Desmaios preocupam Direcção da Escola Primária Completa da Matola-sede, na província de Maputo. O fenómeno ocorre desde o mês passado, afectando apenas alunas. Autoridades locais dizem que espíritos maus se apossaram do local.
Precisamente 14 alunas da sétima classe desmaiaram desde Junho último durante o período de aulas. Preocupada com a situação, a direcção da instituição convocou uma reunião com encarregados de educação para reflectirem em torno do assunto.
Em conjunto, foi tomada a decisão de se solicitar as autoridades locais para uma intervenção mais circunstanciada. O regulado do bairro e a direcção da escola, com o aval do município de Matola, realizaram ontem uma cerimónia tradicional com vista a “acalmar” os espíritos, em busca da paz que é necessária para o decorrer normal das aulas naquele recinto escolar.
“Eu aqui só quero paz. Fui chamado para apaziguar essa situação com as cerimónias tradicionais”, sublinha Muzena Matola, régulo, acrescentando que aqueles acontecimentos não são admissíveis naquelas terras dos Matsolo.
Circunstantes contaram ao domingo que as reuniões que antecederam as cerimónias tradicionais foram marcadas pela presença massiva da população.
CLIMA DE MEDO
Com efeito, reina medo e pânico naquela comunidade. Para além de desmaios, recentemente três professores morreram, duas vítimas de doença e um por suicídio.
Suspeita-se que as mortes tenham relação com as supostas assombrações que assolam aquela instituição, mas o director da escola, Nuno Mucubela, desdramatiza a situação.
“Tendo em conta as doenças, não temos matéria para dizer que é por causa disso. Acredito que são mortes naturais”, narra.
Luzéria Moiane, um dos chefes de um dos quarteirões da Matola-sede, não tem dúvida: “são espíritos maus que estão aqui”.
NORMALIDADE TENDE A REGRESSAR
Os encarregados de educação que participaram ontem na cerimónia tradicional e os professores consideram que, apesar do pânico que se terá criado nas últimas semanas, as aulas decorrem com tranquilidade.
Armando Silvestre, professor daquela escola, diz que nos primeiros dias, após o sucedido, os alunos andavam desatentos, chegando mesmo a faltar, mas garante que a situação se normalizou.
Gilda Sucah, residente do bairro e encarregada de educação, lamenta a situação e conta que não chegou a proibir a sua filha a frequentar a escola e acrescenta: “a vizinhança não teme nada porque isto não lhes afecta”.
Sucah vai mais longe e diz que é necessário que haja fé para que se resolva o problema.