Política

DIA DA PAZ E RECONCILIAÇÃO NACIONAL: Matanças da Renamo devem ser repudiadas

O Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, reafirma o seu compromisso de tudo fazer para que a paz prevaleça em todo o território nacional, ao mesmo tempo que apela ao povo moçambicano a não se cansar de repudiar as matanças protagonizadas pela Renamo.

Filipe Nyusi, que falava a jornalistas na Praça dos Heróis momentos depois de depositar uma coroa de flores pela ocasião da passagem do vigésimo quarto aniversário do Acordo Geral de Paz (AGP), pediu a população a se manter calma, unida, coesa e vigilante face às ameaças da Renamo.

“O país assinala hoje (terça-feira) 24 anos do AGP que pôs fim aos 16 anos de devastação do território moçambicano. O acto assinala-se sobre a nuvem de desestabilização levada a cabo pela mesma força que em 1976 mudou pela negativa o rumo do país, o que desvaloriza o acordo celebrado. Portanto, no lugar de estarmos em celebração, estamos mergulhados no momento de reflexão”,disse o Chefe de Estado.

Segundo defendeu, quando o Governo escolheu o caminho do diálogo era para pôr fim à guerra de desestabilização movida pela Renamo e materializar a vontade do povo moçambicano de como irmãos encontrarmos os melhores caminhos para a solução das suas diferenças.

Para o Presidente da República, a Renamo continua a desvalorizar o AGP não obstante estar inserida na sociedade e vê a paz de forma diferente devido à sua ganância pelo poder sem observância das normas constitucionais.

No entender do Chefe de Estado, o AGP assinado em Roma em 1992 mostrou a vontade do Governo de junto do seu povo abrir uma nova agenda de desenvolvimento. “A paz é para nós o condimento mais importante para a prossecução de todos os projectos de desenvolvimento económico e social do nosso país”.

“Não podemos continuar a procurar justificativos em processos onde todos participámos e testemunhámos para matar a esperança do povo moçambicano. Como Presidente reitero o meu compromisso de continuar a fazer tudo para que os moçambicanos não tenham receio de visitar os seus familiares, desenvolver as suas actividades e percorrer as estradas do nosso país”,sublinhou Filipe Nyusi.

Acrescentou que os ataques que a Renamo tem levado a cabo em diferentes pontos do país destroem o sonho colectivo do desenvolvimento dos moçambicanos, “tornando-nos reféns de uma agenda de desestabilização que recusámos há mais de 24 anos”.

“Mesmo estando evidente que a Renamo não quer a paz não nos podemos cansar de mostrar o nosso repúdio pela matança dos nossos compatriotas, mas também a nossa abertura para mudarmos este rumo dos acontecimentos. Nos esforços para restauração da paz mostrámos a nossa disponibilidade para o diálogo, indicámos uma equipa para junto da Renamo produzir e propor agenda do encontro com o líder da Renamo, Afonso Dhlakama”,disse o Chefe de Estado.

Destacou que nesses esforços não se pode permitir a violação da Constituição da República com intuito de satisfazer as pretensões da Renamo. 

Na ocasião, Filipe Nyusi apelou aos moçambicanos a estar cada vez mais vigilantes e repudiar veemente as acções belicistas da Renamo. “Esta é a forma que a Renamo encontrou para pressionar o povo moçambicano a entregar aquilo que não pode constitucionalmente, estaremos vigilantes para evitar que esses actos se repitam infinitamente”.

“Estamos solidários com todo o povo que se vê obrigado a mudar a sua rotina devido aos ataques da Renamo. A partir desta Praça dos Heróis Moçambicanos apelamos a todo o povo para que continuemos a materializar a nossa agenda do desenvolvimento que ela pretende desviar, pelo que continuemos a produzir por forma a reduzir o custo de vida e vigilantes, e numa única voz repudiemos o atraso ao desenvolvimento que nos está a ser imposto pela Renamo”,frisou o Presidente da República para quem as Forças de Defesa e Segurança continuarão a defender vidas e bens dos moçambicanos conforme a sua missão constitucional.

