Desporto

ASSEMBLEIA GERAL DA LIGA: LMF sugere novo figurino do “Moçambola”

 

• Dívidas acumuladas estão a sufocar o organizador do campeonato 

A direcção da Liga Moçambicana de Futebol (LMF) propôs em Assembleia-Geral ordinária aos clubes filiados a alteração do actual modelo de disputa do Campeonato Nacional de Futebol “Moçambola” por se revelar insustentável financeiramente. Os clubes torcem o nariz perante a proposta.

A crise financeira que abala o país está a deixar marcas no futebol e o órgão responsável pela gestão do “Moçambola” já se vê à nora para garantir a realização da prova, porque as empresas patrocinadoras estão a retirar-se e outras a reduzir o seu volume de patrocínios.

O orçamento do “Moçambola” há muito que é deficitário e a tendência da situação é agravar-se, o que impeliu a direcção da LMF a abrir o jogo aos clubes filiados.

Basta dizer que em 2016 a LMF rubricou contratos com diferentes parceiros num valor global estimado em 158 milhões de meticais e não recebeu cerca de 44 milhões desse montante devido a conjuntura económica.

Não desembolsaram valores prometidos as empresas Cervejas de Moçambique, Fundo de Promoção Desportiva, Mcel, Aeroportos de Moçambique, CMC, Comércio e Investimentos e Austral Seguros. Outras como ENH reduziram a sua comparticipação.

Por isso, as dívidas com os fornecedores de serviços estão a aumentar exponencialmente e ninguém sabe ao certo onde se vai parar.

A 30 de Novembro de 2015 a LMF devia a empresas hoteleiras e de transporte 30 milhões e 993 mil meticais. A 30 de Novembro de 2016, aos mesmos fornecedores, a dívida estava fixada em 62 milhões e 398 mil meticais.

A LAM tem maior factura (45.772.000), Transporte Pikas (352.000), Transporte Multiplos (461.241), Intersol Tours (420.800), Paraíso Misterioso (1.962.650), FPD – Vila Olímpica (5.705.100), Masenger Villa (452.400), Matola Multi Hotel (1.820.750), Pensão Ideal (1.082.999), Nova Nacala (1.603.560), Golden Peacock Resort (1.225.317), Hotel Massunguine (670.340) e Hotel Lúrio (869.065).

Ananias Couana, presidente da LMF, disse que olhando para as várias variáveis do “Moçambola” há algumas que são possíveis mexer para a viabilidade do campeonato.

Apontou o transporte aéreo como o principal constrangimento. Foi nessa base que sugeriu uma reflexão sobre um “Moçambola” com os clubes divididos em duas séries de oito clubes cada.

Nesse formato, o campeonato seria disputado em duas fases, apurando-se da primeira para a segunda as quatro melhores equipas de cada grupo, que disputariam a fase final num modelo semelhante ao actual.

– Isso permitiria reduzir substancialmente a factura do transporte aéreo, que constitui o grande encargo do “Moçambola”. O actual modelo é o desejado por todos nós, mas não se revela sustentável,sustentou Couana.O dirigente também sugeriu a alternativa da transferência de algumas despesas do campeonato aos clubes participantes, começando pelo alojamento a partir de 2018.

 

O valor que a LMF paga actualmente pelo alojamento dos clubes seria transferido para a despesa de transporte aéreo. Só este ano, de alojamento, serão gastos 13 milhões de meticais.

Os clubes não acolheram as propostas apresentadas e recomendaram um estudo profundo para a alteração do figurino do “Moçambola”, apresentando números concretos dos orçamentos envolvidos.

Junaid Lalgy, Vice-presidente do Clube do Chibuto, disse que o modelo actual é o ideal porque os clubes eliminados na primeira fase ficariam muito tempo sem competir. “Devemos pensar numa melhor planificação. Não podemos programar um evento e seus custos e depois sairmos à procura do financiamento. Aprovamos alargar de 14 para 16 clubes e depois saímos para procurar dinheiro”.

Lalgy defende que a melhor solução é reduzir o número de clubes participantes no “Moçambola”, mas essa decisão deve ser tomada com antecedência de pelo menos dois anos para os clubes entrarem em competição devidamente informados de quantos clubes descem de divisão.

João Raul, decano dirigente do Costa do Sol, observou que o actual modelo do “Moçambola” é uma conquista que não se pode perder. “Se dividimos em séries como vamos desenvolver o futebol? Retirando o alojamento aos clubes estaremos a desenvolver o futebol?”

Rafik Sidat, presidente da Liga Desportiva de Maputo, foi mais simpático com a proposta da LMF. Entende ser este o momento de debater sem reservas o modelo do campeonato nacional. Porquê?

– Quando faço contas, em 2014 a Liga Moçambicana de Futebol tinha um défice de 58 milhões. Em 2015 passou para 80 milhões e hoje falamos de 101 milhões de meticais. Anualmente, o buraco está a aumentar, por isso a minha conclusão é de que este modelo é insustentável mesmo considerando o dinheiro que temos a receber das transmissões televisivas dos anos passados.

O dirigente frisou que todos dirigentes devem encarar com preocupação a situação porque as dívidas são de todos não apenas da direcção. “Não sei onde vamos parar porque o buraco está a aumentar anualmente”.

No final ficou a recomendação de alargar o debate a mais actores desportivos, incluindo o Governo através do Ministério da Juventude e Desporto.

Textáfrica clama por apoios

O presidente do Textáfrica, representante da província de Manica no “Moçambola”, Michel Ussene, disse que a sua equipa está preparada para competir na prova nacional de futebol, onde vai lutar para a manutenção.

