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Dhlakama quer negociar resultados eleitorais

Por admin

O candidato da Renamo à Presidência da República, Afonso Marceta Dhlakama, diz que vai desencadear nos próximos tempos demarches no sentido de se reunir com o Governo para encontrar um meio-termo de se introduzir a democracia real no país. “É cedo de mais para se dizer que vou acatar com os resultados. Vou priorizar o diálogo com o Governo para o fim do roubo de votos e para entrarmos na verdadeira democracia”.

  Segundo afirmou, ainda é cedo para se pronunciar em torno dos resultados das eleições da última quarta-feira, contudo, deixou transparecer o seu total desconforto, ao mesmo tempo que diz aguardar pelo anúncio oficial dos órgãos competentes, designadamente, Comissão Nacional de Eleições (CNE) e Conselho Constitucional (CC).

Para ele, a avaliar pelos dados preliminares obtidos a partir das assembleias de votação não há nada a fazer a não ser negociar com o Governo para a introdução da democracia no verdadeiro sentido.

“Não sou biblicista e ainda é cedo demais para dizer se vou acatar os resultados. O que vou fazer é priorizar o diálogo com o Governo para encontrarmos uma solução para que o povo seja soberano e viva uma democracia real nos termos da reconciliação nacional”,disse Afonso Dhlakama.

O líder da Renamo acrescentou que nesse diálogo com o Governo pretende aprofundar detalhes que vão levar os moçambicanos a se reencontrarem e esquecer em definitivo as últimas guerras, sobretudo a tensão política vivida na região central do país.

Sublinhou que a sua preocupação não é dirigir o país, mas criar condições para o exercício pleno da democracia. “Ainda estamos a recolher os editais da nossa contagem paralela que iremos publicar logo após o anúncio dos órgãos competentes, mas o importante é que continuarei a lutar para que haja democracia no país”.

O líder da Renamo apontou ainda algumas irregularidades que na sua óptica mancham o escrutínio da última quarta feira, destacando a falta de cadernos eleitorais nos postos de votação, o deficiente recenseamento dos eleitores, desvio das urnas, falhas na acreditação dos delegados de candidatura, entre outros aspectos.

Renamo está a denunciar os

seus próprios membros?     
Num comentário feito sobre a contestação das eleições pela Renamo, no boletim número 62 sobre eleições, o jornalista Joseph Hanlon escreve o seguinte: “Todos os STAE´s que não conseguiram emitir credenciais para os observadores, delegados e MMVs têm um diretor-adjunto da Renamo e mais dois funcionários designados pela Renamo. Cada STAE é, por sua vez, supervisionado por uma comissão eleitoral com dois membros nomeados pela Renamo.
A nomeação dos membros dos partidos para os órgãos eleitorais, foi decidida em sede de diálogo entre o Governo e Renamo em Fevereiro e rapidamente aprovada pela Assembleia da República, em jeito de alterações à lei eleitoral. O Governo cedeu completamente e aceitou todas as alterações à lei eleitoral propostas pela Renamo. Outras duas mudanças importantes foram feitas:
– Cada um dos três principais partidos, Frelimo, Renamo e MDM, passou a indicar um membro de mesa das assembleias de voto (MMVs);
– As violações à lei eleitoral, incluindo enchimento de urnas e a recusa dos presidentes das assembleias de voto em aceitar reclamações, passaram a ser tratados pelos tribunais distritais, bem como foram simplificados os procedimentos para a apresentação de queixas aos tribunais.
Assim, na altura em que ocorreu o enchimento de urnas, a Renamo deveria ter um MMV e um delegado do partido na assembleia de voto. Nos locais onde esses credenciais não foram emitidos ou aprovados, o STAE distrital tem um diretor-adjunto da Renamo que supervisiona todo o processo incluindo dois membros da Renamo.
Assim, a incapacidade para impedir o enchimento das urnas deve ser atribuída aos delegados da oposição e MMVs. Os locais onde estes não foram nomeados, foi por falha do partido. E onde estes não estiveram presentes porque as credenciais não foram emitidas, foi por falha dos directores-adjuntos do STAE e os dois membros Renamo na comissão eleitoral, que foram nomeados precisamente para fiscalizar e evitar que tais problemas ocorressem.
Isso não torna as irregularidades aceitáveis. Mas a Renamo sempre insistiu na necessidade de colocar o seu próprio pessoal em posições que lhes permitissem assistir ao processo eleitoral de perto, de modo a evitar a ocorrência de fraudes. Em Fevereiro, a Renamo teve a autorização para nomear as pessoas para as posições que pretendia. Ao rejeitar os resultados desta eleição, a Renamo está apontando o dedo para as pessoas que ela nomeou para ocupar posições nos órgãos de administração eleitoral, com o objectivo de detectar e impedir fraudes eleitorais”.

 

 

 

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