Se por um lado se festeja o fim do Governo Inclusivo que, segundo opinião local, foi de gestão difícil e de baixa produtividade, com a vitória de Roberto Mugabe com 61 por cento dos votos contra 34
conseguidos por Morgan Tsvangirai, a perspectiva de uma cada vez mais apertada campanha de sanções contra o país se mostra mais evidente, prenunciando um futuro mais delicado para o Zimbabwe.
Para além do questionamento da legitimidade da vitória, se critica também a obtenção da maioria absoluta pelo ZANU-PF, uma vez que tal vantagem dá a possibilidade de alterar a constituição. Contudo, a forma como esta questão é colocada, ao ponto de se falar de um monopartidarismo, dá se a impressão de ser algo estranho e até crime ganhar eleições e ter autonomia para implementar o seu programa de governação, o que tem que ser feito com o povo no centro de atenções, pois este pode penaliza-lo nos próximos pleitos eleitorais.
Os resultados eleitorais deste ano no Zimbabwe parecem uma réplica da última vitória pormaioria absoluta conseguida pela Frelimo nas últimas eleições gerais, algo que acabou assustando o principal partido da oposição moçambicana ao ponto de ter medo do escrutínio.
Naverdade, durante a vigência do Governo de Unidade Nacional, (que os zimbabweanos chamam de Governo Inclusivo), o Ocidente levedou as sanções económicas na esperança de atribuir a Tsvangirai todo o sucesso da governação em termos de levantamento da economia e normalização da vida do povo. Isto, nesta perspectiva, haveria de granjear Mais simpatias ao MDC-T e o seu líder para uma folgada vitória nas eleições de 2013. Ora, tal não aconteceu, pois o discurso exageradamente orientado para o exterior, a exagerada simpatia pelos brancos corporizada pela promessa de devolução das terras agora nas mãos dos camponeses e empenhar-se com todas as forças contra a política de indgenização, isso, sim, retirou de Tsvangirai e o seu MDC-T toda a simpatia sobretudo do eleitorado campesino.
Mas, o pior é a vingança que se pode esperar do Ocidente, pois já chovem análises até com conteúdo insultuoso nas medias. Um texto assinado por Stephen Glover, publicado no Mail Online, termina com uma macabra afirmação que pedimos licença para reproduzir com a devida repugnância: Este homem de 89 anos, que de quando em vez se considera católico, não é imortal. Onde os britânicos e outros por aí falharam, o seu criador finalmente vai tomar uma decisão.
Quer queiramos quer não, esta afirmação reflecte o ódio que paira por aí, o que exigirá uma grande mestria para evitar o descalabro.
Curiosamente, em 2008 Roberto Mugabe perdeu na primeira volta por 43 contra 47 por cento dos votos conseguidos pelo seu concorrente Tsvangirai, num ambiente verdadeiramente marcado por violência e intimidações, onde nem o próprio Tsvangirai escapou à porrada policial.
O povo, porém, parece ter tomado em alta consideração o facto de Mugabe ter sido suficientemente humilde para aceitar formar o governo de unidade nacional depois de ter ganho na segunda volta por falta de comparência do concorrente.
DESTAQUES
A taxa de alfabetização continua a “bater” acima dos 95 por cento, sendo, talvez, essa a razão por que se assiste um debate aceso tanto nos meios de comunicação social como na arena académica, com conferências e lançamento de vários estudos analíticos de cada momento político, social e económico
Um amigo meu que foi fazer o seu Mestrado no Zimbabwe, exactamente nos anos 2008 a 2009, reporta um nível de organização pedagógica e académica, desde a informatização de todo o sistema, incluindo a abundância de material académico, acesso a jornais científicos e publicações actualizadas que nunca deixou a classe abaixo dos outros países
Dados não oficiais apontam para um salário mínimo médio de 300 a 400 dólares americanos o que, no dizer do taxista que nos acompanhou na cobertura de eleições, está muito abaixo do que qualquer um pode ganhar com auto-emprego, por exemplo, como taxista ou barbeiro