Nacional

Casos de embriaguez preocupam “Infulene”

Texto de Abibo Selemane e Fotos de Carlos Uqueio

Alguns alunos do curso diurno da Escola Secundária de Infulene, Município da Matola, Província de Maputo, vão às aulas embriagados, sobretudo os que estudam no turno da tarde. Esta situação está a preocupar tanto a direcção da escola, os professores, assim como os demais alunos, pois se trata de um grupo que atrapalha o decurso normal das aulas.

A Escola Secundária de Infulene conta com cinco mil e 406 alunos matriculados dos quais quatro mil e 55 são do curso diurno e mil e 351 no período nocturno. Logo em frente à escola tem um mercado com diversas barracas. Desde que tenham dinheiro, os alunos têm livre acesso, não importando a idade, podendo adquirir qualquer tipo de bebida alcoólica.

Muitas vezes, o problema é notado pelo corpo docente e colegas, mas o difícil mesmo é provar que tal aluno está embriagado. Durante a aula, porém, o mesmo se manifesta de forma estranha e diferente do resto da turma.

Ainda devido à sua localização, aquele estabelecimento de ensino está sujeito a várias anomalias, com destaque para a invasão do recinto por parte de jovens residentes no bairro, que vão ali jogar futebol, o que interfere no decurso normal de aulas, dado a algazarra que se cria nessas partidas.

Em relação ao consumo do álcool, há relatos segundo os quais, existem alunos que saem das suas casas para a escola já embriagados e ou com garrafas de bebidas diversas para consumir com os colegas. Outros compram essas bebidas nas barracas do mercado à frente da escola e nem se dão ao trabalho de esconder ou disfarçar as garrafas.

Sem apresentar números, a directora pedagógica da escola, Beatriz Mangue, disse à nossa equipa de Reportagem que alguns alunos já foram alertados e mandou chamar os encarregados de educação para os colocar a par do que está a acontecer.

Mesmo assim, a situação continua a incomodar, porque os alunos não deixam de assistir às aulas depois de ingerir bebidas alcoólicas. Alguns alunos perdem aulas sentados mesmo em frente da escola.

Há dias, a nossa equipa de Reportagem testemunhou situações que caracterizam o ambiente que ali se vive. Alunos animados numa das barracas, alguns a consumirem bebidas alcoólicas, outros ainda a comprarem para consumir noutro local.

A situação afecta o processo de ensino e aprendizagem

– Beatriz Mangue, directora pedagógica da escola

A directora pedagógica da Escola Secundária de Infulene, Beatriz Mangue, disse à nossa Reportagem que se trata de uma realidade que até certo ponto afecta aquilo que é o processo de ensino e aprendizagem na escola. Quando faltam poucos meses para terminar do ano lectivo, a escola atingiu 50 por cento do aproveitamento pedagógico dos seus alunos.

“De facto, temos barracas aqui perto. Os próprios alunos não precisam de ir à barraca para beber, às vezes trazem bebida para dentro da escola”, disse.

Mangue acrescentou que para fazer face à situação, a direcção da escola tem mantido encontro com os encarregados de educação, professores assim como os próprios alunos como forma de resgatar as crianças deste mal.

Num outro desenvolvimento, Beatriz Mangue disse que dificilmente se descobre o estado de embriaguez no aluno à primeira vista, os próprios colegas é que tem denunciado. “Os colegas é que dizem que fulano está embriagado. Chamamos o aluno, mandamo-lo para casa e pedimos que venha com o encarregado de educação”, referiu a directora pedagógica. 

Às vezes respondem mal aos professores

– revelam alunos contactos pela nossa Reportagem

A nossa equipa de Reportagem conversou, há dias, com alguns alunos daquela escola e estes disseram que a situação tem vindo a ganhar contornos alarmantes nos últimos anos. Este ano, houve registo de vários casos em que alguns alunos embriagados discutiam com o professor ou colegas durante as aulas.

Os nossos entrevistados referiram que os que bebem compram a bebida nas barracas do mercado, sendo as mais consumidas Boss e Tentação.  

Bernardo Júnior Mangue, aluno da 10ª classe, disse que alguns destes que vão bêbados às aulas dizem que é  “para ganhar coragem para conquistar as colegas da escola”.

“Esse comportamento está a manchar a imagem da escola e dos próprios alunos. Alguns vem bêbados outros bebem aqui mesmo, precisamos duma intervenção urgente”, disse Mangue.   

Por sua vez, Nélio Simbine referiu que situações de embriaguez acontecem com maior frequência no turno da tarde. “É triste o que acontece com os nossos colegas. É mau porque interfere nas aulas e na concentração, porque a qualquer momento podem protagonizar qualquer acto violento”, disse. 

Por seu turno, Anastácia Jorge Marruri, aluna da 10ª classe, confirmou-nos a existência de colegas que vão às aulas embriagados e lembrou que recentemente encontraram bebidas escondidas na casa de banho.

“É verdade. Recentemente encontraram bebidas na casa de banho. É mau porque devíamos vir aqui para estudar, procurar formar grupos de estudo para conseguirmos notas que garantam a transição de classe, ao invés de ingerir bebidas alcoólicas”, disse.   

Outra aluna ouvida pelo nosso jornal foi Constância Chiziane que frisou que os colegas quando bebem, comportam-se mal na sala de aula, respondem mal ao professor e provocam outros colegas da turma.

“É triste o que está a acontecer aqui na escola. Até temos colegas que vão à aula de educação física estando bêbados. Consomem bebidas como Boss e Tentação. Eu não aprecio esta atitude, porque estamos aqui para estudar”, referiu.

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