O fim dos projectos que estavam em curso nos distritos de Nacala e Nacala-A-Velha, província de Nampula, nomeadamente a construção do porto para escoamento do carvão mineral de Moatize, Aeroporto Internacional, entre outros grandes empreendimentos económicos está incrementar os níveis de desemprego entre a camada jovem daquela região do país.
Trata-se de projectos que empregavam milhares de jovens idos de diferentes partes do país e dos países vizinhos, os quais, começam a engrossar as fileiras do desemprego e, por sinal, sem nenhuma outra perspectiva de ver este quadro se alterar. A situação é mais complicada porque mesmo aquelas empresas que ainda operam estão a despedir trabalhadores quase todos os dias.
Refira-se que para permitir a melhor prossecução dos seus trabalhos, na altura, estes projectos de construção subcontratavam empresas dos ramos de limpeza, fornecimento de refeições, cuidados médicos, entre outros, o que tornava fácil a empregabilidade de milhares de pessoas de ambos sexos.
Por exemplo, as empresas que prestavam os seus serviços nas obras de construção do Porto de Nacala-A-Velha, uma parte do seu efectivo trabalhava no Município de Nacala, onde funcionavam os escritórios o que obrigava à contratação de vários serviços de transporte.
Contudo, actualmente o desemprego aumentou naquela cidade facto que preocupa as autoridades, assim como os próprios munícipes que começam a se inquietar com o recrudescimento da criminalidade.
É também notório o aumento do número de jovens que se candidatam a vagas em empresas de segurança privada, que começam a servir de alternativa enquanto se espera por melhores dias.
Das pequenas às grandes empresas, os despedimentos continuam naquela região do país, havendo indicações de que recentemente a Vale Moçambique despediu cerca de duas dezenas de trabalhadores que estavam afectos em diferentes sectores de actividade no Corredor de Desenvolvimento do Norte (CDN), cidade de Nacala-Porto, província de Nampula.
Entretanto, foi noticiado que no lugar destes, aquela empresa admitiu 12 novos trabalhadores de nacionalidade brasileira. Na próxima semana vão chegar mais outros seis, de um conjunto de 22 que consta que devem ser contratados por estas alturas.
Esta situação está a criar um certo desconforto naquela empresa, porque os despedidos dizem não entender as razões da sua demissão. A nossa Reportagem apurou que o clima que se vive por ali é tão delicado que conduziu à demissão do director ferroviário, na primeira semana de Janeiro corrente.
Facto curioso e que intriga os trabalhadores, tanto os que foram despedidos, assim como os poucos que continuam, é que os estrangeiros que chegam fazem trabalhos como de conferente, servente de secretaria, manobras, pintor de mapas, para além daqueles que são contratados para ocupar os cargos de chefia.
O director distrital de Trabalho de Nacala, Lucas da Silva, disse que a sua direcção está preocupada com o volume de despedimento que se tem verificado nas empresas que operam naquela cidade, pois todos os dias recebe listas de trabalhadores desvinculados em diferentes empresas.
Lucas da Silva lembrou que entre os anos de 2011 a 2013 aquela instituição de Estado conseguia fornecer aos projectos cerca de 75 por cento dos candidatos que submetiam pedidos de emprego, facto que não se verifica desde o ano de 2014. “Actualmente há mais rescisões de contratos do que pedido de funcionários”, disse para depois acrescentar que naquele tempo era possível colocar nas empresas cerca de 100 pessoas, por dia.
Falando sobre o mau ambiente que se regista no CDN, em Nacala-Porto, Momade disse que as empresas que estão a funcionar no âmbito da Zona Económica Especial (ZEE) têm uma percentagem fixada por lei para a contratação de trabalhadores estrangeiros.
Acrescentou que a sua direcção tem vindo a fazer inspecções em algumas empresas da cidade e nalguns casos os gestores são advertidos sobre as violações à lei e, nos casos mais graves, são obrigados a paralisar a actividade.
A maior parte das irregularidades constatadas tem a ver a contratação de mão-de-obra estrangeira para actividades de conferente dos armazéns, balconista, entre outros.