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Farmácia deve evoluir para centro de prevenção de doenças

A farmácia deve evoluir para um centro de prevenção e terapêutica desenvolvendo serviços de apoio aos doentes, para além da despensa de medicamentos e outros produtos de saúde. A ideia foi avançada no final do XI Congresso de Farmacêuticos de Língua Portuguesa realizado em Maputo nos dias 26 e 27 do mês corrente.

Segundo os congressistas, o desenvolvimento da farmácia hospitalar deve ser garantida pelas condições de funcionamento e formação dos profissionais da área, pois só assim pode-se assegurar a qualidade e efectividade na utilização dos medicamentos e dispositivos médicos nos hospitais.

Estas foram algumas das decisões saídas do XI Congresso Mundial de Farmacêuticos de Língua Portuguesa, promovido pela Associação dos Farmacêuticos dos Países de Língua Portuguesa (AFPLP), que teve lugar na capital moçambicana.

O evento serviu também de aproximação entre os farmacêuticos dos países falantes de português para troca de experiencias profissionais, culturais e científicas, sobretudo com o objectivo de melhorar a saúde das respectivas populações.

Segundo aqueles profissionais, eles tem vindo a consolidar a sua intervenção nos respectivos países como especialistas de medicamento e como agentes activos na prevenção das doenças emergentes, doenças crónicas, contra-facção de medicamentos e no combate ao HIV e Sida. 

Apesar da evolução descrita no global como satisfatória, os participantes do congresso manifestaram preocupação em relação a alguns países como São Tomé e Príncipe sobre o qual decidiram estabelecer novas formas de apoio com vista a evolução da profissão farmacêutica. Naquele país existem menos de cinco farmacêuticos.

Outra prioridade levantada pela classe foi a necessidade de se investir na qualificação dos farmacêuticos através de uma formação contínua ao nível universitário e de pós graduação.

Para o efeito foi aberta uma linha de bolsas de estudos anual com as despesas de viagem, alojamento, alimentação e formação pagas.

Numa outra abordagem, os congressistas desafiaram os governos dos respectivos países para reforçarem o investimento no acesso aos medicamentos ao menor custo possível.

Aqueles profissionais da saúde vêem-se como parte integrante do sistema de saúde e por essa razão, devem constituir-se como agentes activos na definição e implementação das políticas de saúde, partilhando objectivos comuns de saúde primária e hospitalar em cada um dos países membros.

No final do encontro, os congressistas manifestaram total apoio aos novos órgãos eleitos, o presidente Valmir Santi do Brasil e Secretário-geral Dario Bastos Martins de Portugal, acreditando que continuarão a reforçar a capacidade de intervenção da instituição. Igualmente saudaram a equipa cessante liderada pelo moçambicano Lucilo Williams coadjuvado pelo português Paulo Duarte pelo empenho e dedicação durante dois anos na direcção da organização.

Isenção aduaneira na compra da maquinaria

A Directora da Sociedade Moçambicana de Medicamentos, Noémia Muissa debruçando-se a cerca da produção de medicamentos no país é uma actividade vital porque contribui para a promoção da saúde pública. Segundo a fonte a sua produção tem como finalidade a produção de um bem que será utilizado por um doente.

O grande desafio da indústria farmacêutica é conseguir um entendimento comum sobre a sua importância, porque para a produção de medicamentos a preços competitivos é preciso que haja uma legislação específica que garanta a isenção aduaneira da maquinaria, disse Noémia Muissa.

Em Moçambique apenas existe uma indústria farmacêutica que está numa fase de implantação, visto que tem equipamento instalado, técnicos formados, faltando apenas a sua operacionalização.

União entre farmacêuticos angolanos

O Bastonário da Ordem dos Farmacêuticos de Angola (OFA), Boaventura Moura garantiu que eles pretendem ser o símbolo da unidade dos farmacêuticos angolanos, promovendo actividades que enalteçam a classe naquele país. O objectivo daqueles profissionais é dar coesão a classe, dignificar a actividade farmacêutica e contribuir para a melhoria da conduta ética e deontológico.

Pretendemos regulamentar todo o exercício da actividade farmacêutica de Angola, disse a fonte.

Em Angola estão inscritos 459 profissionais de farmácia e 28 estagiários na Ordem dos Farmacêuticos de Angola.

Farmacêutico próximo do paciente

O Presidente do Conselho Federal das Farmácias do Brasil, Valmir de Santi, fez uma abordagem sobre a prescrição e atribuições clínico farmacêuticas, tendo explicado que no Brasil a presença do farmacêutico na Farmácia se restringia a despensa de medicamentos e orientação ao paciente. O desafio daqueles profissionais era avançar para o estágio em que se identifica pacientes que precisam de acompanhamento por longo prazo, no caso dos doentes crónicos. Como forma de alcançar este desiderato foram aprovadas duas resoluções que criaram as atribuições clínicas do farmacêutico e também criaram a prescrição farmacêutica permitem que este profissional possa estar mais próxima do paciente.

Graças a resolução o farmacêutico pode prescrever uma serie de medicamentos isentos da prescrição médica, em que ele assume o comando da acção e controlo de doenças auto-limitadas espécie dor de cabeça ou estômago, tosse, diarreia, referiu Santi. 

Estamos na fase de promoção da saúde

Portugal é apontado como o país que está numa posição privilegiada em termos de capacitação académica e avanço profissional dos farmacêuticos.

A este propósito o Vice-presidente da AFPLP, João Silveira explicou que em Portugal eles têm mais décadas de formação o que permitiu uma maior consistência daqueles profissionais em termos legislativos, políticos e organizacionais. Ele falava durante a apresentação do tema: novo modelo para intervenção farmacêutica em Portugal.

Estamos a evoluir no sentido de dar respostas mais adequadas em consonância com o nosso sistema de saúde, algo que transcende a mera despesa de medicamentos, estamos na fase de prevenção da doença, promoção da saúde, transmitindo e influenciado comportamentos saudáveis, frisou Silveira.

Texto de Jaime Cumbana

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