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Não à “mentalidade da Guerra Fria” – BRICS exigem multipolaridade inclusiva

Por Idnórcio Muchanga

Realizou-se, semana passada, a XIV Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo dos BRICS. Os presidentes da China e da Rússia aproveitaram a ocasião para se distanciar de práticas ocidentais que consideram responsáveis pela crise económica em que o mundo se encontra. Xi Jinping insurgiu-se contra o que chamou de “mentalidade da Guerra Fria” e fez um apelo para que o mundo se oponha a sanções unilaterais de países que pretendem manter o seu poder político e militar. Vladimir Putin colocou a culpa pela crise que o mundo vive aos países ocidentais que, segundo ele, aplicam “acções egoístas” e “usam mecanismos financeiros para desviar seus próprios erros de política macroeconómica para o resto do mundo”. A realização da cimeira em si, num contexto em que o Ocidente pressiona os Estados para isolarem a Rússia, e a tónica nos discursos dos dois líderes enfatiza a ideia de que os BRICS exigem uma multipolaridade inclusiva.

BRICS é um termo cunhado a partir das letras iniciais do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, um grupo de países diferenciados mas que têm algo em comum: a oposição ao Ocidente, que tem dominado a ordem económica internacional, e a rejeição ao que consideram tentativa de “ingerência” ocidental nos assuntos internos de outros países. Quando as cimeiras de Chefes de Estado e de Governo iniciaram, em 2009, o grupo era composto pelos primeiros quatro países. No entanto, para se tornar mais inclusivo em termos continentais, a África do Sul foi convidada a aderir em 2010. A China (1), a Índia (2), o Brasil (6) e a Rússia (9) fazem parte do top-10 dos países mais populosos do mundo, mas também com maior massa territorial, ocupando respectivamente as posições 3, 7, 5 e 1. Os cinco países, juntos, são detentores de cerca de 25% do PIB mundial, 30% da massa territorial, mais de 40% da população e constituem, portanto, o maior mercado consumidor.

O termo BRICs, note-se o “s” minúsculo porque na altura não se incluía a África do Sul, é creditado ao economista Jim O’Neil que, em 2001, o terá usado para fazer referência ao Brasil, Rússia, Índia e China, quatro países que eram considerados emergentes, mas cujo potencial económico poderia superar as grandes potências mundiais num período de cinquenta anos. O termo começou, portanto, por ser usado pelos estudiosos de economia e cientistas políticos para fazer referência a um conjunto de países supostamente com características económicas comuns. No entanto, em 2006 o fórum oficializou-se quando os países em causa decidiram, durante a 61ª sessão da Assembleia-Geral das Nações Unidas, estabelecer contactos económicos conjuntos. As conversações ministeriais que se seguiram viriam a culminar na primeira cimeira de alto nível dos líderes daqueles países em 2009. A partir daí, os BRICS passaram a reunir-se anualmente. Leia mais…

Por Edson Muirazeque *
edson.muirazeque@gmail.com

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