O Estado de Israel efectivou, na semana passada, um ataque contra mais um Estado, o Qatar, na sua campanha “genocida” de supostamente tentar eliminar o Hamas, o grupo militante que orquestrou o ataque de 7 de Outubro de 2023 sobre o seu território. Depois de “assassinar” cinco elementos do Hamas e um segurança qatari, as autoridades israelitas anunciaram que assumem total responsabilidade pelo sucedido e que não havia coordenado o ataque com os EUA. O pronunciamento das autoridades de Washington também deixou transparecer que Israel agiu por conta própria. Ora, o Qatar é também um aliado dos EUA e até é categorizado como um “importante aliado dos EUA não pertencente à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN)”, o braço armado dos EUA/ Ocidente. O ataque representa, portanto, um marco significativo na política de segurança regional do Médio Oriente. Ao atingir alvos ligados ao Hamas em território qatari, Israel não apenas demonstrou que possui uma certa autonomia estratégica, entendida como a capacidade de agir unilateralmente, em questões sensíveis, sem prévio conhecimento dos EUA, como também está disposto a continuar a desafiar normas de soberania, o que pode, de algum modo, afectar influência diplomática dos EUA na região. Aliás, o incidente faz-nos questionar sobre “quem se sobrepõe a quem na relação bilateral entre EUA e Israel”.
Não é a primeira vez que Israel ataca alvos em Estados terceiros, violando a sua soberania, aparentemente sem conhecimento ou envolvimento dos EUA. Só para citar alguns casos pode se fazer referência ao bombardeamento do reactor nuclear iraquiano de Osirak em 1981; o ataque ao reactor sírio de Deir ez-Zor em 2007; os assassinatos selectivos de cientistas iranianos entre 2010 e 2012; Leia mais…