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EXPLORAÇÃO FLORESTAL EM GAZA: Estado suspende licença da Muthemba Safari

Por Jornal domingo

O Secretário  de Estado na província  de Gaza, Jaime Neto, suspendeu por tempo indeterminado o processo de atribuição da licença definitiva de exploração florestal à Fazenda Muthemba Safari na região de Mavue, no distrito de Massangena, por alegadas irregularidades, desmandos e abuso à autoridade.

É uma medida com efeito imediato que visa salvaguardar a autoridade do Estado perante o que se considerou de “abuso e anarquia praticado por um estrangeiro em solo pátrio”, depois Jaime Neto ter dado 48 horas para que aquele investidor se apresentasse ao Estado para se explicar sobre os desmandos naquela  região de Gaza.

A decisão final sobre o futuro da farma deverá ser chancelada pelo Ministério da Agricultura, Ambiente e Pescas.

A Muthemba Safari que explora 10 mil hectares de terras para diversas actividades de conservação ambiental, caça desportiva e turismo em regime temporário, pode ver revogada a sua licença caso continue com práticas nocivas que atentam a convivência comunitária e a autoridade do Estado.

A mesma decisão afecta ao gestor Cornelius Jansen, que deve abandonar a liderança da Muthemba Safari, por um período não especificado, por arrogância e prepotência.

Entre várias acções associadas a Muthemba inclui o abate de gado da população, desrespeito, litígios laborais, promoção da concorrência desleal através do espaço aéreo, e suspeita de exercício de outras actividades não autorizadas.

Entretanto, na comunidade de Mavue, a figura de Cornelius Jansen é uma controversa, até considerada “Persona non grata” pela população local devido à sua conduta desviante.  

O administrador do distrito de Massangena, Sancho Humbane, defende o afastamento imediato de Cornelius Jansen na gestão da Muthemba Safari, caso a empresa queira continuar a operar naquele distrito.

“Ele não tem credibilidade e respeito para trabalhar com as comunidades e com o Estado. Nos últimos tempos ele tem ignorado as chamadas e mensagens, é estranho porque a Muthemba sempre foi exemplo de boa conduta”.

Face ao cenário, Jaime Neto garantiu usar todos os meios que estiverem ao seu dispor para travar os desmandos que já se arrastam há três anos naquela parcela da província de Gaza.

“O senhor pediu um DUAT definitivo, mas pelo comportamento não está em altura de lhe ser atribuído. Vamos fazer tudo que estiver ao nosso alcance para travarmos aquele processo de atribuição de DUAT definitivo”, prometeu Jaime Neto.

O Secretário de Estado não tem dúvidas sobre a aceitação da  imagem de Cornelius Jansen nas comunidades de Mavue.

“Eu tenho certeza que se tomarmos decisão de que o senhor tem que abandonar aquelas áreas para que se estabeleça a paz, as comunidades vão festejar, então não pode agir desse jeito, saiba conviver com os outros. Não vamos permitir que um indivíduo  estrangeiro venha abusar das pessoas, aqui há leis que devem ser respeitadas”, sublinhou.

Levy Muthemba, proprietário moçambicano da Muthemba Safari, repudiou o comportamento do seu parceiro sul-africano, alegando que nunca chegou a suspeitá-lo de atitudes desviantes.

“Eu como responsável da Muthemba Safari me distancio e condeno sem reservas a atitude do meu parceiro, não compactuo esta forma de trabalhar, e, desde já, peço perdão em nome da sociedade”, disse.

A parte moçambicana da Muthemba prometeu colaborar com as autoridades para a devolução do ambiente harmonioso na área de conservação de Mavue.

“Queremos agradecer ao secretário de Estado por não ter tomado medidas administrativas. Vamos conversar com nosso parceiro para fazê-lo perceber que a autoridade do Estado em qualquer parte do mundo deve ser respeitada, nós também quando nos deslocamos para os estrangeiros nos curvamos perante as leis desse país, e respeitamos as estruturas locais”.

Cornelius Jansen, em defesa própria, disse ter sido mal interpretado. “As pessoas me acham muito agressivo, mas não que seja, é apenas uma personalidade mais agitada. Apesar de explicar isso às pessoas, elas não entendem. Agora sobre os bloqueios das estradas disse que “era para evitar a caça desenfreada de animais por parte de outros operadores e dos caçadores furtivos que perseguem os elefantes”, frisou.

Em Mavue operam no total nove fazendas de bravios, numa área conjunta de 90 mil hectares para várias actividades de conservação, lazer e turismo.

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