• Esperados pouco mais de 5 mil doentes para interacção com farmacêuticos
• Nas três farmácias do HCM são atendidas diariamente cerca de 1400 doentes
Os farmacêuticos do Hospital Central de Maputo (HCM) levam a cabo de amanhã até próxima quinta-feira uma série de actividades no âmbito do dia internacional do farmacêutico que se assinala a 25 de Setembro. Ao todo são dezoito os farmacêuticos (licenciados em farmácia) afectos naquela que é a maior unidade sanitária do país.
Adélia Vaz, Natércia Laíce Matsolo e Artur Nhanengue, farmacêuticos afectos no HCM e membros da comissão organizadora afirmaram que durante os quatro dias vão ser abordados temas como automedicação, uso racional de medicamentos, administração correcta do medicamento de acordo com a forma farmacêutica, interacções medicamentosas, como cuidar da farmácia caseira, como escolher os horário para a toma dos medicamentos, importância da adesão terapêutica e nomes comerciais versus genéricos, entre outros.
Onde é que vão decorrer as actividades aqui no HCM?
Adélia Vaz (A.V.)– Nas três farmácias do ambulatório, nomeadamente na Farmácia Central, na Farmácia do SUR (Serviços de Urgência) e na Farmácia da Pediatria. Durante os quatro dias teremos nas três farmácias três farmacêuticos que serão coadjuvados pelo pessoal técnico lá afecto. Vamo-nos debruçar basicamente sobre a atenção farmacêutica. Isto é, Iremos conversando com os doentes ou pacientes que se dirigirem à farmácia para levantar medicamentos.
Quantos doentes esperam abranger?
Artur Nhanengue (A.N.):– A Farmácia Central atende em média 800 doentes por dia. A de Pediatria cerca de 300 utentes e a do SUR entre 300 a 400 doentes. Diariamente atendemos entre 1200 a 1400 doentes nas nossas farmácias. Acreditamos que de amanhã (21) até quinta-feira (24) teremos 5mil pessoas. Vamos falar, por exemplo, da automedicação. Vamos explicar aos doentes o que é medicamento, os benefícios, os riscos, a questão da conservação, tudo isso para que o doente possa tirar o máximo benefício da terapia.
Um exemplo correcto de conservação?
A.N. – Insulinas para os doentes diabéticos. A maior parte das insulinas é conservada no frio a temperaturas entre dois a oito graus centígrados. Se estes medicamentos não forem conservados aquela temperatura é provável que desnaturem, isto é, o princípio activo é alterado e a pessoa diabética não vai ter a resposta esperada. Os comprimidos devem ser conservados a temperatura ambiente e num local onde não haja humidade e penetração de raios solares (incidência directa).
Qual é o lema escolhido para a comemoração?
Natércia Mtsolo (N. M.):– O nosso lema para este ano, por sinal o primeiro que vamos comemorar, é “o farmacêutico não trabalha apenas com o medicamento, mas também contribui para a melhoria da qualidade de vida da população”.
Porquê esse lema?
N.M.:- Porque temos encontrado nas farmácia do ambulatório muitas dificuldades – o mesmo se passa nas farmácias comunitárias. Observamos que a população não tem informação sobre o medicamento. Pensa que o fármaco só trata. Não sabe dos prejuízos que também pode provocar. A auto-medicação é um risco muito grande, porque muitas pessoas obtêm informações com os vizinhos, e a pensarem que têm a mesma doença vão tomando de qualquer maneira. Queremos chamar atenção sobre os riscos de saúde que poderão estar a incorrer com essa atitude.
Por exemplo, algumas pessoas têm uma lista de antibióticos para fazer lavagem, está errado. Vamos chamar atenção também para o uso racional do medicamento.
Há medicamentos que são de prescrição livre. Há medicamentos que só são dispensados mediante apresentação da receita médica, como é o caso de antibióticos.
TOMA CORRECTA
E há o problema da posologia.
N.M.:- Sim. Há muitos doentes que não sabem o alcance da nossa recomendação quando dizemos tomar de manhã, a tarde e a noite. Vamos tentar enquadrar os doentes através de panfletos. Vamos orientar as pessoas. Repare que podem tomar às 10 horas, às 14 horas e às 18 horas. Vamos abordar a problemática da interacção medicamentosa. O que é que pode acontecer quando tomamos dois ou três medicamentos em simultâneo. Com o que é que devemos tomar os medicamentos? Água? Leite? Sumo?…
A água é o melhor amigo para tomar medicamentos.
Sim!..
N.M.:- Há alguns medicamentos que requerem uma refeição antes e outros não. É sobre estes aspectos básicos, mas fundamentais, para os quais vamos chamar atenção aos doentes. Digamos vamos dar o bê-a-bâ. Dissertaremos também sobre o que fazer com os medicamentos que ficam em casa e fora do prazo.
A propósito, o que é que se deve fazer com esses medicamentos?
Adélia Vaz (A.V.):– Se os medicamentos estiverem fora do prazo devem ser devolvidos a unidade sanitária onde o doente foi dispensado, porque o Sistema Nacional de Saúde tem um processo para incineração desses medicamentos. Também podem ser devolvidos a unidade sanitária mais próxima.
Ese tiverem sido adquiridos numa farmácia pública?
A.V.: – A devolução deve ser sempre no hospital. Cuidar da farmácia caseira engloba muitos itens, mas o que queremos deixar como apelo é que as pessoas não guardem os medicamentos na cozinha e na casa de banho. Na casa de banho há o problema da humidade que pode alterar a constituição do próprio medicamento e na cozinha a temperatura é muito variável.
Os medicamentos devem ser mantidos dentro da respectiva embalagem. Por exemplo, temos visto que algumas pessoas retiram o xarope, guardam em cima da geleira, mas depois perdem a embalagem onde está inscrito o respectivo prazo de validade e as indicações. Também não se recomenda guardar medicamentos na porta da geleira para o caso daqueles que vão ao frio porque estamos constantemente a abrir e fechar.
Então, onde guardar?
A.V.: – Dentro da geleira. Mas nunca na porta, na câmara ou no congelador.
Adérito Nhanengue (A.N.):– Ainda no âmbito das nossas actividades vamos explicar a importância da adesão terapêutica. O nosso enfoque recairá sobre doentes crónicos (período de tratamento prolongado). Estes doentes antes de tudo têm que aceitar a doença e depois a própria medicação. É importante que cumpram o horário da toma dos medicamentos e cumprir a dieta recomendada.
Integração
Texto de André Matola