Quis o destino que os cubanos fossem nativos de um conjunto de arquipélagos, na América Central, que foi brindado com um embargo a 7 de Fevereiro de 1962. Os cubanos vivem este “terror” há mais de cinquenta anos e dependem deles mesmo para fazerem omolete… sem ovos.
Como diz o ditado: Quem não tem cão caça com gato. Eles dependem da sua capacidade intelectual para criar e recriar. Usam a sua força para produzir, organizar-se e para se definirem como um país. O resultado disso é simplesmente deslumbrante. São disciplinados, organizados e promotores e protectores do seu rico património. A seguir descrevemos Cuba de A a Z.
A – Ambição. Mesmo estando isolados e não podendo fazer muitas coisas que almejam, provam que são ambiciosos e anseiam viver bem. Mostram e vendem ao mundo os seus produtos de marca (charutos, run, música, entre outros), enquanto gritam a plenos pulmões Cubaaa…
B – Bandeira. É motivo de orgulho. Para além de estar estampada em camisetas, bonés, blusas, é hasteada em quase todas as partes de Havana como praças, pracetas, passeios, escritórios e hotéis. Alguns automobilistas têm-na colada nos carros.
C –CUC. É a moeda reservada a turistas e não residentes. Conhecida como Peso Cubano Convertível (CUC). Equivale, quase, ao dólar norte-americano. Tem uma taxa mais cara que o peso cubano comum, aquele que os nativos usam.
D – Disciplina. É incrível como este povo é disciplinado. A maneira como se comunicam com forasteiros, como atravessam as ruas, conduzem os carros, como respeitam os limites individuais e colectivos mostra que há uma educação forte inculcada desde tenra idade.
E – Embargo. Cinquenta e quatro anos depois, Cuba ressente-se profundamente do embargo (El bloqueo, em castelhano), a que foi imposto pelos Estados Unidos da América. Há áreas de desenvolvimento que poderiam ter catapultado o país para outros níveis se não fosse o embargo…
F – Felicidade. O povo cubano irradia felicidade. Quando fala, quando come, dança, anda, etc., etc., etc.. São sorrisos que parecem vir do fundo da alma.
G – Goiabeiras. São uma espécie de uniforme. Há brancas, azuis, castanhas, amarelas. E são envergadas até por estrangeiros, que se sentem contagiados pela moda local. Eles, os cubanos, vestem-nas com elegância. Nos hotéis, restaurantes, departamentos dos ministérios, governo em geral, é a peça de roupa mais usada.
H – Humildade. São de uma simpatia incrível. Mesmo os que não falam inglês procuram desdobrar-se na língua de Shakespeare, numa tentativa de inglês que se percebe que é mais castelhano. Porém, praticando, vão aprendendo a língua.
I – Igualdade. Este é um dos princípios que os cubanos defendem. Somos todos iguais e, por tal, vamos partilhar do que existe. “Aqui em Cuba não há ricos porque somos todos iguais”.
J – Jazz. É o estilo de música que agita as noites. Misturando ritmos populares, os músicos cubanos tocam música universal, mostrando que mesmo com o embargo, a cultura faz parte deles e é uma referência obrigatória. Basta recordar Chuchu Valdez, Buena Vista Social Club.
K – “Know-how”. Quem olha e mede o país em função das casas, ruínas e carros pode pensar que é um país sem futuro. Mas Cuba é saudável em termos de conhecimentos (“know-how”), o que deixa antever um país com futuro promissor, em breve poderá surpreender o mundo. São fortes na Indústria Farmacêutica, Educação, Saúde, onde são “exportadores” de médicos para os quatro cantos do mundo.
L – “Libre” (livre). É o país que se almeja desde a revolução de 1959, entretanto beliscada fortemente pelo embargo, três anos depois. Há o desejo de evoluir e ver o mundo. Porém falta-lhes a liberdade de viajar livremente, fazer negócios e aceitar investimentos no país.
M – Música. Rumba, salsa, chácháchá e bolero são alguns dos ritmos populares que electrizam não só Havana, mas também outras cidades. Cantam e dançam sem reservas.
N – Natureza. Os passeios estão cheios de árvores. Os jardins onde os cubanos se sentam para conversar, ler e contemplar os estrangeiros estão cheios de verde. Há muitas plantas e flores, o que empresta um ar natural à capital, Havana.
O – Organização. De nada valem os recursos, o dinheiro e a liberdade se não formos organizados. Nesse aspecto, os cubanos são exemplares.
P – Património. Preservam, promovem e divulgam o seu património. Mesmo aqueles objectos que se julga insignificantes, eles limpam-nos e usam como atractivos: armas antigas, primeiro comboio, casas de operações durante a guerra, etc., etc.
Q – Qualidade. A escolaridade é obrigatória em Cuba. Todo cubano tem o direito de estudar desde a primeira classe até à formação superior, de forma gratuita. O ensino é de qualidade. Assim como é de qualidade o nível de Saúde, também gratuito, que os cubanos beneficiam.
R – Run. É um dos produtos que orgulha aquele país. O Run cubano é famoso por ter um test único. Quando desliza goela abaixo faz a cada bebedor sentir e viver Cuba de forma extraordinária. Uns bebem-no a seco e outros preferem bebê-lo fumando um bom charuto.
S – Saias Curtas. É o look natural das cubanas: dos seis aos noventa anos. As cubanas desfilam de trajes que despertam o olhar.
T – Táxi. Há dois tipos de táxi. Os amarelos, de luxo, para os estrangeiros, e carros dos anos sessenta, americanos, para os cubanos.
U – Universidades. Formam estudantes provenientes de vários países. A qualidade é inquestionável e são cada vez mais procuradas. Oferecem formação técnico-profissional de primeiríssima água.
V – Vista maravilhosa. Quem está no centro da cidade tem uma vista privilegiada e sem igual do mar. Quem está do lado da Fortaleza contempla a inocência e beleza da cidade de Havana, incansavelmente.
W – “Workshop”. O país não pára. Os cubanos têm estado a trocar experiências com técnicos de outros países. É frequente ver, em “workshops”, chineses, americanos e parlamentares dos países da América Central em exercícios de busca de soluções para os problemas que os apoquenta.
X –Xenofilia. Não sabemos se movidos pelo embargo ou não, os cubanos têm uma simpatia pelo estrangeiro e apetência ao que do estrangeiro provém. Não há xenofobia.
Y – Younit. Jovem saxofonista em ascensão. Cheio de esperança, aguerrido e trabalhador. Younit, cujo pai é professor de saxofone, é uma promessa na música cubana.
Z –Zum-Zum. Está meio mundo agitado em Havana. Principalmente os jovens. A maior parte deles diz ouvir “zum-zum” de que o embargo será levantado o mais rápido possível, e que eles poderão, finalmente, realizar os seus sonhos: ir para os Estados Unidos da América. De Havana para Miami, indo de avião, são quinze minutos.
Texto de Frederico Jamisse
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