Para o efeito, a equipa técnica tem 28 jogadores, dos quais três estrangeiros, sendo dois argentinos e um paraguaio. A equipa conta ainda com sete jogadores que militavam no campeonato provincial local na edição da época passada, 2016.

Acrescentou que foi reabilitado o campo onde vai realizar as suas partidas. Os trabalhos consistiram na colocação de nova relva, reabilitação dos balneários, lar dos jogadores e as bancadas, cuja capacidade é de cinco mil espectadores sentados.

No entanto, Michel Ussene revelou que a sua direcção não está bem financeiramente. Para o efeito, precisa de um patrocinador que possa ajudar a suportar as despesas da presente época futebolística.

Debatemo-nos com a falta de fundos para sobreviver durante esta época. O valor que tínhamos serviu para intervir no estado das nossas infra-estruturas que se encontravam totalmente degradadas, disse Michel Ussene.

O nosso entrevistado revelou que caso a equipa não consiga um patrocinador vai enfrentar inúmeras dificuldades para atender as necessidades da colectividade.

Precisamos de 18 milhões de meticais para cobrir a presente época. Esse dinheiro ainda não temos nos nossos cofres. Já pedimos algumas entidades, mas a resposta não foi satisfatória, continuamos a bater as portas,disse.

Num outro desenvolvimento, anunciou que a sua direcção tem outros planos para a presente época, entre os quais o inicio das obras de construção de um campo olímpico com a capacidade de 15 mil lugares. Esta infra-estrutura será erguida nas imediações do campo de futebol. Está também agendado o início da construção dum centro de formação de jogadores.

UP Lichinga preparada

Jacinto Guila, da Universidade Pedagógica de Lichinga, província de Niassa, disse que a sua equipa está pronta para fazer parte do campeonato e conseguir bons resultados que podem ajudar na concretização dos objectivos.

Para tal, Guila disse que a equipa técnica está a trabalhar desde o passado mês de Janeiro com 28 jogadores, alguns destes poderão ser substituídos ao longo da época.

Para permitir a prática de melhores partidas em Lichinga, o Estádio 1º de Maio beneficiou de algumas intervenções que consistiram no melhoramento do piso, o estado da relva, assim como a limpeza ao redor do recinto desportivo.   

Trabalhamos para não decepcionar o público, assim como os nossos adversários. Para isso contratamos novo treinador e jogadores. O nosso objectivo nesta época é garantir a manutenção, disse.  

Macuacua promete alegria a Manjacaze

O secretário executivo da Associação Desportiva de Macuacua, um dos representantes da província de Gaza, Edson Mondlane, disse que a sua equipa vai realizar os primeiros jogos no campo do Chibuto, uma vez que as obras de construção do seu campo ainda não terminaram.

As obras de construção do campo estão paralisadas por causa da chuva. Contudo, garantiu que mesmo realizando fora os seus jogos a sua equipa veio para ficar no “Moçambola”, e para a presente edição o objectivo é posicionar-se em primeiro lugar.

Estamos a preparar a prova desde o mês de Outubro. Estão criadas as mínimas condições que nos possam ajudar a dar alegria ao nosso público, concretizar o nosso sonho, que é levar pela primeira vez o trofeu para a nossa província, disse Edson Mondlane.    

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                        Taxas preocupam clubes

 

Os clubes renovaram na Assembleia-Geral da LMF a sua preocupação relativamente ao agravamento de diferentes taxas cobradas pelas associações provinciais e federação de futebol.

Os clubes comungam que é exagerada, por exemplo, a actual taxa de sustentabilidade, fixada em 12 mil e 500 meticais. Esta taxa é paga pelo clube por cada jogo do “Moçambola” à respectiva associação de futebol.

Junaid Lalgy, Vice-presidente do Clube do Chibuto, contestou a taxa de transferência de jogador fixada em vinte mil meticais. “Um jogador que terminou contrato por que precisa de carta do clube anterior para ser inscrito. Por que nos cobram vinte mil meticais? Por inscrição dum jogador estrangeiro cobram-nos 27 mil meticais. Esse dinheiro é muito”.

João Raúl, do Costa do Sol, defendeu que as taxas em vigor estão a matar o futebol porque os clubes não podem conseguir pagar, por exemplo, 500 meticais por cada inscrição dum jogador júnior à associação provincial.

Raki Sidat, da Liga Desportiva de Maputo, rematou nos seguintes termos:

– Com estas taxas altas que nos cobram, estamos a pagar mordomias dos dirigentes das associações e federação.

Vilankulo via terrestre

A Liga Moçambicana de Futebol esticou as negociações com as Linhas Aéreas de Moçambique para garantir o transporte aéreo para Vilankulo, mas não conseguiu.

As negociações prolongaram-se até quinta-feira passada, e a transportadora aérea foi relutante na sua posição inicial de não garantir avião para os clubes do “Moçambola”. Esta situação ditou, inclusive, a emissão tardia do comunicado de marcação dos jogos da primeira jornada.

Apenas nesta jornada inaugurar haverá avião para Vilankulo, com o Ferroviário de Nampula a ser o clube bafejado pela sorte. Nas jornadas seguintes, os clubes serão transportados via terrestre, situação que não se afigura fácil para o ENH de João Chissano, sobretudo se considerarmos o facto de ter que realizar pelo menos dez jogos a meio da semana nesta edição do “Moçambola”.

Também não foi possível garantir avião para Chimoio, pelo que os clubes visitantes do Textáfrica terão que escalar a cidade da Beira, donde seguirão para a capital provincial de Manica via terrestre.

Texto de Custódio Mugabe

custodio.mugabe@snoticicas.co.mz
 

One Comment

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