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Esforço para fazer passar mensagens

Por admin

A campanha eleitoral das intercalares de Cuamba, que na passada quarta-feira, dia 3, deu o pontapé de saída, vai de vento em popa, com os três candidatos – aliás, os únicos concorrentes – Zacarias Filipe, da Frelimo, Leovilgildo Muanancasso, da Renamo, e Tito Cremildo, do MDM, a fazerem de tudo para “vender” os seus manifestos eleitorais, numa altura em que cada um exibe todos os trunfos à sua disposição para ganhar maior número de eleitores e, por conseguinte, conseguirem, no próximo dia 17, reunir votos suficientes que permitam a sua eleição para o cargo de presidente da segunda maior edilidade de Niassa.

O interesse em conquistar o município de Cuamba foi patente com a grande presença de quadros seniores do respectivos partidos, com a Frelimo a fazer deslocar a Cuamba, também conhecida por capital do algodão, alguns militantes que também desempenham funções no Conselho de Ministros.

Referimo-nos a Mateus Kida, ministro dos Combatentes, Agostinho Mondlane, ministro da Defesa Nacional, José Mandra, vice-ministro do Interior, para além de quadros superiores do Comité Central da Frelimo e de dirigentes das organizações democráticas de massa do partido no poder, uma acção que é coordenada pelo membro ca Comissão Política e chefe da brigada central da Frelimo que assiste a província mais extensa do país, Niassa.

Por seu turno, o Movimento Democrático de Moçambique, MDM, contou com o reforço do respectivo secretário-geral, Luis Boavida, para além de Mamudo Amurane que, igualmente, veio de Nampula, de que é edil, para apoiar o comerciante Tito Cremildo, seu candidato nestas intercalares. O mesmo não se pode dizer em relação à Renamo, que abriu a campanha apenas com responsáveis locais.

Importa referir que durante a primeira semana de campanha não foram registados casos de violência entre apoiantes de partidos políticos concorrentes, sendo que em todos os bairros as caravanas se cruzam sem, no entanto, se registar quaisquer actos de pancadaria ou insultos dirigidos a um partido. Quando é assim, o esforço dos partidos é fazer passar as suas mensagens.

GANHAR PARA HOMENAGEAR

O FALECIDO VICENTE LOURENÇO

Pelo lado do partido no poder, coube a Carvalho Muária, membro da comissão política da Frelimo proceder ao lançamento da campanha, no bairro mineiro João cuja população é conotada com a oposição. Muária disse na abertura do evento que a melhor homenagem ao falecido edil de Cuamba, Vicente da Costa Lourenço, é, sem sombra para dúvidas, vencer as eleições de forma folgada.

Vicente da Costa Lourenço, falecido em Setembro passado, vítima de doença, foi um dos presidentes de Cuamba que muito fez para o crescimento da urbe, bem como a criação de condições para o bem-estar das populações. Durante o período em que esteve à frente da edilidade, Da Costa apresentou um trabalho de reconhecido mérito, com a construção, em tempo recorde, de mais de 31 salas de aulas, centros de saúde, casas mortuária, todas equipas com meios circulantes os quais facilitam a evacuação de doentes para os principais hospitais de referência da cidade e da província.

É tendo em conta estas realizações que Carvalho Muária pediu aos munícipes para darem à Frelimo mais uma oportunidade para continuar à frente dos destinos da cidade, dando continuidade ao trabalho realizado pelo anterior edil. “Para a Frelimo, Zacarias Filipe é a pessoa certa, entre muitas, que encontramos para substituir o camarada Vicente da Costa Lourenço”, alertou aquele membro da comissão política dos “camaradas”, para quem o candidato ora indicado tem capacidades de dar, sem desfalecimento, continuidade às obras iniciadas pelo anterior edil.

Zacarias Filipe é licenciado em planificação e administração escolar, depois de ter feito com sucesso o bacharelado, em ciências de educação, em Portugal.

