Na semana passada, o governo dos Talibãs, um grupo outrora classificado de terrorista por Washington, obteve uma notável demonstração de apoio à sua recente oposição a qualquer regresso militar dos EUA ao país.
Numa reunião em Moscovo, responsáveis da Rússia, Índia, Paquistão, China, Irão, Cazaquistão, Tajiquistão, Uzbequistão e Quirguistão juntaram-se aos seus homólogos Talibãs para rejeitar veementemente qualquer tentativa de estabelecer bases militares estrangeiras no Afeganistão. Ao que parece, está a ser forjada uma “aliança de conveniência” na Ásia Central, onde potências regionais historicamente rivais mostram-se dispostas a alinhar interesses estratégicos em torno de um objectivo comum: impedir o regresso da presença militar dos EUA à região. O recente comunicado em que os países da Ásia Central “consideraram inaceitáveis as tentativas dos países de implantar a sua infraestrutura militar no Afeganistão e nos Estados vizinhos, uma vez que esta não serve os interesses da paz e estabilidade regionais”, confirma o velho ditado: “o inimigo do meu inimigo é meu amigo”.
A Ásia Central é uma região da Ásia composta tradicionalmente por cinco países: Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão, Turquemenistão e Uzbequistão. A região é delimitada pelo Mar Cáspio a sudoeste, pela Rússia a noroeste, pela China e pela Mongólia a leste, pelo Afeganistão e pelo Irão a sul e pela Sibéria a norte. Com efeito, para além dos cinco países, a região da Ásia Central comporta também partes dos territórios do Afeganistão, da China, da Índia, do Irão, da Mongólia, do Paquistão e da Rússia. É este conjunto de “aliados de conveniência”, à excepção da Mongólia, que sinalizaram, semana passada, que os assuntos do Afeganistão são da responsabilidade dos actores da região e não de actores extra-regionais. Embora não tenham feito menção directa dos EUA, é a este país que se dirigia a mensagem contida no comunicado conjunto publicado pelos “improváveis aliados”. O ditado “o inimigo do meu inimigo é meu amigo” pressupõe a ideia de que duas pessoas ou grupos que têm um inimigo em comum podem se aliar. É um ditado que prescreve que uma aliança Leia mais…