Nacional

“À matéria dos autos” de Juiz Paulino em livro

“Responda à pergunta”, dizia nas audiências de julgamento 

O julgamento dos então suspeitos pelo assassinato e mandantes da morte do jornalista Carlos Cardoso há 22 de Novembro de 2000 teve o condão de catapultar para a fama o Juiz da 10ª sessão Augusto Paulino, e hoje, volvidos 12 anos, o jornalista Hélio Filimonetraz à ribalta o acontecimento através de um livro. A obra será lançada no próximo dia 29 de Outubro, em Maputo.

O ano de 2002 ficará gravado nos anéis do sistema judiciário moçambicano e para sempre na vida do jornalista Hélio Filimone. Ainda foca (jornalista iniciante) oriundo da Escola de Jornalismo foi lhe confiada a missão de acompanhar o experimentado Júlio Manjate à cobertura do primeiro julgamento mediatizado na história de Moçambique. Trata-se do julgamento dos então presumíveis assassínios e mandantes da morte do jornalista Carlos Cardoso editor e proprietário do jornal electrónico “Metical” ocorrido há 22 de Novembro de 2000.

Como forma de marcar este momento único, o jornalista Hélio Filimone decidiu escrever um livro que retrata todo o processo dos bastidores até ao julgamento realizado num tribunal improvisado no interior da cadeia de máxima segurança BO e sobretudo aquele que conduziu a audiência, juiz Augusto Paulino.

Intitulado Juiz Paulino-Caso Cardoso: um marco no sistema judicial moçambicano marca a estreia do autor na área da literatura, sob chancela da Alcance Editores, através de uma obra com 296 páginas.

O livro retrata as principais incidências do julgamento que ficou conhecido como Caso Cardoso, que envolvia os autores materiais e morais da morte do jornalista, Carlos Cardoso, que vieram a ser condenados à prisão maior. 

Segundo o autor, primeiramente tinha a intenção de escrever sobre o julgamento através de uma série de entrevistas a pessoas que de forma directa e indirecta estiveram ligadas ao processo.

A medida que fui avançando com as entrevistas verifiquei que todos elogiavam a forma como o juiz conduzia o julgamento, então segui nessa perspectiva e o resultado é este livro que intitulei: “Juiz Paulino-Caso Cardoso: Um marco no sistema judicial moçambicano”, conta Filimone. 

A justificação para fazer brotar este livro é simplista: volvidos 12 anos a fazer cobertura de vários julgamentos, eventos da administração da justiça, incluindo a polícia, tinham que ser retratados em livro.

A escolha do Caso Cardoso encontra suporte na dimensão, singularidade, impacto, mediatização e sobretudo pela forma barbara como foi morto Carlos Cardoso. Também porque marcou a estreia de Hélio Filimone na cobertura de audiências de julgamento, pois foi chamado para este caso quando tinha apenas seis meses no jornal notícias.  

O livro foi prefaciado pela actual Ministra da Justiça, Benvinda Levi, então juíza-Presidente do Tribunal Judicial da cidade de Maputo e conta com mais de 50 entrevistados que estiveram ligados ao processo, jornalistas, juízes, advogados, polícia entre outros.

DOAÇÃO E HOMENAGEM

A segunda parte da obra é dedicada inteiramente à biografia do Juiz Augusto Paulino que presidiu o julgamento e fala do seu percurso desde profissional, primeiro como professor primário na província de Gaza, depois o seu ingresso na magistratura judicial e finalmente Procurador-geral da República.

“Graças ao julgamento que foi sabiamente dirigido pelo juiz Paulino as pessoas sabem o que é uma sala de julgamento, sua composição, regras e outros elementos que eram tabu para a sociedade”, disse o autor.

O jornalista vai longe afirmando que o profissionalismo do juiz mudou a face do sistema de administração da justiça no seu todo e particularmente na defesa dos direitos dos cidadãos. “Sou fã do juiz pela sua sinceridade, humildade, espírito trabalhador que faz dele único”, disse Filimone.

Ele descreve o antigo Procurador-Geral da República como uma pessoa feliz com a vida que se preocupa com o próximo, sorridente e dono de uma gargalhada ímpar, para quem o conhece não tem dúvidas de quem se trata.

Entretanto, explicou que quando começou a escrever o livro teve uma conversa com o juiz Paulino no sentido de que o dinheiro da venda fosse revertido a favor de uma instituição e a eleita foi a Escola Primária Completa de Bunhiça. Trata-se de uma escola que enfrenta várias dificuldades desde falta de carteiras, salas sem condições o que concorre para que os petizes estudem debaixo de árvores.

A par do lançamento do livro será feita uma homenagem ao antigo Procurador-geral da República, Augusto Paulino, por tudo quanto ele fez como professor, juiz e Procurador. Para o efeito estarão presentes no evento colegas da educação, das magistraturas judicial e Ministério Público.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Artigos Relacionados

Botão Voltar ao Topo