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REVERSÃO DA CRIMEIA À RÚSSIA: Uma correcção do erro histórico

Por Idnórcio Muchanga

– considera o embaixador da Federação Russa em Moçambique em entrevista ao domingo

No dia 18 de Março, somaram-se cinco anos da re-integração da Península de Crimeia à Rússia, naquilo que o Ocidente considera uma anexação, mas que para a Rússia foi uma correcção de um erro histórico que nem durou tanto. Para entender um pouco de história e os interesses envolvidos neste polémico processo, o nosso jornal entrevistou o embaixador da Federação Russa em Moçambique, Alexander Surikov.

Parece que com a desintegração da URSS, segundo as condições dos acordos de Belaveja, a Crimeia tinha de permanecer como parte da Ucrânia. Não terão constituído uma anexação os acontecimentos de 2014 ?

Esta ideia é completamente errada. A verdade é que a Crimeia e Sebastopol não tinham de ser parte do território da Ucrânia independente, em primeiro lugar. Lá, nos anos 50, ninguém podia imaginar que as divisões administrativas algum dia se converteriam em fronteiras internacionais.

Ademais, segundo a análise abrangente de peritos do direito constitucional da URSS, a re-subordinação da República Autónoma da Crimeia da Rússia à Ucrânia foi inconstitucional. Embora assim, o motivo dessa acção foi administrativo e não político. O objectivo era simplificar a gestão de grandes projectos infra-estruturais em curso no sul da Ucrânia e norte da Crimeia. Além disso a cidade de Sebastopol com a sua base naval – sede da Frota do Mar Negro – nunca fazia parte da República Autónoma da Crimeia, sendo subordinada directamente às autoridades centrais, devido ao seu significado estratégico para a segurança nacional da URSS.Muitos agora esqueceram-se que no referendo legítimo de 20 de Janeiro de 1991 mais de 80 por cento da população da Península votou a favor da restituição da República Autónoma Socialista da Crimeia como parte da República Socialista Federativa Soviética da Rússia. As autoridades ucranianas não reconheceram aqueles resultados.

 

Todos estes factos comprovam que a Crimeia sempre foi território russo, sendo ucraniano por erro durante um período muito curto.

Mas isto não comprova totalmente a legitimidade do referendo, especialmente tendo em conta que no decorrer deste evento na Península da Crimeia estavam tropas russas.

Sim, na mesma quantidade que as tropas da Ucrânia que não se mexeram. Estavam pela razão muito simples: segundo o acordo russo-ucraniano, vigente na altura , tínhamos direito de deslocar as tropas nas bases da Marinha russa em Sebastopol. Quero também lembrar que pouco antes do referendo da independência na Crimeia, a Ucrânia sofreu dum golpe de estado, orquestrado desde Ocidente e que levou ao poder as forças nacionalistas, neo-nazistas e claramente anti-russas.

Texto de FRANCISCO ALAR
francisco.alar@snoticias.co.mz
 

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