Editorial

Hoyo hoyo, 2016!

Estamos já no novo ano de 2016, por isso dizemos hoyo hoyo ano novo, bem-vindo 2016. Este ano é bissexto, com 366 dias, pois Fevereiro terminará no dia 29 e não 28 como nos anos comuns. Assim, só por isso, podemos considerá-lo um ano especial, que vai marcar a cada um, duma ou doutra maneira, conforme o que cada um fizer da sua vida.

Onovo ano representa sempre um corte psicológico em relação ao anterior, mas na realidade, é de certa forma a continuação objectiva, aparentemente interrompida por festejos dominados pelo consumismo extremo, propiciando, no entanto, alguma reflexão.

Digamos que o novo ano pode funcionar como uma espécie de chicotada psicológica no sentido de que o que lá vai, lá vai. Vamos recomeçar com ânimo novo. Enterremos o passado e dominemos o futuro, embora o futuro acabe por ser o passado ultrapassado, passado esse que nunca é passível de enterro, embora seja possível corrigir-lhe a orientação com a mudança de algumas agulhas.

Em termos gerais, já o sublinhámos no último editorial, o nosso país registou avanços em 2015, fora os sobressaltos com a continuação da tensão político militar e a derrapagem do metical.

 A mudança de equipa governamental com a subida do novo timoneiro, foi feita sem sobressaltos, nem dramas e demonstrou a maturidade do nosso viver democrático, garantindo-nos que o 2016 poderá ser mais um ano de paz, paz que para nós significa desenvolvimento: criação de condições que permitam ao cidadão moçambicano viver contente consigo mesmo.

Em 2015, subiu ao pedestal o Presidente Nyusi, com um discurso animador e que incutiu esperança nos moçambicanos. Houve mudança de estilo, traçaram-se novas metas, anunciaram-se novos propósitos, definiram-se rumos, lançaram-se primeiras pedras, surgiram iniciativas.

Por isso, 2016 tem de ser o ano das grandes concretizações, dos lançamentos das últimas, antepenúltimas ou penúltimas pedras e tempo de continuadas e renovadas esperanças. Mas também ano de trabalho. De arregaçar as mangas e de produzir mais e melhor para reduzirmos as importações.

 Mas também é ano de testes e de exames para uma equipa governativa que até agora traçou com concordância maioritária o seu plano temático, restando-lhe preencher, no dia-a-dia, o plano analítico, ou seja, as alíneas em que se desenrola, em termos micros, o grande plano de desenvolvimento nacional.

É um ano de grandes desafios para todos os moçambicanos, a começar pela questão da consolidação da paz. A paz estará sempre ameaçada enquanto persistirem discursos e actos belicistas.

Estes discursos coartam a liberdade e fazem-nos reféns do medo, pois não podemos desenvolver normalmente a nossa vida, sem pensar que ao virar da esquina podemos ser emboscados. Paz é desenvolvimento e desenvolvimento é o novo nome da paz. Não há desenvolvimento sem paz.    

Outro aspecto essencial será o alavancar da nossa economia e voltar a metê-la nos carris do crescimento, longe das trepidações que a abalaram no ano findo. Deve ser alavancada como uma produção interna e sustentável (um termo agora muito em voga) e com uma redução drástica das importações. Somos um país que importa tudo e por isso estamos logo à mercê de qualquer que seja o factor externo.

Como já o referimos diversas vezes nesta coluna e noutras, Moçambique não produz em quantidade e qualidade suficiente para saciar os cerca de 25 milhões de estômagos que perfazem a sua população. Mais de metade dos bens consumidos no país são importados, incluindo frangos, ovos, leite, trigo, farinha, arroz, palitos de dentes, papel higiénico, temperos, carne, peixe, para não mencionar meios de produção como combustíveis, energia eléctrica (para a região sul do país), equipamentos e máquinas, por isso a corrida às divisas é quotidiana.

Em todo o país, os mercados mostram-se abarrotados de produtos, entretanto, quase tudo o que está exposto é importado. Até brinquedos. Também se observa que, os poucos produtos agrícolas de origem nacional são vendidos pelo camponês que os semeou e colheu.

É o mesmo produtor que deve inventar meios para transportar os produtos, colocá-los no mercado, regatear preços e competir com intermediários e com produtos importados colocados à disposição da clientela em melhores embalagens, produzidos em melhores condições técnicas e financeiras, entre outros

Neste final do ano, o balanço feito pelo Chefe do Estado, Filipe Nyusi, pelo governador do Banco de Moçambique, Ernesto Gove, e pela equipa económica do Governo, em diferentes ocasiões e locais, demonstra que urge reverter o quadro da dependência externa.

O país precisa, de facto, de aproveitar o seu potencial agrícola, energético, turístico e de prestador de serviços para realizar profundas transformações económicas, que assegurem a elevação da produção e produtividade, a promoção das exportações, a substituição das importações e a geração do emprego”.

Como acima referimos, 2016 é um ano de arregaçar as mangas para o trabalho e um dos sectores que precisa de muitas mãos é o sector agrícola. Reforçar o desenvolvimento agrícola do país, com uma agricultura para servir o Homem.

Isto exige que se trace um plano coerente, exequível, com metas realistas a fim de criar condições para que o camponês comece a produzir em melhores condições, com mais abundância, com mais qualidade, com redes garantidas de escoamento da sua produção, com assistência técnica constante e adequada.

E devemos estar atentos aos factores conjunturais. Economistas de todo o mundo referem que a presente situação vai se manter inalterada em 2016 e que os sinais de recuperação da economia mundial são tímidos e ténues, daí que a aposta em medidas administrativas, sem o acompanhamento de investimentos na produção nacional podem se transformar rapidamente em “sol de pouca dura”.

 

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