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Administradora de Ngaúma acusada de prepotência

Por admin

·Em Majune, questiona-se legalidade das regiões autónomas defendidas pela Renamo

Líderes comunitários, religiosos e grande parte da população do distrito de Ngaúma, no Niassa, estão de costas voltadas com o governo local (dirigido por Lúcia Salimo), acusado de praticar actos de nepotismo, corrupção e tribalismo.

A insatisfação foi expressa há dias por populares que falaram durante um comício orientado pelo governador Arlindo Chilundo naquele distrito que faz fronteira com o vizinho Malawi.

Para além da falta de transparência na gestão da coisa pública de que é acusada a administradora Lúcio Salimo, os intervenientes denunciaram a existência no distrito de um clima de medo e desconfiança entre o governo, líderes comunitários e religiosos, funcionários e população em geral, situação que, segundo populares, impede que as partes trabalhem conjuntamente em prol do desenvolvimento.

Um dos intervenientes, por exemplo, revelou que os concursos públicos são, invariavelmente, vencidos por pessoas que não sejam residentes no distrito, o que perpetua o cíclico problema da falta de emprego para os jovens, principalmente.

Sobre o assunto, um agente económico contactado pelo nosso jornal, que pediu para falar na condição de anonimato, por temer represálias, revelou que “a administradora prefere trabalhar ao lado de pessoas da sua tribo do que com os locais, uma situação que está a minar uma relação sã entre pessoas que vivem no mesmo distrito”.

Durante a sessão extraordinária distrital e a reunião com os líderes comunitários que se seguiu, dirigidas pelo chefe do Executivo de Niassa, o ambiente tornou-se mais tenso, dando a sensação de que a população daquele distrito já não quer ser governada por aquela administradora, acusada de arrogante.

“Não queremos entregar o distrito à oposição, não queremos voltar a perder eleições aqui por causa da má governação dos nossos dirigentes”, disse a fonte que temos vindo a citar, revelando que os problemas de relacionamento estão aatirar a população para os partidos que querem dividir o país e criar instabilidade no seio dos moçambicanos.

De referir que Ngaúma é o distrito que mais se destacou, pela negativa, ao trocar seis secretários distritais em menos de cinco anos, alegadamente por fraco desempenho e/ou mau relacionamento com a respectiva administradora, Lúcia Salimo.

ARLINDO CHILUNDO CAUTELOSO

Em resposta, Arlindo Chilundo foi cauteloso, prometendo averiguar todas as denúncias feitas para o apuramento da veracidade. “Vamos, primeiro, investigar o que aqui está ser dito para que não corrermos o erro de tomar decisões menos acertadas”, prometeu o governador de Niassa.

Para Chilundo é importante que todos os residentes do Niassa trabalhem em prol do desenvolvimento da província para que, segundo ele, as suas riquezas naturais – que não são poucas – possam ser exploradas racional e sustentadamente.

OUTRAS INQUIETAÇÕES

Durante o comício, várias pessoas pediram a palavra para falar das questões que inquietam o distrito de Ngaúma, nomeadamente insuficiência de unidades sanitárias, pessoal médico, água potável, vias de acesso em condições de transitabilidade, entre outras necessidades.

Celina Anussa, por exemplo, disse que há um desequilíbrio entre o crescimento populacional e as unidades sanitárias existentes no distrito, com consequências maiores para as mulheres que, vezes sem conta, estão sujeitas a dar à luz nas suas casas por insuficiência de maternidades.

“NÃO QUEREMOS

REGIÕES AUTÓNOMAS”

As visitas de Arlindo Chilundo, as primeiras que realiza na qualidade de governador de Niassa aos distritos, têm sido caracterizadas por negação ao regionalismo defendido pelo partido de Afonso Dhlakama. Quer em Ngaúma quer em Majune, as populações, em uníssono, defenderam um país unitário, onde os cidadãos se identifiquem como moçambicanas.

“Não queremos regiões autónomas, queremos um só país para todos os moçambicanos”,defenderam os intervenientes dos comícios realizados por Chilundo nos dois distritos, apelando aos políticos para não abrirem mão para um país cuja independência custou sangue dos moçambicanos.

Aliás, o governador de Niassa tem, nos seus comícios, explicado a importância de se respeitar a Constituição de Moçambique, realçando que as eleições são nacionais e não regionais e muito menos provinciais. “Ninguém deve reivindicar governar uma região, província, distrito, posto administrativo, localidade ou povoação onde ganhou, porque nas eleições só vence quem conseguir o maior número de votos”, ressalvou Chilundo, salientando que “neste caso, quem teve maior número de votos nas últimas eleições de 15 de Outubro foi a Frelimo e o seu candidato Filipe Jacinto Nyusi”.

De recordar que o governador de Niassa está a efectuar um périplo pelos distritos da província para, segundo afirmou, conhecer os problemas existentes e buscar soluções. 

André Jonas

andremuhomua@gmail.com

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