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Parece que os “putinistas” tinham
razão sobre os efeitos das sanções

Por Idnórcio Muchanga

Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, qualquer analista que considere as sanções ocidentais contra o Kremlin como sendo contraproducentes é acusado de ser “putinista”. Aliás, o simples facto de se procurar tomar uma posição “neutra” é considerado como sendo hipócrita ou pró-Rússia. Na semana passada, no entanto, um dos “braços económicos” do Ocidente, o Fundo Monetário Internacional (FMI) deu indicações de que os rotulados “putinistas” têm, afinal, alguma razão nas suas análises sobre os efeitos das sanções contra a Rússia. Se a expectativa dos sancionadores era sufocar a economia russa e fortalecer as ocidentais, os efeitos parecem estar, pelo menos por enquanto, a ser o reverso disso. O mais recente relatório do FMI, Perspectivas Económicas Mundiais, indica que, apesar das pesadas sanções económicas impostas pelo Ocidente, a economia russa está melhor do que o esperado e, em contrapartida, as economias europeias, que estão na vanguarda das sanções contra a Rússia, estão pior do que se previa. Ou seja, as sanções não produzem efeitos adversos somente para o sancionado, elas podem na verdade ser mais prejudiciais para o sancionador.

O uso de sanções económicas nas relações internacionais tornou-se mais popular após o fim da ocidentalmente designada Guerra Fria. As sanções envolvem a tentativa de Estados ou organizações internacionais coagirem governos a efectuarem mudanças políticas restringindo interacções económicas com seus territórios, incluindo comércio, investimento, finanças e viagens. A sua popularidade é resultado dos efeitos nefastos da Primeira e Segunda Guerras Mundiais, que levaram os governos a reconhecer e considerar seriamente o uso de sanções como um substituto para a guerra ou qualquer tipo de hostilidade entre os Estados. Elas são vistas como uma medida intermédia entre os extremos de confrontação militar ou de inacção perante um comportamento considerado desviante pelo potencial sancionador. Para além de serem uma alternativa à guerra, o uso de sanções resulta de uma crescente consciência da crescente interdependência da economia internacional, que tornou os Estados mais vulneráveis a interrupções no comércio, e do fim da Guerra Fria, que tornou os países mais vulneráveis à pressão económica do Ocidente. Leia mais…

Por Edson Muirazeque *
edson.muirazeque@gmail.com

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