Renamo pretende outro acordo

que depois não o vai cumprir

 – Armando Guebuza, negociador-chefe do Governo

O negociador-chefe do Governo e antigo Presidente da República, Armando Emílio Guebuza, diz que valeu a pena rubricar o AGP por ter posto termo ao conflito armado que durou 16 anos, entretanto, apelou aos moçambicanos para trabalharem no sentido de acarinhar a paz.

“Valeu a pena ter conquistado a paz. Mas também é necessário preservá-la e para isso temos de acarinhá-la. Ou seja, todos nós temos de continuar a trabalhar para que a verdadeira reconciliação entre os moçambicanos se manifeste no dia-a-dia”,disse Armando Guebuza.

Questionado sobre o que está a faltar para que os moçambicanos tenham paz perene, Guebuza respondeu que tudo se deve à ambição desmedida da Renamo que pretende alcançar o poder à força.

“O problema é que não são todos os moçambicanos que acarinham a paz. É um facto que estamos assim porque existe a Renamo que tenta a todo custo alcançar o poder sem respeitar as leis que ela própria aprovou como é o caso da Constituição da República e da legislação que regeu as últimas eleições gerais. Portanto, aquele partido promove assassinatos dos cidadãos inocentes, para colocar o povo contra o Governo”,disse Guebuza ressalvando que tal como no passado o partido de Afonso Dhlakama pretende assinar mais acordos para depois não os obedecer.

Acordo bem negociado

mas mal implementado

– Raul Domingos, negociador-chefe da Renamo

“O Acordo foi bem negociado mas teve a infelicidade de ser mal implementado. Portanto, 24 anos depois existe o reconhecimento de que há aspectos que não foram devidamente tratados, entretanto identificados e acredito que os passos a seguir são de correcção”,palavras de Raul Domingos, negociador-chefe do AGP pela Renamo.

Acrescentou que entre os aspectos não implementados e que agora põem em causa a paz está a questão da despartidarização do Estado com particular enfoque para as Forças de Defesa e Segurança, a inclusão política económica e social e, por fim, a reconciliação nacional.

“Vários são os aspectos determinantes para a não implementação efectiva do acordo, o principal é a falta de vontade política. Enquanto tivermos um grupo que se auto-proclama legítimo representante do povo moçambicano nunca haverá paz. É preciso aceitar que Moçambique é um país de diversidades e todos os moçambicanos têm iguais direitos e deveres, assim como admitir que Moçambique é um Estado de direito democrático, multipartidário, sendo possível a alternância do poder”,explicou Raul Domingos.

Para ele, os ataques da Renamo revelam a falta de diálogo efectivo uma vez este não ter produzido até ao momento resultados palpáveis e conducentes ao restabelecimento da paz.

Culto ecuménico para resgatar a paz

Depois das cerimónias centrais dos 24 anos após o AGP milhares de cidadãos marcharam em direcção à Praça da Paz onde teve lugar um culto ecuménico, que serviu, uma vez mais, para orar no sentido de resgatar a paz e chamar a Renamo à razão, parando com os ataques armados.

Os apelos vieram de todas as congregações religiosas que participaram no culto, entre eles, os católicos, anglicanos, nazarenos, muçulmanos e outras religiões, na perspectiva de convencer a liderança da Renamo a depor as armas e entrar para o jogo democrático.

As mensagens exibidas expressavam dizeres como: só o amor abre o caminho inesperado da Paz, a guerra deve ser sempre considerada como um fracasso na mente dos homens, tudo deve ser em prol do amor e concórdia. Aliás, os discursos e as orações eram intercalados por cânticos evocando o amor, tolerância e diálogo entre os moçambicanos.

Por exemplo, numa das actuações de um dos grupos juvenis ouviu-se que que “nenhum ódio deve encontrar espaço entre as pessoas”, ou “não podemos deixar brotar conflitos, mas sim a paz” ou ainda, “temos que cultivar o espírito de diálogo e cooperação”.

Texto de Domingos Nhaúle
domingos.nhaule@snoticicas.co.mz

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