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Turquia, uma área pivot disputada por Washington e Moscovo

Por Idnórcio Muchanga

A Turquia está em rota de colisão com os EUA por pretender comprar tanto armamento americano, Caças F-35, como armamento russo, sistema antimísseis S-400. Os EUA não aceitam que um membro da OTAN, a Turquia, compre armas da Rússia. O argumento central é que a convivência entre os Caças F-35 e o sistema S-400 torna possível a espionagem russa ao Caças, que poderá obter com facilidade a informação devido à proximidade. Por esta razão Washington tem estado a pressionar Ankara a desistir da compra do sistema S-400. A última acção foi intentada pelo secretário de Defesa dos EUA que deu um ultimato a Ankara prometendo expulsá-la da OTAN se até 31 de Julho próximo não desistir da compra do sistema antimísseis russo. Ankara respondeu que não vai renunciar à compra e que não aceita ameaças de nenhum país.

Na realidade, a tensão entre Ankara e Washington é uma manifestação de disputas seculares e mais profundas entre os EUA, poder marítimo, e a Rússia, poder continental. As disputas geostratégicas entre Washington e Moscovo têm sido ao longo da história objecto de estudo de estrategas com maior destaque para três pensadores, nomeadamente Alfredo Tayer Mahan (1840-1914), com a sua teoria do poder marítimo, Harlford Mackinder (1861-1947), com a sua teoria de poder continental, e Nicholas Spykman (1893-1943), com a sua teoria de poder do ­Rimland (Margens da Terra).

Mahan estava convencido que para os EUA se tornarem hegemonia global precisavam tão somente de fazer o comércio internacional baseado no princípio de portas abertas e estabelecer bases navais em zonas turbulentas para que não haja impedimento à circulação. Este pensamento foi rebatido por Mackinder que julgava que esse poder que se alcança a partir do comércio internacional não é suficiente para dominar a Eurásia. Porque a Eurásia encontra-se no coração da terra e, portanto, uma região de difícil acesso para países marítimos, concluiu que quem controlasse a Eurásia controlaria o mundo. E porque a Rússia (URSS) se encontrava na Eurásia e a controlava, a conclusão de Mackinder apavorou os EUA que procuraram todas as formas de anular a vantagem geopolítica da Rússia.

Foi Spykman que deu a solução de que os EUA se serviram durante a Guerra-Fria e continuam a se servir para fragilizar a Rússia. Spykman nas suas análises disse que tanto Mahan como Mackinder estavam certos nas suas asserções, mas tinha identificado erroneamente a área pivot (poderosa) do mundo. Spykman argumentou que a área pivot não é a Eurásia, mas as margens (Rimland) da Eurásia. Portanto, quem controlasse as margens da Eurásia controlaria o mundo. Esta conclusão de Spykman levou os EUA a criarem organizações militares para controlar o mundo. De facto, os EUA criaram a Organização do Atlântico Norte (OTAN), em 1949, para controlar o Rimland Ocidental, a organização do Tratado Central (OTCE), em 1954, para controlar o Rimland Eurasiano e Organização do Tratado Sudeste (OTSE), em 1954, para controlar a leste do Rimlan Eurasiano. Com estes tratados, os EUA garantiram o controlo da Eurásia, o que de alguma forma explica o fracasso da URSS devido às dificuldades que a URSS passou a ter para fazer o comércio internacional. A Turquia e o Irão jogaram um papel importante no enfraquecimento económico da URSS. Leia mais…

Por Paulo Mateus Wache*

PWache2000@yahoo.com.br
 

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1 comment

designer dog harness 31 de Agosto, 2023 - 16:53

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