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Zimbabweanos vão às urnas esta semana

Por admin

Depois de várias incertezas e até pressões para o adiamento, tudo indica que efectivamente, esta quarta-feira, dia 31 de Julho corrente, os zimbabweanos vão ter o que convencionou chamar

eleições harmonizadas, pois são presidenciais, parlamentares e locais.

Dados obtidos pelo domingodão conta de que a campanha está a decorrer sem sobressaltos, tendo até os observadores da União Europeia (UE) e da União Africana (UA) descrito esta fase como estando a decorrer normalmente, com excepção de uma polémica em torno dos eleitores especiais que não puderam exercer o seu direito de voto nos dias 14 e 15 de Julho corrente, nomeadamente, membros das Forças de Defesa e Segurança e técnicos da Comissão Eleitoral (ZEC).

Uma pequena polémica despoletou em torno da votação especial que geralmente é assegurada aos funcionários que pela natureza do seu trabalho podem não estar nas suas assembleias de voto no dia marcado para as eleições gerais. No caso vertente, foram identificados e registados 63.268 funcionários, de entre militares, polícias, guardas-prisionais e funcionários da Comissão Eleitoral. A votação especial foi realizada nos dias 14 e 15 de Julho, mas nela participaram apenas 37.108 eleitores.

Na semana ora finda estava em discussão a forma como os restantes 26.160 membros das FDS podiam ser dados alguma oportunidade de o fazerem antes ou no dia 31, excepcionalmente, e em qualquer mesa próxima de onde estiverem a trabalhar. Para regularizar esta questão, o Tribunal Constitucional convocou os partidos políticos para que até sexta-feira depositassem suas petições com sugestões concretas.

Ao contrário do que acontece entre nós em Moçambique, no caso zimbabweano, os jornalistas foram postos fora da lista dos que deviam fazer uma votação especial devido à natureza da sua profissão. Entretanto, os jornalistas zimbabweanos, através da sua associação e advogados, meteram uma petição durante a semana passada exigindo um tratamento especial à semelhança dos seus compatriotas uniformizados, em referência aos membros de Defesa e Segurança.

CINCO CONCORRENTES PRESIDENCIAIS

E 871 PARA DEPUTADOS

Num ambiente tido até agora como calmo e com todas as condições para eleições livres, justas e mais tranquilas de sempre, cinco candidatos disputam a presidência da República, enquanto 871 cidadãos concorrem para os 210 assentos da Assembleia Nacional, no que se convencionou localmente chamar de eleições harmonizadas.

O novo chefe do Estado zimbabweano deverá sair dentre Robert Gabriel Mugabe, candidato a sua própria sucessão através do Partido Zanu-PF, actualmente no poder; Dumiso Dabengwa, do ZAPU, o actual Primeiro-ministro, Morgan Tsvangirai, do principal partido da oposição MDC-T, Welshman Ncube, o dissidente do partido de Tsvangirai, que criou outra facção do mesmo partido e que manteve a designação MDC, e Munodei Kisinoti Mukwazhe, do ZDP.

Não restam dúvidas que os verdadeiros contendores destas eleições são o próprio Presidente Mugabe e o seu colega no actual Governo de Unidade Nacional, o Primeiro-ministro, Morgan Tsvangirai, do MDC-T.

Dos mais de 800 candidatos a membros da Assembleia Nacional há a destacar a existência de 78 candidatos independentes que assim agiram depois de perderem nas primárias dos respectivos partidos. Deste número, a maioria, 41, são do partido MDC-T.

As informações que nos chegam do Zimbabwe, para onde Moçambique enviou dez observadores para integrarem a missão da SADC, indicam que, efectivamente, todos os partidos estão preparados para estas eleições, razão pela qual estão activos na campanha eleitoral.

Em termos de estratégia política, um tema recente que domina o debate é a amnistia tributária decretada pelo Governo Central, que anulou e noutros casos ofereceu reduções e parcelamento de dívidas ao Estado referentes ao período da maior crise económica de sempre que se abateu sobre o país nos anos 2008 a 2009 antes da dolarização.

Esta decisão entrou em choque com a governação autárquica do MDC-T de Morgan Tsvangirai nos municípios sob sua direcção, onde vinha pressionando e até agravando as taxas. O partido de Tsvangirai queixa-se de que esta medida debilita economicamente a sua acção governativa.

Outro velho cavalo de batalha da oposição, ripostado com rigorosidade por Mugabe, diz respeito ao fantasma da fraude e intimidações que vem constituindo o centro do discurso de Tsvangirai, cujos comícios, segundo alguma imprensa local, tem sido pouco concorridos.

O diário zimbabweano The Herald, na sua edição de quinta-feira, cita Robert Mugabe, respondendo às alegações de fraude pelo MDC-T e “seus aliados ocidentais”, nos seguintes termos: “nós somos um partido maduro. Não estamos nas eleições pela primeira vez e nunca houve fraude. Sempre tivemos boas eleições”. Salientou ainda, na sua campanha na cidade de Mutare, Manicaland, que as alegações de fraude pelo MDC-T constituem o reconhecimento antecipado de uma derrota retumbante.

Contudo, o mais importante destas eleições é que têm uma campanha caracterizada por um ambiente pacífico, embora seja reportado um e outro caso de confrontos entre grupos opostos que curiosamente acabam sendo separados pela polícia anti-motim, o que contrasta com os casos reportados nos anteriores pleitos eleitorais caracterizados por confronto directo entre a polícia e apoiantes da oposição.

 

Francisco Alar, nosso enviado à Harare 

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