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A mentira tem perna curta – EUA e Israel “ desacreditados” pelo México

Por Edson Muirazeque

Os órgãos de informação ocidentais estiveram, recentemente, inundados de notícias que davam conta que uma unidade de elite iraniana planeou o assassinato da embaixadora de Israel no México. As notícias citavam altos funcionários norte-americanos e israelitas, que pediram anonimato, a indicarem que o plano, supostamente engendrado pela Força Quds da Guarda Revolucionária Islâmica do Irão (IRGC), foi iniciado no final de 2024 e manteve-se activo durante o primeiro semestre deste ano. Sucede, porém, que as autoridades mexicanas, negaram qualquer conhecimento do suposto plano de assassinar a diplomata, isso depois de o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel ter divulgado um comunicado a agradecer às forças de segurança e à polícia mexicana por “frustrarem uma rede terrorista dirigida pelo Irão que procurava atacar a embaixadora de Israel no México”. O desmentido categórico das autoridades mexicanas revela que ou houve falhas graves de comunicação, ou houve manipulação deliberada de informação por parte de Washington e Telavive, ou ainda uma combinação de interesses e mal-entendidos. Seja como for, é caso para dizer que “a mentira tem perna curta” e, como tal, em relações internacionais ela pode levar à erosão da credibilidade do “mentiroso”.

A narrativa que foi “vendida” na imprensa, essa que colocava a IRGC no centro de uma conspiração para assassinar a embaixadora israelita, não é surpreendente tendo em conta a sua origem. Na verdade, a criação de narrativas securitárias em torno do Irão tem sido uma constante na política externa dos EUA e de Israel, dois “inimigos” declarados do Irão que este ano o atacaram sem “justa causa”. O que torna este caso interessante é a reacção do México. Após a divulgação de um comunicado oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel, no qual agradecia à polícia e às forças de segurança do México por “frustrarem uma rede terrorista dirigida pelo Irão”, as autoridades mexicanas vieram prontamente a público negar qualquer conhecimento sobre tal operação. O desmentido directo e, diga-se, constrangedor, colocou em causa a credibilidade da narrativa inicial e lançou dúvidas sobre a veracidade, a intenção e a origem das informações veiculadas. Ao que tudo indica, as informações, apresentadas como fugas selectivas de inteligência, foram rapidamente tratadas como factos consumados, por diversos órgãos de imprensa, para reforçar a ideia de que o Irão é um país agressivo e expansionista, disposto a atacar alvos israelitas mesmo longe da região do Médio Oriente. Leia mais…

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