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Magumbwa : um intérprete da vontade indomável do povo

Por admin

O povoado de Bábelo, na Localidade de Messumba, distrito de Lago, província doNiassa, foi esta semana, palco de um movimento pouco comum por conta da cerimónia de homenagem ao herói

 Francisco Orlando Magumbwa. O evento movimentou centenas de pessoas oriundas de diferentes pontos do país que convergiram para aquela pacata unidade territorial.

Circundado pelo Lago Niassa e por praias semi-virgens, com destaque para a de Chuanga, o povoado de Bábelo, à parte a sua condição de atracção turística natural, inscreveu-se na História Politica do país por ter sido o lugar onde no longínquo ano de 1940 caiu o umbigo de Orlando Magumbwa.

Magumbwa, que teve uma infância similar a de qualquer outra criança que tenha nascido no meio rural e no seio de uma família a todos títulos pacata, cometeu, ainda que a título póstumo, a proeza de influenciar com a sua vida e obra a elevação do povoado, que o viu nascer, a património histórico-cultural do país.

Aliás, esta homenagem enquadra-se no âmbito da decisão do Governo moçambicano de valorizar de forma contínua e regular a história e cultura dos moçambicanos e sobretudo a vida e obra dos filhos desta pátria que se destacaram nas várias fases da edificação desta nação.   

Ademais, o nome de Orlando Francisco Magumbwa já é familiar em muitos dos citadinos da cidade capital, e não só, uma vez que o mesmo foi atribuído a uma das ruas no bairro da Polana Cimento, uma das zonas mais nobres da cidade de Maputo, mercê do valor da obra e legado deixados.

É assim que o Presidente da Republica (PR), Armando Guebuza, ao se referir à vida e obra de Orlando Magumbwa não hesitou em afirmar que a convergência de centenas de cidadãos àquele ponto do paísvisava celebrar o exemplo de uma vida que se inspirou no espírito de resistência do nosso Povo contra a penetração estrangeira, para se forjar como combatente abnegado pela causa da liberdade e independência do heróico Povo Moçambicano.

“Viemos celebrar a vida de um herói, um intérprete da vontade indomável do nosso Povo de, conquistada a independência nacional, continuar a lutar pelo seu bem-estar. Viemos exaltar e celebrar a vida de um compatriota, cuja imagem, energia e sorriso contagiantes ainda vivem nas nossas mentes e no imaginário daqueles que com ele escreveram páginas inapagáveis da nossa História”.

Segundo Guebuza, o homenageado Francisco Orlando Magumbwa juntou-se aos outros obreiros da nacionalidade mocambicana para “demonstrar à dominação estrangeira que as labaredas do fogo da resistência dos nossos antepassados à sua penetração tinham apenas se transformado em fogo latente. Um fogo embrionário que, desde 25 de Junho de 1962, tinha subido de categoria para se transformar em torrentes incandescentes de um vulcão”, disse Guebuza.

Conforme destacou o PR, ainda jovem, Francisco Orlando Magumbwa descobriu como o sistema de dominação estrangeira se tinha estruturado de modo a criar barreiras para o acesso dos africanos à formação e ao progresso social.

“Todavia, ele não se sentiu desencorajado e enfrentou esses obstáculos com determinação, inteligência e persistência, até fazer o seu curso de enfermagem. Seria esta profissão que o colocaria, de forma mais directa e intensa, com o nosso Povo”, disse Guebuza.

Prosseguindo, o Chefe do Estado referiu que através deste contacto directo com o quotidiano de mais moçambicanos sofredores, ele reforçou a sua convicção de que para além das doenças que tratava, no seu dia-a-dia, ele podia preparar-se para tratar uma outra doença mais grave ainda que também afectava os moçambicanos: esta doença chamava-se dominação estrangeira!

“Na verdade, com a formação da FRELIMO e o envio dos combatentes da Luta de Libertação Nacional para o interior de Moçambique, a vida na nossa Pátria Amada não mais seria como fora antes. As mudanças, que seriam protagonizadas e lideradas pela FRELIMO, a favor do nosso Povo muito especial, começaram a ganhar corpo, dinamismo e crescente visibilidade”, apontou o PR.

Consta que Magumbwa, logo nos seus primeiros treinos na Base de Instrução de Mepoche, no Niassa Ocidental, destacou-se como “um nacionalista convicto, compatriota bem articulado e homem de fácil trato entre os seus companheiros da gloriosa e honrosa jornada de libertação da Pátria”, disse o Presidente.

Para além da parte político-militar que entrava no seu quotidiano, ele continuou a exercer a sua profissão de enfermeiro, tratando os guerrilheiros e a população. A sua entrega pela causa do povo não passou despercebida aos seus superiores hierárquicos.

E, de acordo com Armando Guebuza, foi neste quadro que o Herói Nacional Francisco Orlando Magumbwa foi seleccionado para frequentar um curso militar na antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). De regresso, e depois de uma passagem pelo emblemático Centro de Preparação Político-Militar de Nachingwea, para a moçambicanização dos seus conhecimentos adquiridos no exterior, ele foi destacado para o interior de Moçambique.

Como comandante de bases da FRELIMO, Francisco Orlando Magumbwa mobilizou a população para a defesa das Zonas Libertadas e para acções como produção, educação e saúde; assegurou a prontidão combativa dos guerrilheiros, sob sua responsabilidade.  

Outra proeza de Orlando Magumbwa tem a ver com o facto de ter montado emboscadas que causavam muitas baixas ao inimigo invasor, desmoralizando-o e criando-lhe dúvidas sobre quem dos seus homens sobreviveria para testemunhar a passagem do dia seguinte; organizou, com sucesso, operações de ataque aos aquartelamentos do inimigo, passando a mensagem de que nem nestas unidades militares se poderiam sentir seguros, a mensagem de que, talvez, só se poderiam sentir seguros fora de Moçambique.

“O percurso do Herói Nacional Francisco Orlando Mugumbwa é um exemplo vivo e dignificante de como a História nos dá a oportunidade de participarmos na sua redacção e enriquecimento. O Dia de hoje constitui-se numa feliz ocasião de celebração da vida e obra de um compatriota que, com determinação e bravura, se empenhou em vencer muitos obstáculos para escrever belas páginas da História de Moçambique”, disse Guebuza.

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