade acrescida deste grupo.
A governadora da província de Manica, Francisca Tomás, manifestou preocupação com o fenómeno, sublinhando que muitas escolas se encontram quase vazias, uma vez que as crianças e adolescentes estão cada vez mais envolvidos na caça ao ouro, em detrimento dos estudos.
“O garimpo está a roubar o futuro das nossas crianças. A educação é o pilar fundamental para o desenvolvimento de qualquer nação. Por isso, pedimos aos pais e encarregados de educação para que incentivem os seus filhos a permanecerem na escola”, apelou.
A governadora exortou igualmente aos líderes comunitários e religiosos a desempenharem um papel activo na reintegração dos alunos, sobretudo das raparigas, ao sistema de ensino, garantindo que nenhuma criança fique para trás.
“Devemos denunciar todos os pais que enviam os filhos para as minas ou para outras actividades que comprometem o processo de ensino e aprendizagem”, frisou.
A informação foi avançada durante um comício popular realizado na sede do distrito de Vanduzi, inserido na visita de dois dias que a governadora efectua à região, com o objectivo de monitorar as actividades em curso.
Durante a sua estada, Francisca Tomás mantém encontros com diferentes extractos sociais, incluindo líderes comunitários, agentes e funcionários do Estado, bem como visitas a empreendimentos económicos locais.

