Início » O enigmático adeus de Bento XVI

O enigmático adeus de Bento XVI

Por admin

Quando faltavam dois meses para celebrar oito anos de pontificado, Josep Ratzinger (Papa Bento XVI) anunciou que renunciaria ao cargo a 28 de Fevereiro próximo. Em comunicado divulgado na

 passada segunda-feira, no Vaticano, explicou que vai deixar a liderança da Igreja Católica Apostólica Romana “devido à idade avançada e por não ter mais forças para exercer as obrigações do cargo”.

Nos últimos meses, o Papa parecia cada vez mais frágil nas suas aparições públicas, muitas vezes precisando de ajuda para caminhar. Contudo, o Vaticano negou que uma doença tenha sido o motivo da renúncia.

É dado adquirido que o Papa Bento XVI usa pacemaker há vários anos, notícia confirmada terça-feira pelo porta-voz do Vaticano, o padre Federico Lombardi, durante uma conferência de imprensa.

No entanto, de acordo com a Santa Sé, o estado de saúde de Bento XVI era bom, pelo que a resignação anunciada segunda-feira não está relacionada com o uso do estimulador cardíaco.
Bento XVI foi eleito no dia 19 de Abril de 2005, quando tinha 78 anos, para suceder a João Paulo II, um dos pontífices mais populares da História.

Segundo a Santa Sé, até ao próximo dia 28 de Fevereiro, o Papa estará “totalmente encarregado” dos assuntos da igreja e irá cumprir os compromissos já agendados.

A Santa Sé anunciou que o papado, exercido pelo teólogo alemão desde 2005, vai ficar vago até que o sucessor seja escolhido, o que se espera que ocorra até a Páscoa, no próximo dia 31 de Março, segundo o porta-voz Federico Lombardi.

O papa vai despedir-se dos fiéis na véspera do adeus ao pontificado, anunciou ainda o porta-voz, esclarecendo que a última audiência pública acontecerá a 27 de Fevereiro, na praça de São Pedro, “porque haverá muitas pessoas e para permitir a Bento XVI saudar os seus fiéis”.

 O novo Papa será escolhido pelo conclave de cardeais no mínimo de 15 dias e no máximo 20 dias após a renúncia. As agências noticiosas anunciaram esta semana que este conclave deverá começar a partir de 15 de Março o processo da eleição do Sumo Pontífice.

O QUE DIZ O DIREITO CANÓNICO?

De notar que a renúncia de um papa está prevista no Código de Direito Canónico, que estabelece que, “para ter validade, é preciso que seja de livre e espontânea vontade e não precisa ser aceita por ninguém”.

Após a saída ou morte do Papa, os assuntos da igreja ficam sob a responsabilidade do Cardeal Decano ou Camerlengo. É ele quem convoca o conclave, que significa “local para reuniões secretas” e reúne todos os cardeais da Igreja Católica no Vaticano. Eles ficam isolados em celas particulares e se reúnem na Capela Sistina duas vezes por dia para votar.

No primeiro dia, está prevista apenas uma votação. Nos seguintes, devem ser realizadas duas pela manhã e duas durante a tarde. Após três dias sem decisão, deverá ser feita uma pausa de um dia para oração e reflexões entre os cardeais. A pausa é seguida por sete votações. Caso não haja resultado, deve ocorrer um novo dia de pausa. A sequência pode ocorrer por mais três vezes.O novo Papa deve declarar o nome que ele escolheu como pontífice.

OUTROS PAPAS QUE RENUNCIARAM

A renúncia do Papa encontrou meio mundo de surpresa, mas já não é a primeira vez que acontece. O último pontífice a renunciar por vontade própria foi Celestino V, em 1294, após apenas cinco meses de pontificado.

Gregório XII abdicou a contragosto em 1415 para encerrar uma disputa com um candidato rival à Santa Sé. Outros  papas que renunciaram: São Ponciano, em 235; Silvério, em 537; João XVIII, em 1009; e Bento IX, em 1045.

Você pode também gostar de:

Leave a Comment

Propriedade da Sociedade do Notícias, SA

Direcção, Redacção e Oficinas Rua Joe Slovo, 55 • C. Postal 327

Capa da semana