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Fraca afluência de alunos caracteriza os primeiros dias

Os primeiros dias de matrículas foram caracterizados por fraco movimento de alunos, pais e encarregados de educação às escolas, na província de Niassa. 

Dados recolhidos nos postos de matrículas indicam que este facto associa-se ao envio tardio por parte das respectivas direcções de Educação, Juventude e Tecnologias das listas que fixam o número de alunos a matricular por cada escola.

A nossa reportagem deslocou-se a vários estabelecimentos de ensino e constatou que as salas destinadas às matrículas estão às moscas, notando-se uma ausência total de alunos e encarregados de educação. Contudo, as escolas, estas, estão organizadas, tendo inclusive constituído as várias comissões de trabalho para o efeito.

Na ausência de alunos, segundo constatámos, funcionários e professores estão empenhados em manter as escolas limpas e organizadas, sempre desejosos de que, quando chegar a vez de matricular, os alunos encontrem um ambiente alegre e acolhedor.

Maria Rosária Subuana, chefe de Departamento de Planificação na Direcção Provincial de Educação e Cultura de Niassa, reconheceu esta triste realidade por que as escolas passam nestes primeiros dias de matrículas, mas mostrou-se confiante de que o cenário possa ser invertido na próxima semana, já que, segundo ela, “a nossa gente tem o hábito de deixar tudo para os últimos dias”.

Em contacto com a nossa reportagem, Subuana deu a conhecer que este ano a província do Niassa vai matricular 404.437 alunos, da 1ª  a 12ª classes, contra os 378.545 alunos do ano passado, representando um crescimento percentual de seis por cento em relação ao ano lectivo findo.

Enquanto isso, a província de Niassa planificou matricular este ano lectivo 20.456 novos alunos do nível EP2 nas 259 escolas públicas e comunitárias existentes, enquanto no Ensino Secundário Geral do 1º Ciclo, o sector de Educação se propõe a matricular 9.055 alunos do curso diurno e 838 do curso nocturno.

Em relação ao Ensino Secundário Geral do 2º Ciclo, a província vai matricular 33.947 alunos do curso diurno e 2.059 do curso nocturno. No que diz respeito ao Ensino Técnico e Profissional, Niassa vai matricular 491 alunos do nível básico e 317 do nível médio, nomeadamente, nos Institutos Industrial e Comercial, de Ecoturismo, Agrários de Lichinga e Cuamba e elementar de Ngaúma.

Falando sobre as crianças que vão frequentar a escola pela primeira vez, a nossa entrevistada assegurou a existência de vagas para todas, lamentando, no entanto, o facto de a sua instituição ter matriculado apenas 51.824 crianças, das 95.972 planificadas para a primeira classe.

Sobre este assunto, pessoas por nós contactadas apontaram vários cenários como estando na origem do não cumprimento das metas. O primeiro está ligado à actual fase de chuvas, que caracteriza a província do Niassa. Explicam as nossas fontes que nesta fase maior parte dos pais se encontram nas machambas a cuidar das suas culturas, levando consigo as crianças. Porque as machambas ficam distantes das zonas habitacionais, as crianças correm sérios riscos de não serem matriculadas e, consequentemente, perderem o ano lectivo.

O segundo motivo, de acordos com as pessoas com quem falámos, são os ritos de iniciação, cujas cerimónias são, normalmente, realizadas muito longe das áreas residenciais. Os ritos de iniciação, também conhecidos por unhagu, na língua local, são uma prática que muito contribuem para que muitas crianças continuem eternamente analfabetas, uma vez que eles ocorrem durante o período lectivo.

Embora tende a diminuir, o nomadismo também tem a sua percentagem. A constante movimentação das comunidades, à procura de terras férteis faz com que a situação das crianças não seja estável. Vezes sem conta, o sector da Educação tem constituído brigadas móveis, as quais se deslocam às zonas de produção para matricular todas as crianças recrutadas pelos pais contra a sua vontade. Casos há, também, em que se improvisam salas de aulas naqueles locais que, durante um certo período, se transformam em locais de residência.

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