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O “poder da carne halal” na política externa do Brasil de Bolsonaro

Por Idnórcio Muchanga

No dia da tomada de posse para o cargo de Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro prometeu ao Primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que a questão da transferência da embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém, em Israel, era uma questão de “quando, não se”. Três meses após a promessa, Bolsonaro veio a público informar que esta vai ser cumprida, mas que, por enquanto, a embaixada vai permanecer em Tel Aviv. Confrontado com a eventualidade de os estados árabes bloquearem a compra de produtos brasileiros, especialmente de carne halal, Bolsonaro voltou atrás na sua promessa e, ao invés da transferência da embaixada, anunciou a criação de um escritório comercial em Jerusalém. Este recuo de Bolsonaro pode ser visto, por um lado, como sendo a correcção de uma “ingenuidade política” do Presidente brasileiro aquando da promessa que fez a Netanyahu em Janeiro e, por outro, como uma evidência da primazia do factor económico sobre o factor político nas relações internacionais.

A problemática em relação ao reconhecimento de Jerusalém foi despoletada pelo Presidente dos EUA, Donald Trump, que em Maio de 2018, contra as resoluções das Nações Unidas, reconheceu Jerusalém como a capital do Estado de Israel. Dada a sensibilidade da questão da pertença de Jerusalém e a potencialidade da sua reivindicação, tanto pelos judeus como pelos árabes, incendiar o conflito israelo-palestiniano, a cidade é considerada como um território internacional. Ou seja, nem Israel e nem a Palestina devem reivindicar soberania sobre o território. No entanto, no contexto do conflito entre Israel e a Palestina, os dois contendores têm tentado considerar a cidade como sua capital. Até a decisão de Trump, quase todos os estados do mundo consideravam Tel Aviv como capital de Israel. Entretanto, logo que o Presidente dos EUA reconheceu Jerusalém como a capital do país judeu muitos outros estados fizeram o mesmo e iniciaram diligências para transferir as sedes das suas embaixadas de Tel Aviv para Jerusalém.

Texto de Edson Muirazeque *
edson.muirazeque@gmail.com

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