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Deficientes visuais superam exclusão social

Por admin

A reabilitação de pessoas portadoras de cegueira em Gaza está a impulsionar a sua rápida integração na sociedade e em actividades de natureza socioeconómica, reflectindo-se no melhoramento das suas vidas e famílias.

 A reabilitação feita pela Associação dos Cegos de Moçambique (ACAMO) naquele ponto do país traz resultados palpáveis de casos de cidadãos que voltaram a acreditar no seu valor e na sua utilidade social.

São os casos de três cidadãos (cujos nomes omitimos propositadamente) em que dois são estudantes do ensino superior, que passaram pela formação da ACAMO, tendo sido reintegrados novamente na sociedade. Todos levam uma vida normal.

O primeiro caso é dum estudante do curso de licenciatura em Psicologia na Universidade Pedagógica, em Maputo, que cegou quando concluiu a fase curricular e antes de defender a sua monografia. Como fosse natural de Gaza, regressou a casa e juntou-se à ACAMO, tendo-se formado através da reabilitação.

 A reabilitação consiste em repor a autonomia do indivíduo, através de activação de habilidades de leitura, escrita e locomoção por influência da cegueira. Esta é a principal função do centro que funciona na cidade de Xai-Xai.

O segundo caso que este centro atendeu é duma estudante do curso de licenciatura em Sociologia da Universidade São Tomás de Moçambique, Delegação de Xai-Xai. Também aprendeu e recuperou as suas habilidades, inserindo-se no meio social.

Neste momento, um professor primário da zona da Praia de Xai-Xai espera ser reabilitado a partir de Fevereiro do próximo ano. O ano lectivo normal duraria cerca de nove meses, mas as dificuldades que o centro enfrenta permitem que funcione apenas seis meses.

O centro conta com dois monitores formados pelo centro, testemunhando inserção efectiva dos cidadãos e sustentabilidade do centro. Segundo Felisberto Gustavo Mahelene, secretário-geral da ACAMO em Gaza, o centro funciona ao relento numa varanda das instalações do Infantário provincial de Gaza.

A turma tem quinze estudantes e funciona três dias por semana porque “reduzimos os cinco dias por atravessarmos sérias dificuldades de trabalhar”, Felisberto Gustavo Mahelene. O centro também se ressente da falta de máquinas e papel braile, bem como de pautas, pulsões e bengalas brancas.

A par da formação, os membros da ACAMO realizam palestras junto de hospitais, escolas, obras públicas e sectores de transportes como forma de divulgarem os seus direitos e deveres prescritos na Constituição da República e na Convenção Internacional de Direitos de Pessoas com Deficiência.

A falta dum dispositivo nos seus telefones celulares que lhes permitam ouvir, ao invés de ler, as mensagens enviadas, tornou-se num grande nó de estrangulamento. A instituição está a envidar esforços com vista a adquirir o sistema para os seus membros, já que, segundo Felisberto Mahelene é muito caro. O mesmo dispositivo seria necessário instalar nos computadores para o mesmo fim”. 

VOTAÇÃO NÃO SECRETA

E EXLUSÃO NAS ESCOLAS

O secretário-geral da ACAMO diz que o topo da injustiça foi visível aquando das últimas eleições porque tiveram que ser acompanhados na cabina de votação, revelando ao parceiro o candidato e partido que iriam eleger. Na sua opinião, já é momento dos órgãos eleitorais reflectirem na inclusão do sistema braille nos boletins de votação”, referiu.

O mesmo sucede nas escolas em que a sua exclusão na distribuição do livro escolar é visível da primeira à sétima classe em que o livro é obrigatório. Quer dizer, o Ministério da Educação, na planificação de distribuição do livro escolar não incluem também materiais de leitura e de escrita para os deficientes visuais, tornando-se mais evidente a exclusão social desta camada social.

Murrume Alexandre, técnico auxiliar da ACAMO acrescenta que o mesmo acontece com relação a inexistência de impressor braile nas instituições públicas. Se houvesse este tipo de máquinas, haveria maior sigilo na documentação e comunicação entre eles, desabafou Murrume Alexandre.

A ACAMO foi criada em 1998 e conta com um delegado, uma técnica de tesoureira, presidente da mesa da assembleia-geral e presidente do conselho fiscal. São estruturas que também se representam em cadeia em todos os distritos, contando com 185 membros efectivos e vários outros colaboradores que se impressionam com as actividades da instituição.

Artur Saúde

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