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Alerta vermelho na instituição humanitária

Por admin

Está instalado um ambiente de cortar à faca na Cruz Vermelha de Moçambique (CVM), tudo porqueum grupo de 32 trabalhadores afectos à sede da instituição escreveu uma carta para o Conselho Executivo Nacional (CEN) dando conta de alegados desmandos protagonizados pelo secretário-geral, Américo Ubisse.

Numa carta de 16 páginas, acompanhada de abaixo-assinados, os funcionários apresentam uma série de inquietações sobre a forma como a instituição é gerida, desde o abuso de poder e criação de grupinhos, até à

marginalização de grupos na tomada de decisão, tentativa de venda do património da organização, penhora de bens na banca, usurpação de competências, quando Américo Ubisse passou a fazer pessoalmente a gestão financeira em detrimento da Direcção Financeira.

A carta datada de 26 de Fevereiro é assumida como um grito de socorro, porque, segundo escrevem os subscritores, já não era possível juntar todos os trabalhadores ao nível nacional, mas depois de auscultar (directa ou indirectamente) a sensibilidade dos demais – muitos se fizeram representar.

A missiva dos trabalhadores fala do facto de estar ser uma oportunidade ímpar, depois que Américo José Ubisse se fez secretário da instituição, uma vez que, segundo defendem, têm vivido no silêncio diante dos desmandos por ele perpetrados.

Face aos factos e não havendo uma pronta resposta do CEN, os funcionários da CVM tencionam paralisar a actividade nos próximos dias.

 

DOS CASOS AOS FACTOS

Segundo relatam, quando Ubisse chegou à CVM, os funcionários viam nele a esperança de elevar o prestígio da instituição humanitária a um nível mais alto, “avaliando pelo seu discurso bonito” e mal sabiam que a CVM caminharia para uma situação complicada. Lembram, na missiva, o episódio de Niassa, quando a delegação foi encerrada dado o uso abusivo dos fundos de parceiros; o mesmo se sucedeu em Cabo Delgado onde um técnico provincial de Saúde foi “desmontado” depois de uma auditoria liderada pelo secretário-geral.

Os trabalhadores admitem que nada deixava transparecer que o plano de retirar os ladrões da CVM, era exactamente evitar a concorrência e se tornar o único legítimo saqueador da instituição.

A CVM tinha instituído um grupo de funcionários seniores denominado Grupo de Tomada de Decisão que tinha como missão analisar e tomar uma decisão sobre os assuntos mais candentes da organização. Desde a chegada do actual SG essa prática foi extinta e as decisões macro passaram a ser tomadas apenas por Américo Ubisse, sua secretária, Rosa Matsinhe e pelo director de Planificação e Orçamento, Respeito Chirindza. Os outros directores foram postos à margem do processo o que motivou a saída de dois, para além de um chefe de departamento que foi expulso por ousar questionar o modelo de gestão instalado.

Segundo dizem os trabalhadores, esta forma de proceder trouxe consequências graves para a organização sendo de destacar o fracassado negócio das ambulâncias, que está a produzir aquém do planificado. As viaturas estão a acumular dívidas com a Federação Internacional onde foram alugadas. Isso sem contar com a dívida do empréstimo bancário que não se percebe para que fim.

O mesmo aplica-se aos kits de primeiros socorros em que foram gastos quase nove milhões de meticais. Porém, a composição do produto não obedeceu ao padrão exigido pelo Ministério da Saúde (MISAU). Em consequência disso, os kits estão armazenados acumulando letras de dívidas que ascendem aos dez milhões e seiscentos mil meticais (350 mil dólares) de dívida com o banco.

Os trabalhadores alegam que a CVM corre o risco de perder uma infra-estrutura construída pela contra-parte norueguesa em Pemba, uma vez este imóvel constar como objecto de penhora do empréstimo. Prosseguem os trabalhadores afirmando que o edifício devia servir para aluguer como forma de liquidar o empréstimo.

Fazendo-se valer da sua posição o secretário-geral, segundo dizem, tem vindo a usar os recursos da instituição de uma forma abusiva para além de criar a sua volta um grupinho com privilégios consideráveis. Afirmam que ele não mede a esforços nem meios para saciar a sua ganância e ostentação numa instituição que atravessa uma aguda crise financeira.

O SG usa fundos a seu bel-prazer, dão como exemplo que para além do consumo de 50 litros de combustível semanal a que tem direito, Américo Ubisse foi dois dias seguidos à bomba, onde a CVM abastece as suas viaturas e procedeu abastecimentos arbitrários e levou as facturas para a responsabilidade da instituição.

A carta termina dizendo que em todos estes anos de existência da instituição conviveram com a situação do SG ter direito de uma viatura de afectação e uma cota de combustível semanal e que tal se verificou nos reinados de Adelino Mahoze, Janeth Mondlane, Celestino Dingongo e Fernanda Teixeira, porém com o actual a situação mudou.

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