Enquanto isso, o primeiro secretário do comité provincial da Frelimo em Niassa, Cornélio Laisse, que também se encontra em Cuamba, trabalhou em Adine III, um dos bairros mais populosos da cidade de Cuamba. Aqui, Laisse prometeu, caso o seu candidato seja eleito, continuar a expansão da rede eléctrica, centros de saúde, salas de aulas, a reabilitação e construção de vias de acesso urbanas, bem como a remoção de resíduos sólidos para tornar uma cidade bela e alegre, promessas que, entretanto, viriam a ser replicadas pelo membro do comité central da Frelimo, que é também governador de Niassa, na sua deslocação ao bairro de Matia.

De referir que a campanha da Frelimo arrancou num dia em que foi, igualmente, entregue uma máquina para a reparação de vias de acesso, avaliada em pouco mais de 12 milhões de meticais, uma compra negociada e concretizada pelo falecido presidente do município de Cuamba.

APOSTAR NUM HOMEM DA CASA

A Renamo, tal como a Frelimo, optou pela indicação de um docente. Leovigildo Buanancasso, candidato do partido de Afonso Dhlakama é professor de profissão e nasceu no distrito de Maúa há 49 anos. É professor secundário, leccionando a língua portuguesa.

Na hora de pedir voto, Buanancasso falou de mudar a cidade de Cuamba a partir dos recursos colectados pela edilidade. Diz ele que a questão de incumprimento dos manifestos eleitorais por parte da Frelimo está ligada à má gestão dos recursos disponíveis, chegando mesmo a acusar os actuais gestores do município de estarem a usar os fundos para benefícios próprios.

Em Muxtora, bairro que acolheu o comício de abertura da campanha da Renamo, Manuel Vasco, prometeu montes e fundos, caso o seu candidato seja confirmado presidente, chegando até a prometer água para todos, um assunto considerado sensível para os habitantes da cidade de Cuamba. “Experimentem numa nova governação, que não se arrependerão. Queremos resolver os vossos problemas, queremos minorar o vosso sofrimento”, disse Vasco, para quem a solução dos problemas de Cuamba passam pela Renamo à frente da gestão do município.

Por sua vez, o candidato Buanancasso referiu-se particularmente às ruas de Cuamba, classificando-as de uma vergonha do país. “Com a Frelimo no poder, ninguém está livre de doenças respiratórias, causadas pela poeira. Queremos virar a página”, defendeu o candidato da Renamo, pedindo a população de Cuamba para votar na Frelimo em massa, no dia 17 de Dezembro corrente.

NEM SEMPRE O DIPLOMA

CONTA PARA BOA GESTÃO    

Tito Cremildo é o único candidato a presidente do município de Cuamba que não é professor. Ele vem da classe dos agentes económicos e é, também, o único que a cidade de Cuamba viu nascer.

Esta particularidade tem sido usada a seu favor. “Ele é filho da casa, conhece as preocupações das populações, sabe o que deve fazer para uma boa gestão”, foi com estas palavras que Luis Boavida, secretário-geral do MDM, iniciou o seu comício nos bairros de Mujaua e Guidione.

Para Luis Boavida, não basta ser-se licenciado para ter um bom desempenho, daí a escolha de um homem, segundo o secretário-geral do MDM, natural de Cuamba e, portanto, conhecedor da realidade da zona, dos hábitos e cultura das pessoas que vai dirigir.

“A Frelimo já teve três licenciados – Teodósio Watata, Arnaldo Malôa e Vicente da Costa – mas nenhum deles conseguiu resolver os problemas por que passam a população de Cuamba, nomeadamente a falta gritante de água, a recolha de lixo, a reparação de vias de acesso, entre outros males que apoquentam os munícipes”, disse Boavida, para quem, no dia 17 deste mês, a população deve escolher um presidente vindo do MDM para ensinar como se faz uma governação isenta de corrupção, parcialidade, desonestidade, arrogância e, principalmente, falta de humildade.

Entre os ilustres convidados do MDM pra reforçarem a campanha de Cuamba, o destaque vai, certamente, para Mamudo Amurane, actual presidente do município de Nampula, chamada capital do Norte, o qual causou muita curiosidade ao ponto de mobilizar para aqueles locais uma moldura humana considerável.

André Jonas

andremuhomua@gmail.com

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