O ministro dos combatentes, Mateus Kida, defendeu recentemente no distrito de Manica, província do mesmo nome, que o combatente deve estar na linha da frente na preservação da paz,
deixando de lado todas acções que possam colocar em causa a unidade entre os moçambicanos.
Este pronunciamento foi feito no encontro que manteve com centenas de combatentes daquele distrito, no quadro da visita que efectuou à província de Manica, onde escalou sucessivamente o distrito de Báruè, cidade de Chimoio com objectivo de se inteirar da situação social dos libertadores da pátria.
Revelou, na ocasião, que quem combateu conhece os malefícios da guerra, daí que “não devem permitir que alguém vos use em defesa de agendas externas e interesses obscuros, perigando a paz conquistada com muito sacrifício depois de 16 anos duma guerra sangrenta e devastadora”, apelou.
Alguns combatentes, que falaram durante o encontro com o ministro, pediram mais celeridade na tramitação de documentos relacionados com a fixação de pensões. Denunciaram que, por vezes, o excesso de burocracia verificado nas direcções de tutela tem retardado o processo, chegando a demorar cinco ou dez anos. Patreque Mufamdisso, combatente de luta de Libertação Nacional denunciou que colegas seus perderam a vida antes de beneficiar do seu direito, e aos seus familiares lhe é vedada a chance de o fazer.
Augusta Melo, combatente de Luta de Libertação Nacional, que também se fez ao pódio, disse que outro problema está relacionado com a troca de patentes durante a tramitação de documentos. A título de exemplo, citou o caso de um combatente que ostentava a patente de capitão e foi surpreendido com a de sargento, o que não é justo.
“Queremos que haja controlo e seriedade. Cada combatente deve ser pago de segundo a sua patente. A patente é algo que merece respeito porque é conquistada com muito esforço“, disse aquele cidadão.
Outra questão vincada está relacionada com a atribuição de bolsas de estudos para filhos de combatentes e o financiamento para projectos sociais. Parte destes lutadores pela Independência não consegue colocar os seus filhos a estudar nas universidades porque desprovidos de recursos. Contudo, as bolsas beneficiam a outras pessoas, filhos, sobrinhos ou outros familiares de pessoas “sem direito para o efeito”.
Denunciaram que quando submetem documentos para pedido de bolsas de estudos, muitos deste são indeferidos.
Entretanto, na presença do ministro, um dos filhos de combatente, órfão de pai, subiu ao pódiopara pedir emprego. Explicou que concluiu o ensino superior há dois anos e de lá a esta parte não conseguia emprego. Revelou que para além dele, a sua irmã de vinte anos de idade, que frequenta o ensino superior, por várias vezes requereu para obter uma bolsa de estudos mas “até agora lhe é negada”.
Adiante referiu que “quando temos falecimento, ninguém presta ajuda; quando a recebemos tem sido tarde demais. Queremos rapidez porque funeral é uma coisa pontual”, disse.
Em resposta a estas e outras preocupações, o ministro dos combates disse que tudo foi registado e em tempo oportuno a situação poderá mudar.